A vindima de 2014, até o presente momento, já está sendo considerada,
pelos viticultores, como uma das piores da década.
Quando um produtor admite, que a safra enfrenta problemas,
podem escrever: O vinho deixará muito a desejar.
Em meu último fim de semana, passeando pelas terras do Barolo,
pude constatar o desânimo que tomou conta de muitos viticultores.
“Choveu demais, não fez calor suficiente, o sol foi pouco. Eu nem lembro de quantas vezes tive que
pulverizar as vinhas”.
Esta queixa, de um amigo e produtor de Barolo, era repetida
por todos os outros viticultores.
A pá de cal, sobre a safra 2014, foi jogada por um dos maiores
e mais bem sucedidos produtores da região que encontrei, casualmente, na “Vinoteca Centro Storico” em Serralunga D’Alba.
Alessio, proprietário do wine bar, me apresentou o empresário.
Após os cumprimentos de
praxe, o meu novo conhecido, foi logo disparando; “Este
ano vamos desengavetar os concentradores…”
Vendo minha expressão de susto, continuou: “Tem colegas que apostam em dias de sol e estão
postergando a colheita. É uma aposta arriscada e se chover, como tem acontecido,
se perde tudo. Ontem, com a minha equipe, vindimei, transportei para a adega e
esmaguei o equivalente a 100.000 garrafas e ainda falta espremer uva para mais 500.000.
Em uma semana acabo. Já sei que o álcool não chegará aos 12º e então usarei o
concentrador e muitos farão a mesma coisa”.
Não adianta perguntar.... Não direi o nome do produtor e nem
revelar o nome do vinho das 600.000 garrafas, mas posso informar que a safra
será problemática para todos os brancos da região, para o Dolcetto e Barbera.
O Barolo (Nebbiolo), com sua casca mais grossa e vindima prevista
para outubro, sofrerá menos, mas esqueçam grandes garrafas.
O velho e bom concentrador, tanto amado pelos Parker, Michel
Roland e seus seguidores, está de volta......
Por falar em Roland-Lero o produtor, ao sabem de minhas
origens, perguntou se eu conhecia a Miolo.
Respondi, quase envergonhado, que infelizmente, sim.
Meu novo amigo continuou:” Certa vez um
grupo de viticultores participou de uma degustação às cegas. Havia produtos de
várias origens e nós deveríamos acertar os pais de produção. Aquele que errasse
deixaria disputa e o último ganharia o jantar. Muito bem todos foram excluídos
já no primeiro vinho. A garrafa era de um vinho brasileiro: “Lote 47 da Miolo”.
Corrigi a numeração e o piemontês continuou: “Sim, você tem razão, era Lote 43 e todos erramos quando o
classificamos como sendo de Bordeaux”.
Levei um susto e perguntei: “Era tão bom assim?”
“Não, era apenas regular. Afinal nem tudo em Bordeaux é excepcional.
Acontece que nunca pensamos no Brasil quando se fala em países produtores. O
que nos levou a pensar em um vinho bordalês foi o “estilo Michel Roland”: Vinhos
todos iguais, padronizados e sem personalidade”.
Olhei para o viticultor e desconfiado, pensei: “Esse cara andou lendo
B&B.......”
Aguardem: Já, já tem mais de Roland-Lero e Parker.
Uma pena em relação à safra desastrosa. E também em relação ao concentrador. Como ainda têm um destes? Não foram todos exportados para a Argentina e Chile?
ResponderExcluirAguardo as novidades sobre o Miguel En-Rolland e Peter Parker.
Salu2