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segunda-feira, 10 de setembro de 2018

LÁGRIMA CANELA


 


Já pediram, inúmeras vezes, que publicássemos a lista dos “nossos melhores vinhos do mundo”.

Já afirmei que é impossível elencar pela simples razão que, se continuamente provamos novos vinhos, a lista de setembro, provavelmente, não será a mesma em dezembro.
 
 
 
 

Eu tenho meus favoritos, não nego, mas a fila anda e as experiências, idem.

Neste longo final de semana, uma extensa lista de vinhos......

Da longa lista gostaria de comentar três garrafas rigorosamente degustadas às cegas.

Um caro amigo, que há muito tempo teima em testar minhas preferências, meus conhecimentos e meu saco, compareceu, ao almoço dominical, com uma garrafa perfeitamente envolta e camuflada em papel alumínio.

Com cuidados extremos cortou a capsula, extraiu e embolsou a rolha e serviu o vinho.
 

Dourado intenso, manteiga em excesso, madeira, idem, álcool para ninguém botar defeito…. Não tive dúvidas e arrisquei “ É um Chardonnay que imita os franceses (para variar...). Sul-africano? Sul-americano?  

Errei!

O “Lágrima Canela” Bressia falava espanhol, mais exatamente “argentino” e, além da Chardonnay, fora vinificado com Semillon.

O amigo garantiu que o “Lagrima Canela” foi considerado um dos três melhores brancos da Argentina e que não custara nada barato: R$ 360.
 

Um preço salgado, ao meu ver, para um vinho untuoso, opulento, com madeira em excesso e que, com seus 14.5º de álcool, não era um convite para mais de uma ou duas taças.

Já bebi melhor e bem mais barato, inúmeras vezes.

O “Lágrima Canela” conseguiu uma proeza: Me afastar, ainda mais, dos vinhos argentinos.

Eu apresentei, para degustação, uma segunda garrafa, também, cuidadosamente envolta em sacos plásticos.

A cor, amarelo-esverdeada, menos intensa do que a “Lágrima Canela”, já deixava transparecer se tratar de um vinho menos opulento, menos mastigável, mais leve.

Um dos convivas não pensou muito e, após uma prolongada cheirada e um pequeno gole, disparou “Francês da Borgonha”.

Dei uma bela risada e desvendei o “mistério”: “Don Luis Chardonnay da chilena Cousiño Macul”.
 
 

Um grande vinho?

Não, mas uma bela interpretação de Chardonnay que confirma a “supremacia” dos vinhos chileno sobre os argentinos.

Já os Chardonnay da “Tarapacá” me haviam impressionado e agora, o “Don Luis”, com seu frescor, aromas cítricos, sem pesados excessos amanteigados ou amadeirados, é um vinho que se aproxima claramente aos primos franceses, não aos TOPS, mas às garrafas médias e de boa qualidade.

O “Don Luis” reserva é uma bela surpresa que recomendo e que paguei R$ 39.

Se pensarmos nos R$ 360 do “Lágrima Canela” ou nos R$ 250 de um Petit Chablis, de 3ª categoria, o “Cousiño Macul por R$ 39 é quase de graça.

O Robert Bic deve ter recebido uma boa grana da vinícola argentina para “doar” 92 pontos ao “Lágrima Canela”.
 

Seguindo o mesmo critério “parkeriano” vou pontuar o “Don Luis com 112.

 Na próxima matéria comentarei um Corton-Charlemagne e já estou preocupado: Se o Roberto Bic deu 92 pontos para o “Lágrima Canela” quanto merecerá o Grand Cru de Aloxe-Corton?
 

Alguma sugestão?

Bacco

12 comentários:

  1. Bacco, há muito estava afastado dos vinhos argentinos. Mas, preciso confessar, nos últimos tempos provei alguns tintos surpreendentes (lembro agora do finca La Escuela e do Zuccardi Concreto). Pelo que li, está em curso na terra dos hermanos uma intensa pesquisa por microterroirs e sua expressão e uma tendência de uso mais moderado da madeira e expressão mais livre da acidez. Não consegui acreditar que eram argentinos.

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  2. Os argentinos devem ter percebido, mesmo que tardiamente, que o gosto parkeriano está moribundo , então..... Uma pergunta: Qual o preço dos vinhos mencionados?

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    1. Segundo o amigo recém chegado de Buenos Aires, que abriu-os em um jantar na sua casa: Finca la Escuela em torno de R$ 75,00 e Zuccardi Concreto em torno de R$ 120,00 (preços de Buenos Aires). Li algo no sentido de que o objetivo do Concreto era "eliminate sweetness", auspicioso em termos de diretriz enológica. Não sei se há importadores brasileiros. Abraços

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    2. o Zuccardi é vendido pela Grand Cru no Brasil, por volta de R$ 350

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    3. Acho que nem pela metade desse preço compraria em uma importadora brasileira. É preciso muita coragem para encarar: condições de conservação dos vinhos para lá de duvidosas, produtos anunciados que não estão no estoque, logística de entrega surreal, venda de dados dos clientes para bancos de dados e por aí vai...

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  3. Bacco e Dionísio, o Faisão Dourado lançou vinho?

    https://www.evino.com.br/product/faisan-d--o-blanc-2016-94681.html

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  4. Encontrei o Don Luís na superadega.com. Aproveitei a dica e peguei logo 3 garrafas. Além delas pedi dois outros Chardonnays chilenos para experimentar: um da Emiliana e outro da Casas Del Bosque. Realmente os vinhos brancos chilenos, principalmente da região de Casablanca, possuem boa qualidade e preço muito menor que nossos "quase vinhos".

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  5. O Chardonnay Reserva da Casas del Bosque é muito bom pelo que custa, acho que paguei menos de 60 reais da última vez.

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  6. O Don Luís comentei em outro post (mas adianto que agradou bastante). O Casas Del Bosque vai mais para o lado da mineralidade, com ótima acidez e sem qualquer traço enjoativo dos amanteigados. Vale muito a pena se encontrado com bom preço.

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