A primeira campanha, ridícula e vergonhosa, que me alertou e despertou
a desconfiança de que os nossos produtores vinícolas consideravam os enófilos brasileiros
verdadeiros eno-toupeiras, foi a do “Segundo Melhor
Espumante do Mundo”
Os anos foram passando, os nosso eno-predadores continuaram
apostando na total imbecilidade dos consumidores nacionais, comprando todas as
canetas disponíveis dos crítico$, sommelier$, jornalista$ etc. e veiculando um
sem número de despudoradas propagandas, muitas das quais fariam enrubescer até o
incrível Hulck.
Uma?
A predadora Valduga, assídua participante dos inúmeros
concursos picaretas, que vagam pelo planeta, conseguiu, em um deles, ser
premiada como produtora do melhor espumante do mundo.
Quanto a Valduga pagou, pelo risível prêmio, não foi divulgado
e nem sabido, mas sabemos perfeitamente que seu espumante premiado, “130 Blanc de
Blancs”, somente entrega seus encantos, ao enófilo brasileiro, por R$ 200 e que o
excelente Champagne “Michel Belvas 1er Cru” alivia o consumidor europeu
em 30 Euros (R$ 185).
É sempre bom recordar que R$ 200 representam 14% do salário
mínimo brasileiro e 30 Euros representam 2,2% do salário mínimo francês.
O sucesso das campanhas de propaganda, incentivando, exaltando,
o ufanismo e tentando vender a imagem de um “Brasil Melhor do Mundo”, virou moda e nosso país, “abençoado por Deus e
bonito por natureza”, presenciou, nos últimos anos, um verdadeiro tsunami das
mais ridículas e vergonhosas picaretagens propagandísticas.
A maior de todas, em minha opinião: “Queijo Canastra é eleito o melhor do
mundo”.
Bastaria perguntar: De qual mundo?
A predadora Valduga, não satisfeita, em já ter comprado o prêmio
de melhor espumante do mundo, adquiriu, recentemente, o título de 58º melhor vinícola
do planeta. Quase passei mal de tanto rir….
Não vou escrever sobre o panorama vinícola da Espanha, França,
Portugal, Alemanha, USA, Chile Argentina, Austrália, África do Sul etc., pois
seriam necessárias semanas e já não tenho saco para isso, assim resolvi não
criticar o ridículo prêmio comprado pela “Valduga Predadora Vinícola”, mas apenas, divulgar
alguns dados sobre a viticultura italiana.
Nos 674.000 hectares, das vinhas italianas, operam 310.000
empresas vinícolas que propiciam uma produção de 50 milhões de hectolitros/ano
e que resultam em um faturamento de 13 bilhões de Euro/ano.
São 38.000 as vinícolas que engarrafam os vinhos e cada
italiano consome, em média, 40,5 litros/ano.
Se os números elencados são estonteantes o que seria se
juntássemos os dos maiores produtores mundiais?
Teríamos mais de 500.000 engarrafadoras, milhões e milhões de
hectares cobertos por vinhedos e uma produção, pasmem, de quase 240 milhões de
hectolitros de vinho/ano.
Os números do nosso Brasil, pátria de 58º melhor vinícola do
mundo?
Hectares de vinhas = 75.000
Produção anual = 2,2 milhões de hectolitros
Consumo per capita/ano = 2,11 litros.
É bom lembrar que uvas não viníferas são responsáveis por 75%
dos vihos produzidos no Brasil, então.......
Então, como alguém, com um QI normal e não de uma ostra em
coma, pode acreditar que um pais, com números ridículos de produção, consumo e
qualidade, abriga a 58º melhor vinícola do planeta?
Pode, sim!
Se há uma grande parcela da população que votou duas vezes na
“mulher sapiens”, haverá quem acredite que a Valduga-Predadora-De-Vinhos
possa ser uma excelência vinícola.
Dionísio
P.S Aguardo com ansiedade uma campanha publicitária anunciando
Marajá do Sena, lá no Maranhão, o 2º mais importante centro de astrofísica do
mundo