Somos acusados, frequentemente, de indicarmos vinhos
impossíveis de encontrar.
Há, nestas queixas, um pouco de verdade e um pouco de tolice.
B&B não faz parte da crítica brasileira especializada em
indicar Malbec, Carmenere, Cabernet Sauvignon ou Merlot da importadora “X”, Sassicaia, Solaia da importadora “Y”, ou outras centenas de vinhos que todos já conhecem e beberam.
B&B pretende revelar ótimos vinhos, com um
custo/ benefício interessante e que revelem algo novo ao
paladar do enófilo brasileiro.
B&B não escreve para bebedores de etiquetas, para “Os Caçadores de Pontos Perdidos” e nem
que ser o milionésimo blog a comentar as qualidades do Petrus, Barca Velha, Vega
Sicilia, Ornellaia, Romanée Conti e outras garrafas carimbadas, manjadas e
falsificadas.
B&B que falar, por exemplo, do vinho, que estou bebendo
neste exato momento: “LATRICIÈRES-CHAMBERTIN GRAND CRU 1999” de
Louis Remy e que me custou 100 Euros.
Uma grana preta para os meus bolsos que raramente deixam nas
enotecas mais de 30 euros por uma garrafa.
Antes que a turma do “Tá vendo, tá vendo! Você também bebe garrafas
caras” me ataque, vou narrar o que aconteceu.
Aprendi, finalmente, uma coisa: Nunca trazer encomenda nem bancar
o eno-sacoleiro.
“Você vai para a Europa? Me traz uma
garrafa de Brunello Biondi Santi Riserva. Quando você chegar eu pago”.
Ai você, neste caso, eu, procura a garrafa, pesquisa o preço
em uma dúzia de enotecas, encontra o vinho, por nada desprezíveis 405 Euros (o
vinho custa mais de 430), compra, embala, reza para a garrafa não se espatifar
na viagem e, quando vai entregá-la, recebe a clássica pergunta: “Puxa, tudo isso?”.
Neste ponto o que faço? Mando o sujeito à merda ou eu vou?
Pois é...... Foi exatamente o que aconteceu com o “LATRICIÈRES-CHAMBERTIN
GRAND CRU 1999”.
No final de 2013, um vendedor de loja, ao qual revelei que
estava renovando o passaporte para viajar com Bacco para a França, pediu,
insistentemente, que eu trouxesse na mala 12 garrafas de Grands Crus da
Borgonha.
”
Tenho um cliente cheio da nota que precisa de algumas garrafas de prestígio
para o final do ano. O cara paga qualquer preço”.
Tanto encheu, tanto encheu que concordei, mas com uma
condição: “Vou
trazer, mas já vou avisando que triplicarei o preço da origem”.
“Não tem problema
o cara é riquíssimo e quer o vinho. Mais uma coisa: As garrafas devem ser de
safras diferentes e quanto mais velhas, melhor”.
O palhaço, eu, procurou, procurou, procurou e finalmente, em Morey-Saint-Denis,
na vinícola Louis Remy, encontrou exatamente o que o “riquíssimo” queria: 6
garrafas de Close
De La Roche Grand Cru e 6 de Latricières-Chambertin
Grand Cru das safras 1990-1995-1999-2000-2005-2009, embaladas em lindas
caixas de madeira.
Preço? Uma pela outra, depois de uma briga com o francês
(língua) e o francês (produtor), 100 Euros.
Rezando para não quebrar as garrafas, para não ser parado na
alfandega etc. etc. finalmente cheguei em casa.
“Fulano estou com a encomenda e não vou
triplicar o preço...750 cada garrafa tá de bom tamanho”
“Ótimo vou ligar para o cliente e passo
em seguida para pegar o vinho”
Meia hora depois..... “Olha, ele está viajando e só volta em janeiro”
“Mas o vinho não era para o final do
ano?”
“Sim, mas ele teve que viajar....vamos
esperar”
Janeiro, como todos os janeiros, chegou, mas o “riquíssimo”,
não.
“Olha eu liguei e ele garantiu que do
final do mês não passa”.
Chegou o final do mês e o “riquíssimo”, também.
Não sei quanto o vendedor pediu ao “riquíssimo”, mas sei que,
no final da história, o “riquíssimo” queria somente as garrafas de 1990-95-99.
Fiquei olhando durante longos meses para as duas caixas
pensando no riquíssimo, no vendedor, na mãe dos dois, até que.... “Quer saber duma coisa, vou beber todas”.
Comecei com Latricière 1990.
Ótimo Pinot Noir, perfeito, cor característica e aromas complexos,
importantes.
O 1999, detonado na companhia de Bacco, nos deixou
embasbacados: Os aromas iam mudando constantemente e seria uma temeridade
defini-los. Na boca potência e elegância dos taninos já domados, uma longa
permanência e um goudron impressionante.
O “riquíssimo, nunca saberá o que perdeu.
Os Pinot Noir, que comentei, não chegam, porém, na opinião do
Didu-Bilu-Tetéia, aos pés dos siderais produzidos pelo tormentoso Dani-Elle.
E por falar em Bilu & Dani,
acabei de ler o comentário do primeiro sobre o “Fantástico, excepcional, espetacular
emocionante” e por aí vai, Sauvignon Blanc, do segundo.
Aguardem minha crítica.
Muito bom ler o que escrevem,muito divertido,é realidade pura.
ResponderExcluirAbraço,
Roberto.
fazer favores é algo complicado... agora pelo menos tens vinhos excelentes a sua disposição !!!
ResponderExcluirFeno molhado? 1 hora de decanter? Camadas e mais camadas de evolucao?
ResponderExcluirEsta facil para voces. O Bilu Teteia precisa comer feno seco, que nao vem fermentado.
ódio da falta da palavra das pessoas, principalmente na Banânia... que tenha morrido bebendo algum vinho premiado brasileiro.
ResponderExcluirO Didu, não só sentiu aromas de charcuteria (embutidos) no tal sauvignon blanc, como teve ainda, a sensacional idéia de harmonizá-lo com uma linguiça especial!
ResponderExcluirVejam que interesante. Uma vinícola espanhola, produtora de vinhos bem caros, acabou de mudar de importadora e está mandando ver em "ações promocionais". Além da propaganda em vários blogs e degustações bocas-livre para blogueiros sedentos, parece que presenteou alguns deles com seu vinho básico para poderem falar bem em seus blogs completamente isentos. E tem gente que acredita nestes caras.
ResponderExcluirÉ tudo comprado, e por pouco. É só convidar para uma degustação que saem falando bem do vinho para serem convidados novamente, ou então, ganharem uma garrafinha brinde. Blogueiros baratos.
ExcluirQual a vantagem de comprar merda por preço bem acima de banana? KG de banana custa mais que aquilo.
ResponderExcluirMerda por merda vou no córrego perto de casa e abasteço minha adega. Esgoto de graça.
Agora serão vendidos a preços justos....rsrsrs.....
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