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domingo, 28 de setembro de 2014

PAIXÃO




Das três, uma:
1ª O Didu-Bilu-Teteia não entende nada de vinho
2ª É um desonesto intelectual  3ª É sócio do Dani-Elle.

Somente adotando uma das três hipóteses é possível digerir o texto abaixo
 
 

continuo achando os vinhos do Marco Danielle espetaculares. Continuo achando que o jornalismo do vinho não lhe dá o devido valor. Continuo achando que sua seriedade no que faz é exemplo e continuo achando que se ele fosse menos esquisito (adoro esquisitos, diga-se, tenho muitos amigos esquisitos…), seria melhor para o Atelier Tormentas e seus fantásticos vinhos.

Eu continuo achando que o Didu-Bilu-Teteia é apaixonado pelo Dani-Elle. Somente uma paixão avassaladora pode levar alguém a achar   que a seriedade do Dani-Elle é proverbial.

Nosso seríssimo produtor vinícola, embalado, afirma:

 “Nossos vinhos são produzidos de forma artesanal, em quantidades muito pequenas.....”

Nosso gênio vinícola possui o dom da palavra fácil, mas nem sempre é verdadeira.


A “forma artesanal” na produção vinícola do Dani é tão verdadeira quanto a probidade do Maluf.

 Dani, o “artesanal” vinifica   nada menos que 11 castas.

  Pinot Noir, Tannat , Merlot , Alicante Bouschet , Cabernet Sauvignon, Arnoison (complicação típica danielliana para uma uva da família do Chardonnay) Sauvignon Blanc, Teroldego , Barbera, Serprino (outra complicação daniellana : O Serprino é da família da Glera, uva mãe do Prosecco), Cabernet Franc.

Quem vinifica 11 uvas, quase todas compradas de terceiro, não poderia e nem deveria se autoproclamar “artesão”.

Quem trabalha assim está louco para se transformar em um grande industrial.
 
 

Para conseguir dar o salto falta apenas um sócio financiador; lábia, o Dani-Elle, já tem e de sobra.

O Bilu-Didu-Teteia com muito “ARS ARDOR” e pouco “HONOR” continua  

 

Ganhei dele esta garrafa de Sauvignon Blanc e deixei descansar um mês e ontem foi o dia de prová-lo com meu ex-segundo degustador, Ramatis Russo, meu filho nobre. Decantamos uma hora e servimos.

Descansar um mês?

Decantar, por uma hora, vinho branco gaúcho?

Só falta, agora, o Bilu-Didu-Teteia decantar uma garrafa de Mioranza branco suave.
 

ADORAMOS!!!! Tinha mim uma lamparina discreta, uma calda de doce de abóbora, um feno velho molhado e isso tudo um pouco abaixo do cítrico de limão siciliano e do capim molhado mais comum do Sauvignon Blanc

A lamparina do Didu-Bilu-Teteia deveria iluminar sua cabeça de abobora e cheia de capim
 

ADOREI Marco Daniele. O vinho tem personalidade e originalidade além de puro. Tudo o que procuro num vinho, me emocionou

Não falei? Finalmente o Didu-Bilu-Teteia se revelou:

É adoração! É paixão pura!

Depois, com a evolução que não parava, veio um incrível aroma de miúdos grelhados, notados pelo Ramatis. Não resistimos e pedimos uma linguiça de Pato (você já provou a linguiça de Pato da Enoteca Saint Vin Saint?…), e não deu outra. Era isso mesmo, show!
 

O vinho deverá entrar para comercialização em outubro segundo o site do Marco Danielle. sugiro uma visita ao site do Tormentas, há coisas bem interessantes lá, inclusive depoimentos de pessoas de respeito no mercado. Recomendo

É sempre a mesma ladainha: O Dani-Elle lança um produto, manda uma garrafa para seu apaixonado crítico que, com seu grande conhecimento e total isenção, recomenda o vinho.
 

Pergunto: Com o modelo de crítica, acima, é possível pensar que, um dia, nosso mundo vinícola sairá da mediocridade?

Respostas serão bem vindas.

Dionísio

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

ENO SACOLEIRO


 


Somos acusados, frequentemente, de indicarmos vinhos impossíveis de encontrar.
 

Há, nestas queixas, um pouco de verdade e um pouco de tolice.
 
 
 

B&B não faz parte da crítica brasileira especializada em indicar Malbec, Carmenere, Cabernet Sauvignon ou Merlot da importadora “X”, Sassicaia, Solaia da importadora “Y”, ou outras centenas de vinhos que todos já conhecem e beberam.

B&B pretende revelar ótimos vinhos, com um

custo/ benefício interessante e que revelem algo novo ao paladar do enófilo brasileiro.

B&B não escreve para bebedores de etiquetas, para “Os Caçadores de Pontos Perdidos” e nem que ser o milionésimo blog a comentar as qualidades do Petrus, Barca Velha, Vega Sicilia, Ornellaia, Romanée Conti e outras garrafas carimbadas, manjadas e falsificadas.

B&B que falar, por exemplo, do vinho, que estou bebendo neste exato momento: “LATRICIÈRES-CHAMBERTIN GRAND CRU 1999” de Louis Remy e que me custou 100 Euros.
 

Uma grana preta para os meus bolsos que raramente deixam nas enotecas mais de 30 euros por uma garrafa.

Antes que a turma do “Tá vendo, tá vendo! Você também bebe garrafas caras” me ataque, vou narrar o que aconteceu.

Aprendi, finalmente, uma coisa: Nunca trazer encomenda nem bancar o eno-sacoleiro.

“Você vai para a Europa? Me traz uma garrafa de Brunello Biondi Santi Riserva. Quando você chegar eu pago”.
 

Ai você, neste caso, eu, procura a garrafa, pesquisa o preço em uma dúzia de enotecas, encontra o vinho, por nada desprezíveis 405 Euros (o vinho custa mais de 430), compra, embala, reza para a garrafa não se espatifar na viagem e, quando vai entregá-la, recebe a clássica pergunta: “Puxa, tudo isso?”.

Neste ponto o que faço? Mando o sujeito à merda ou eu vou?

Pois é...... Foi exatamente o que aconteceu com o “LATRICIÈRES-CHAMBERTIN GRAND CRU 1999”.

No final de 2013, um vendedor de loja, ao qual revelei que estava renovando o passaporte para viajar com Bacco para a França, pediu, insistentemente, que eu trouxesse na mala 12 garrafas de Grands Crus da Borgonha.

Tenho um cliente cheio da nota que precisa de algumas garrafas de prestígio para o final do ano. O cara paga qualquer preço”.

Tanto encheu, tanto encheu que concordei, mas com uma condição: “Vou trazer, mas já vou avisando que triplicarei o preço da origem”.

Não tem problema o cara é riquíssimo e quer o vinho. Mais uma coisa: As garrafas devem ser de safras diferentes e quanto mais velhas, melhor”.

O palhaço, eu, procurou, procurou, procurou e finalmente, em Morey-Saint-Denis, na vinícola Louis Remy, encontrou exatamente o que o “riquíssimo” queria: 6 garrafas de Close De La Roche Grand Cru e 6 de Latricières-Chambertin Grand Cru das safras 1990-1995-1999-2000-2005-2009, embaladas em lindas caixas de madeira.

Preço? Uma pela outra, depois de uma briga com o francês (língua) e o francês (produtor), 100 Euros.

Rezando para não quebrar as garrafas, para não ser parado na alfandega etc. etc. finalmente cheguei em casa.

“Fulano estou com a encomenda e não vou triplicar o preço...750 cada garrafa tá de bom tamanho”

“Ótimo vou ligar para o cliente e passo em seguida para pegar o vinho”

Meia hora depois..... Olha, ele está viajando e só volta em janeiro”

“Mas o vinho não era para o final do ano?”

“Sim, mas ele teve que viajar....vamos esperar”

Janeiro, como todos os janeiros, chegou, mas o “riquíssimo”, não.
 

“Olha eu liguei e ele garantiu que do final do mês não passa”.

Chegou o final do mês e o “riquíssimo”, também.

Não sei quanto o vendedor pediu ao “riquíssimo”, mas sei que, no final da história, o “riquíssimo” queria somente as garrafas de 1990-95-99.

Fiquei olhando durante longos meses para as duas caixas pensando no riquíssimo, no vendedor, na mãe dos dois, até que.... “Quer saber duma coisa, vou beber todas”.

Comecei com Latricière 1990.

Ótimo Pinot Noir, perfeito, cor característica e aromas complexos, importantes.
 

O 1999, detonado na companhia de Bacco, nos deixou embasbacados: Os aromas iam mudando constantemente e seria uma temeridade defini-los. Na boca potência e elegância dos taninos já domados, uma longa permanência e um goudron impressionante.

O “riquíssimo, nunca saberá o que perdeu.

Os Pinot Noir, que comentei, não chegam, porém, na opinião do Didu-Bilu-Tetéia, aos pés dos siderais produzidos pelo tormentoso Dani-Elle.
 

E por falar em Bilu & Dani, acabei de ler o comentário do primeiro sobre o “Fantástico, excepcional, espetacular emocionante” e por aí vai, Sauvignon Blanc, do segundo.

Aguardem minha crítica.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PARKER, QUEM DIRIA....


 


Anda lendo, às escondidas, B&B.

Explicando: Há mais de 10 anos e sistematicamente, elogio os vinhos de meu amigo Gian Alessandria.

 

Ante que a turma “dasbocaslivresepropinas” se excite e me condene é preciso salientar que me tornei amigo, aliás, muito amigo, de Gian Alessandria depois de provar seus grandes vinhos e não antes.

Quando algum vinho me impressiona não penso duas vezes e procuro conhecer o produtor.

Foi assim com Martinelli, Capellini, Mariotto, De Andreis, Bosticardo, Capanna, Settimo, Sobrero e muitos outros.

Nem todos se tornaram amigos, como Martinelli e Alessandria, mas todos aqueles que visito, pessoalmente, são produtores sérios e competentes.
 

Gian Alessandria, apesar de suas terras se estenderem quase totalmente em Verduno, aldeia que não faz parte da “nata” do Barolo (Barolo, La Morra, Serralunga, Monforte e Castiglione), possui vinhas excepcionais.

De suas parreiras nascem Pelaverga e Barbera de primeiríssima qualidade e na colina de “MONVIGLIERO”, Gian colhe as uvas que se transformam nas oito mil garrafas de seu ótimo “Barolo Monvigliero”.
 

Todos os Barolo do Alessandria, o base, o Gramolere, o San Lorenzo, são excepcionais, mas o Monvigliero sempre foi meu preferido.

Quem acompanha B&B deve ter lido inúmeros elogios que escrevi sobre os vinhos de Gian Alessandria, mas quem quisesses prová-los, ou comprá-los, precisaria visitar o produtor em Verduno ou as enotecas de Alba e região.
 

A partir deste ano não mais será necessário viajar para o exterior para beber os vinhos do Alessandria: A importadora “Nova Fazendinha” fechou contrato com a “Fratelli Alessandria” para fornecimento de 1.200 garrafas de Barolo Monvigliero 2010.

Qual a razão do súbito interesse?

A Nova Fazendinha finalmente se “rendeu” às sugestões de B&B?

Nada disso..... A Nova Fazendinha leu, em algum canto, que os meninos do Robert Parker concederam 96 pontos ao Barolo Monvigliero 2010.
 

Voilà !!!!!!

 Agora, sim, depois da benção “parkeriana”, o Monvigliero pode receber seu passaporte e ingressar nas seletas e sofisticadas taças brasileiras.

O mundo é cheio de eno-babaca.

Foi preciso o “sim” do Parker para despertar o interesse dos importadores nacionais pelas ótimas garrafas da vinícola de Verduno.

Para que se tenha uma ideia, da quantidade de eno-idiotas que há, espalhados pelo mundo, revelo um dado: O Gian Alessandria já não tem mais nem uma garrafa de Monvigliero 2010 para vender.

Se fosse o famoso e malandro produtor de Barolo que, ao receber “Tre Bicchieri” da Gambero Rosso,  vendeu muito mais daquilo que havia produzido e para faturar mais comprou 10.000 litros de Barolo da cooperativa “Terre del Barolo”, engarrafou com suas etiquetas e ganhou, sem suar, uma grana preta com a idiotice dos “guias-dependentes”, o Alessandria , também, se daria bem.

 Alessandria é um vitivinicultor sério, correto, honesto e jamais faria uma falcatrua como esta.

 Se eu fosse o Gian, juro que faria, filmaria toda a picaretagem e depois publicaria só para ver a cara dos eno-panacas que somente bebem aquilo que é altamente pontuado.

É bom lembrar que, muitas vezes, não é o caso do Alessandria, os pontos são comprados descaradamente.
 

Bacco

PS. O Monvigliero 2010 é um grande vinho, mas, na minha opinião, não é a “estrela maior” do Alessandria.

 É um vinho pronto, que se faz beber facilmente, perfumes extraordinários e como disse, pronto..... Exatamente o mais parkeriano das últimas safras.

 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

2014 - BOM VINHO?



A vindima de 2014, até o presente momento, já está sendo considerada, pelos viticultores, como uma das piores da década.

Quando um produtor admite, que a safra enfrenta problemas, podem escrever: O vinho deixará muito a desejar.

Em meu último fim de semana, passeando pelas terras do Barolo, pude constatar o desânimo que tomou conta de muitos viticultores.

“Choveu demais, não fez calor suficiente, o sol foi pouco.  Eu nem lembro de quantas vezes tive que pulverizar as vinhas”.

Esta queixa, de um amigo e produtor de Barolo, era repetida por todos os outros viticultores.
 

A pá de cal, sobre a safra 2014, foi jogada por um dos maiores e mais bem sucedidos produtores da região que encontrei, casualmente, na “Vinoteca Centro Storico” em Serralunga D’Alba.

Alessio, proprietário do wine bar, me apresentou o empresário.
 

 Após os cumprimentos de praxe, o meu novo conhecido, foi logo disparando; “Este ano vamos desengavetar os concentradores…”

Vendo minha expressão de susto, continuou: “Tem colegas que apostam em dias de sol e estão postergando a colheita. É uma aposta arriscada e se chover, como tem acontecido, se perde tudo. Ontem, com a minha equipe, vindimei, transportei para a adega e esmaguei o equivalente a 100.000 garrafas e ainda falta espremer uva para mais 500.000. Em uma semana acabo. Já sei que o álcool não chegará aos 12º e então usarei o concentrador e muitos farão a mesma coisa”.

Não adianta perguntar.... Não direi o nome do produtor e nem revelar o nome do vinho das 600.000 garrafas, mas posso informar que a safra será problemática para todos os brancos da região, para o Dolcetto e Barbera.

O Barolo (Nebbiolo), com sua casca mais grossa e vindima prevista para outubro, sofrerá menos, mas esqueçam grandes garrafas.

O velho e bom concentrador, tanto amado pelos Parker, Michel Roland e seus seguidores, está de volta......
 

Por falar em Roland-Lero o produtor, ao sabem de minhas origens, perguntou se eu conhecia a Miolo.

Respondi, quase envergonhado, que infelizmente, sim.

Meu novo amigo continuou:” Certa vez um grupo de viticultores participou de uma degustação às cegas. Havia produtos de várias origens e nós deveríamos acertar os pais de produção. Aquele que errasse deixaria disputa e o último ganharia o jantar. Muito bem todos foram excluídos já no primeiro vinho. A garrafa era de um vinho brasileiro: “Lote 47 da Miolo”.
 

Corrigi a numeração e o piemontês continuou: “Sim, você tem razão, era Lote 43 e todos erramos quando o classificamos como sendo de Bordeaux”.

Levei um susto e perguntei: “Era tão bom assim?”

“Não, era apenas regular. Afinal nem tudo em Bordeaux é excepcional. Acontece que nunca pensamos no Brasil quando se fala em países produtores. O que nos levou a pensar em um vinho bordalês foi o “estilo Michel Roland”: Vinhos todos iguais, padronizados e sem personalidade”.

Olhei para o viticultor e desconfiado, pensei: “Esse cara andou lendo B&B.......”

Aguardem: Já, já tem mais de Roland-Lero e Parker.