Uma feliz coincidência!
Esper, enófilo e amigo, comentou que as “Langhe” produziam,
também, bons brancos.
Discordei.
As colinas de Barolo, La Morra, Monforte, Serralunga,
Castiglione Falletto, Barbaresco, Neive, Treiso etc. foram e são, desde sempre,
terras de grandes tintos.
Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto atingem, nesta região,
seu ponto máximo de qualidade.
Brancos?
Apenas o Moscato, já na divisa de Mango e o “Astigiano”,
merece ser citado como grande uva.
Arneis, Favorita nunca
superaram a condição de medianas e as castas francesas (Chardonnay, Sauvignon,
Viogner etc.), presentes (nunca entendi porque) nas “Langhe”, são plantadas, em
sua esmagadora maioria, em terrenos fracos e não apropriados para doar grandeza
aos tintos; terrenos mais indicados para cultivo de batatas.
O Piemonte produz alguns bons vinhos brancos, mas nenhum
excepcional.
Os bons brancos são provenientes das castas Cortese e Timorasso da província de Alessandria e
Erbaluce
da província de Torino.
Enquanto o Chardonnay é vinificado há quase 1.000 anos na
Borgonha as castas brancas piemontesas somente em tempos recentes mereceram uma
atenção maior por parte dos viticultores regionais que sempre privilegiaram as
tintas.
Não viverei o suficiente para acompanhar a evolução, por
exemplo, do Timorasso, mas posso prever que esta casta terá um futuro
promissor.
O Cortese, que se adaptou
maravilhosamente em Gavi e nos outros 10 municípios que fazem parte da DOCG
(desde 1998), é outra casta que poderá fazer história.
Quando afirmo que as castas italianas são “recentes” me refiro
apenas à descoberta de suas reais potencialidades.
O Cortese, por exemplo, era
conhecido já na idade média, mas somente no século XVII há notícias concretas
sobre sua presença e qualidades.
O “BOOM” do Gavi se deu no início dos anos 90 quando este vinho conheceu, finalmente, a fama.
A fama , como sempre acontece, trouxe, também, a ganância.
Animados, com o sucesso mundial do Gavi, os vinicultores privilegiaram
preço (um “Gavi di Gavi La Scolca”, nos anos 90, custava mais do que um bom
Barolo) e quantidade relegando a qualidade a um segundo plano.
Resultado?
O Gavi deixou de ser o vinho da moda e voltou a um injusto
quase esquecimento.
Restou a lição: Não é fácil, em 10-20 anos, transformar um bom
vinho branco em um, por exemplo, “Bâtard-Montrachet”.
Uma rápida, meteórica e fulminante ascensão é apenas
privilégio dos os vinhos de Marcos Danielle.
Marcos Danielle e seu fiel Sancho Pança Didu-Bilu-Tetéia, com
um Pinot Noir gaúcho, conseguem, em apenas três anos, superar a qualidade dos
consagrados primos da Côte D’Or.
Na próxima matéria revelarei a descoberta de dois incríveis vinhos
produzidos com a uva “Cortese”: “Ciapon” e “Fornaci di Tassarolo”
Bacco
não vá esquecer do fim da saga do Dent de Chien, Bacco!
ResponderExcluirEduardo, não esqueci....Está no forno. Minha maneira de comentar è um pouco longa e muitas vezes pode entediar, daí o espaço
ResponderExcluirsua maneira de comentar não é nada entediante, meu caro. longe disso: é uma delícia.
Excluirestou com uns 400 textos da encarnação anterior de B&B, vocês querem?