vc aceitaria fazer
este curso para mim e uns (poucos) amigos? Pagaríamos as duas garrafas de
Taittinger com o maior prazer!! Abraços e parabéns pelo blog, a cada dia
melhor!!
Recebi o comentário acima, inserido na matéria “OS PROFISSIONAIS”, há alguns dias, mas
esqueci em casa meu computador e, durante minha enésima viagem pela Borgonha,
não pude responder.
No post, “OS PROFISSIONAIS”,
comentava que ao perceber a total ignorância dos vendedores de uma grande revendedora,
que nem sabiam pronunciar corretamente o nome dos vinhos da Borgonha, havia
proposto uma "aula" sobre a região francesa.
Nada profundo, complexo, apenas algumas pinceladas para livrar
os vendedores do ridículo.
Em troca e pelo tempo que perderia (e como....), havia exigido,
a título de pagamento, duas garrafas de Champagne.
Foi melhor não responder imediatamente ao post, pois um amigo
enviou uma mensagem que servirá como resposta e alertará os caros leitores
sobre mais uma picaretagem que se aproxima celeremente dos incautos enófilos
brasileiros.
Nelson Rodrigues, nos anos 60, dizia que “Brasileiro
Tem Complexo de Vira-Latas”.
Mais de meio século se passou e os enófilos brasileiros
continuam mais vira-latas que nunca.
Basta aparecer um espertinho, um cara de pau, um falso expert de
vinho com nome estrangeiro (melhor se francês ou italiano), que os critico$,
blogueiro$, jornalista$, AB$, A$BAV etc. azeitam a coluna para poder dobrá-la
com maior facilidade e desenvoltura.
Um dos últimos espertinhos, que descobriu o Brasil dos eno-tontos,
foi o piemontês Enrabachino que, pasmem, já fez escola e despertou a carteira
adormecida e sedenta do um acrobático franco (mas não muito) brasileiro: Cara
(de pau?).
O Cara é um cara com muitas caras.
Era proprietário de um restaurante na desconhecida e longínqua
Ourinhos quando seu meio sangue francês falou mais alto.
Abandonou as panelas interioranas
e as padarias onde ministrava cursos ao descobriu, como anteriormente
acontecera com o famoso ex fotógrafo Dani-Elle, que havia dentro “dele”,
adormecido, um produtor de vinho (mais um...).
O “chef”, já distante do fogão, abraça as taças e se transforma em um sommelier.
Passo seguinte: Encontrou na vinícola Larentis o parceiro
ideal (mais uma semelhança com o ex-fotografo que encontrou vinhas e cachos na Lidio
Carraro) e partiu para a produção de vinhos.
Mas o horizonte do cara não podia se limitar apenas nas
colinas e vinhas gaúchas; era preciso ir além, muito além.
O cara resolveu, então, conquistar a Borgonha e se mandou com
todas suas caretas para Beaune .
Um elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam
muito mais....
Cansado, do seu elefante vermelho, o chef, sommelier, guia
turístico, “COPONE” (consultor de porra nenhuma), voltou para o Brasil com
algumas centenas de garrafas de vinho branco da “Haute Côte de Nuits”.
O nosso chef, sommelier, Copone, guia turístico, produtor e
importador de vinhos, “professor” palestrante, etc. etc. etc. etc. etc. etc.
lacrou pessoalmente as preciosíssimas garrafas e as está vendendo por módicos
R$ 300.
Nas horas vagas o cara
ainda tem fôlego para ministrar, Brasil afora, curso de três horas e meia sobre
a Borgonha cobrando modestíssimos R$ 350.
UFA!!!!!!!
Antes de terminar a primeira parte, em que analisei a
fenomenal versatilidade do cara mais eno-turbinado do Brasil(França?), devo
confessar que preciso tirar o chapéu para a incrível cara de pau do nosso mais
novo fenômeno que conquistou, pasmem, a Borgonha.
Leiam o fantástico currículo.
Consultor
RELATIONS BRASIL
BOURGOGNE
janeiro
de 2010 – Presente (3 anos 11 meses) BEAUNE
Empresa
privada; 1-10 funcionários; Setor de Vinhos e destilados
janeiro
de 2009 – Presente (4 anos 11 meses) Bourgogne, França
Consultor Château de Villars Fontaine
janeiro de 2009 –Villars Fontaine Bourgogne
Vinho de longa guarda da
Bourgogne
Consultor Enogastronômico Jean Claude Cara
2007 –Beaune
Dionísio
O problema é que tem trouxa para sustentar estas coisas. Aliás, veja o comentário que vi em uma loja virtual de vinhos [ou seria loja de vinhos virtuais?] sobre um Klein de Constantia Vin de Constance:
ResponderExcluir"Um verdadeiro néctar. Ouro profundo com nariz rico e abundante: açúcar, cevada doce, tangerina, casca de laranja, almiscarado, delícias turcas, notas florais, lichia, caramelo e uma noz ressacada. Em boca é vibrante, cremoso, maduro, doce, meloso, pêssego. Acidez equilibrada, muito longo, intenso. Atingiu a perfeição com bleu d'Auverge, gorgonzola dolce e doce de leite".
Incrível como o cidadão detecta tudo no vinho. Impressionante. Deve ter feito um curso de sommerdier, não há duvida. :)
Salu2
Jean
Veja esta pérola então, cidadão:
ResponderExcluir"A degustação será abordada sob o ponto de vista técnico e hedônico, e correrá às cegas com decantação prévia em taça ISO".