Na matéria anterior me limitei a comentar o Cortese como casta.
Gostaria, agora, de escrever algo mais sobre o grande vinho piemontês,
a DOCG “GAVI” e seus produtores.
Gavi e outras 10 cidades da região, compõem o território onde
é permitida a denominação: GAVI.
Gavi, cidade localizada no sul do Piemonte, na província de Alessandria,
doa, desde 1998, seu nome à prestigiosa DOCG.
O Cortese faz parte da historia deste território desde a idade
média, mas somente no final do século XVII a casta “Cortese” é claramente
citada e encontrada em livros.
O vinho da região nunca mereceu grandes atenções por parte dos
viticultores locais que privilegiaram, sempre, a quantidade em detrimento da
qualidade.
A enorme produção local era consumida, como vinho de mesa, nos
bares e restaurantes da vizinha Ligúria e as grandes vinícolas (Martini & Rossi,
Cinzano, Gancia) compravam boa parte do Cortese para produzir espumante e
utilizá-lo como base para o Vermouth.
A CORTESE , assim como outras grandes uvas brancas italianas (Garganega,
Verdicchio), estava fadado a ser vinho barato ,de “combate” e inundar as
prateleiras dos supermercados.
No final dos anos 60 alguma coisa mudou: As grandes vinícolas
deixaram de comprar o Cortese, pois haviam encontrado nova fonte de abastecimento,
com melhores preços, no Oltrepò Pavese.
Algumas cabeças mais esclarecidas decidiram que algo precisava
ser feito.
Perceberam os desmandos e a quase irresponsabilidade que
cercava a vinificação do CORTESE
e chegaram à conclusão que tudo deveria mudar.
Novos clones são selecionados e plantados nos melhores terrenos,
a exposição solar é a correta, a quantidade de uva colhida diminui drasticamente,
a colheita é mais cuidadosa e..... Em 1974 nasce a DOC e em 1998 a DOCG.
Hoje o GAVI
é vinificado somente com uvas Cortese provenientes de vinhas plantadas em uma
área de 1.075 hectares, área esta que se espalha por 11 municípios da região.
200 são os viticultores, 64 as vinícolas engarrafadoras e 8
milhões são as garrafas anuais.
O GAVI
a partir dos anos 70 conheceu, então, o sucesso, a fama mundial e fez a fortuna
de inúmeros produtores.
Quem acha que somente no Brasil há predadores vinícolas está
redondamente enganado: Na Itália dos vinhos, também, circulam com desenvoltura
produtores iguais aos Miolos, Saltons,
Carraros, Geisses, Galvões Buenos etc.
Os predadores italianos , assim como os nossos gaúchos , estão
mais preocupados com lucros e contas bancárias do que seriedade e visão de
longo prazo.
Quem pensou em Antinori,
Banfi, Frescobaldi não deve esquecer, por exemplo, a piemontesa “La
Scolca”.
Na próxima matéria: Como quase se destrói uma denominação
Bacco
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