Há que se admitir que a falta de seriedade, qualidade,
honestidade e transparência, nas indústrias vinícolas brasileiras, é compensada,
com sobras, pela grande capacidade marqueteira de nossos “vinicultores”.
No “polifêmico” mercado nacional quem tem um olho, mesmo com
catarata, rapidamente pode se transformar em um ídolo, respeitado, reverenciado,
seguido e quase nunca questionado.
Exemplo há aos montes e B&B não precisa lembrar todas as imbecilidades,
falsas informações, e sacanagens produzidas pelos (de)formadores de opinião,
crítico$, blogueiro$, a$$ociações que apoiam e incentivam, descaradamente os
oportunistas que gravitam ao redor do patético mundo do vinho no Brasil
Informar corretamente?
Nem pensar.
É mais fácil, conveniente e lucrativo concordar, elogiar,
promover, sempre.
Nosso mais novo marqueteiro é o cara muito
experto, competente e cheio de meias verdades e mentiras inteiras.
O cara,
assim como outro marqueteiro, aquele que adora TORMENTAS
e FULVIAS, sabe perfeitamente que há uma grande quantidade de eno-tontos
prontos para serem depenados.... prontos e desejosos.
Por que não satisfazê-los, então?
O começo é trabalhoso, mas muito lucrativo é o final.
Nosso mil-caras é um verdadeiro fenômeno.
Ao ser indagado, no Facebook, sobre um vinho francês que
ele venderá no Brasil, respondeu:
“"Ola Paulo , este vinho é fruto do meu
encontro com Bernard Hudelot em 2008 nas hautes cotes de nuits, onde decidi que
suas uvas eram e onde estavam espostas com o aquecimento global farão vinhos
similares aos de Corton Charlemagne onde temos também um solo de marga branca
do Jurasico superior. o Vinho é elaborado com o methodo ancestral e passa por
12 meses em barricas . Uma batonage lenta e depois uma assemblage para
constituir 228 litros desse vinho ou seja uma barrica que fica mais 6 meses
estagiando .é um vinho que ira abrir seus aromas terciarios apos 20 anos .”
Meu comentário:
Bernard Hudelot acha que o futuro da Borgonha será a Haute
Côte de Nuits?
Pode até ser, mas quando?
No ano 2380? 2701?
3010?
Por enquanto e há muitos séculos, a Côte de Beaune e a Côte de
Nuits continuam fazendo a festa...
A Haute Côte de Nuits produz alguns bons vinhos, mas sem
alcançar a qualidade excelsa (os preços, nem pensar....) dos Grands Crus ou dos
Premiers Crus da Côte de Nuits ou da Côte de Beaune.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado no Piemonte quando
falamos de vinhos do Roero e Langhe.
O Roero produz bons Nebbiolo, mas Barolo e Barbaresco estão
alguns degraus acima.
O cara, que chegou recentemente à Borgonha, vai além: Ele
decidiu que, com o aquecimento global, as uvas do Hudelot produzirão vinhos
similares ao Corton-Charlemagne.
Ninguém estará vivo, nem ele, para presenciar e confirmar sua decisão,
mas nosso herói antecipa o futuro e resolve, no Brasil, cobrar 100 Euro por uma
garrafa de Elefante branco.
Grande visão do cara.... Compra o vinho do Hudelot por 6 Euro (custa
12 Euro em qualquer loja) e vende no Brasil, para 300 idiotas por R$ 300.
Uma pequena advertência: O Corton-Charlemagne é um Grand Cru
que doa vinhos excepcionais.
Opulentos, mas elegantes e refinados, podem ser tranquilamente
comparados aos primos produzidos em outro mítico Grand Cru: Montrachet.
Estive, há quinze dias, na Borgonha e comprei duas garrafas do
excepcional Corton-Charlemagne, da “Domaine Chevalier Père et Fils”, por 75
Euro.
Mais algumas bobagens marqueteiras: Passar cera na no gargalo
não melhora a conservação nem o vinho.
Os vinhos da Romanée Conti usam a cápsula comum.
Os vinhos da Romanée Conti usam a cápsula comum.
A cera é uma tentativa de doar mais nobreza e importância a um
vinho não tão exclusivo, assim,
Esperar 20 anos para beber um vinho é uma temeridade quase
idiota.
O vinho pode não resistir e oxidar.
Muito mais fácil é comprar o vinho de velhas safras nas lojas especializadas,
restaurantes, enotecas ou seduzir o viticultor que normalmente estoca algumas garrafas,
de todas as vindimas.
O resto é conversa para enganar bobocas que fazem fila para
comprar um vinho comum por preço estratosférico.
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Vinho, safra de 2002, por 12,60 Euro na loja (R$ 38)
No produtor, no máximo 7 Euro (R$ 21)
e você fazendo fila para comprar por R$ 300?
Você merece....
Bacco
o que posso dizer... eu não canso de ler seus posts!
ResponderExcluirMas vc notou que esta matéria explosiva mereceu apenas o seu comentário?
ResponderExcluirE o velho esprit de corps .
Contar com a ignorância brasileira é fácil, ainda mais em assuntos ainda desconhecidos e cheio de afetação como o vinho.
ResponderExcluirPagar R$ 300 num Haute Cotes de Nuits é ridículo. Por R$ 98 reais é possível comprar um bom produtor aqui mesmo no Brasil, como Domaine Hervé Murat nesse link abaixo:
http://www.novafazendinha.com.br/descricao_produto.php?cn_vinho=2319
Pelos mesmos R$ 300, é possível achar, sem dificuldades e também no mercado nacional, premiers crus da borgonha - e isso até em importadores mais conhecidos (e por isso mais caros) como a Mistral.
É triste, mas Roberto Campos estava certo ao dizer que "a ignorancia no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor!"
vai saber, acho que muita gente gastou 300 mirréis por aí! rs.
ResponderExcluirMuito boa a matéria.
ResponderExcluirMas mudando o assunto de "caras" estranhos para verdadeiros franceses, um amigo foi com uma lista de encomendas minhas na Nicolas em Versalhes, dentre as quais algumas de suas indicações do Jean Raphet e ele me contou que na loja (além de ficarem surpresos por um estrangeiro conhecer esse produtor, dentre outros que listei rsrs), falaram em preços muito maiores do que aqueles mencionados em sua postagem. Será que eles se equivocaram ou as lojas estão cobrando um ágio muito alto?
Abraços
B&B sempre procura revelar produtores válidos , corretos fugindo das figurinhas "carimbadas".
ExcluirAs lojas , quase sempre, dobram o preço do produtor. Melhor seria ir pessoalmente até o Jean Raphet. Raphet, após o terceiro copo faz qualquer negócio . Se o pagamento for em dinheiro vivo, então......
Obrigado Bacco e Bocca. Ainda vou tentar, então, ir pessoalmente até Jean Raphet, mas pode demorar um pouco. Mas isso me lembrou de outra questão: em grande parte das vinícolas maiores no Chile, Argentina e mesmo no Brasil, ao contrário dos pequenos e verdadeiros produtores como Raphet, o preço das garrafas custa mais caro do que no mercado. Algo incompreensível, ou na verdade, compreensível porque tem gente que paga.
ExcluirOs caras caem fácil em alguém com sotaque, que apresenta vinhos feitos de forma natural (mesmo?) e que dizem fugir do que é encontrado no mercado. E ainda tem um monte de gente que dá suporte a eles. Depois, disso, é cobrar 300 mirréis e partir para o abraço.
ResponderExcluirSalu2,
Jean
Mais um picareta. Patética a falta de cultura do Brasileiro, e a disposição em gastar tanto dinheiro numa garrafa de vinho, sem o mínimo de pesquisa e conhecimento. As coisas estão dessa maneira porque tem trouxa disposto a pagar.
ResponderExcluirOlha não é defender.
ResponderExcluirMas acho que compra quem QUER, não é mesmo?
Eu posso concordar, e como não poderia convivendo com tantos franceses em SP, marketeiros e comerciantes no final que já tem seu próprio ``jeitinho franc-brazyleiro`` de ser, porque sabem bem como é só usar o SOTAQUE para que o brazyleiro abra as... É assim, todos sabem, e sempre será.
Minha irmã passa o ano inteiro em Montreal, quando vem ao Brazyl, é tratada como uma deusa! Ela é apenas uma antropóloga que trabalha e mora em Montreal e até onde sabemos não deixou de ser brazyleira, e até onde sabemos aqui ela morreria de fome como socióloga ou dando aula de história quem sabe em alguma universidade... mas é tratada como quem detém um título de nobre! Vamos chorar? Vamos rir? Vamos culpar quem por esse processo de idiotice? Vou chamar minha irmã de vaca porque ela tem culpa de chegar aqui até gostando da bajulação garantida que dão a ela? que dever ela teria de não gostar? bajula quem quer! é isso que vivo dizendo...
e ainda convivo menos a cada dia com os franceses que são imbecis pois se não os suporto eu não os bajulo, pois juntar a arrogância aí com o ``jeitinho brazyleiro`` é que fica insustentável!
Mas quanto ao Jean, não é defender, mas acho que pesa muito esse jeito de acusa-lo por cobrar o quanto quer pelo fruto do seu trabalho. Eu trabalho com ele fotografando, certo? alguns sabem, e acho que eu não gostaria que alguem viesse apontar o meu trabalho desvalorizando, dando o preço que acha que ele vale, e me desclassificando por exemplo, de picareta, e sem realmente conviver comigo, e saber realmente sobre mim. Ele plantou e esta comercializando, negocia quem QUER, ou se não paga, se tiver umas dilmas a mais sobrando na carteira.Oras... eu talvez esteja fazendo uma comparação desleal para alguns? mas realmente, não sou muito comercial, sou artista, sabe? e nao gosto mesmo que desvalorizem o que fiz com suor e paixão mesmo que tenha sido com um equipamento arcaico, mas tambem, vejo o mundo comercial oposto a isso. Que se mede por números, por finanças, por distração, e não por paixão. Esta em cada um buscar o conhecimento, pois os interesses? sempre existiram...e desde que o mundo é mundo! Uma coisa é certa, compra quem pode! Quem NAO PODE como eu, pobre como eu , estuda, valoriza para analisar se vai ou nao comprar... é isso.
Desculpem a todos se não gostarem da minha opiniao, mas é como eu sou, e não poderia deixar de comentar, se estava com vontade depois de ler...enfim!
Nádia.