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domingo, 10 de julho de 2022

TASCAS

  


Pode ser que, em meio à enésima crise econômica pela qual passamos, os leitores de B&B tenham achado que o “Escama”, restaurante sobre o qual escrevi recentemente, não seja uma boa escolha, por conta dos preços, ainda que no Brasil a conta de 50 euros por pessoa, com vinho, facilmente dobraria. 

Não tem problema: Como disse naquele texto, come-se e bebe-se muito bem em Portugal, por relativamente pouco. 

 E é por isso que hoje vou falar de um patrimônio lusitano: as tascas, os restaurantes simples que alimentam os portugueses no dia a dia, com os pratos típicos da culinária do país e algumas vezes com toque brasileiro, mas sempre utilizando ótimos ingredientes. 

 E lá comemos com aquela sensação de “comfort food”, que faz um bem enorme. 

No Porto, são incontáveis os endereços do bom e barato, mas falarei de duas das minhas preferidas: “O Poleiro” e “Casa Expresso”. 

* 

“Casa Expresso” 


Recém-chegado ao Porto, pedi ao amigo Bruno, que se divide entre Coimbra e a “cidade invicta” (o Porto não foi conquistado pelas tropas napoleônicas, ao contrário de Lisboa), para me indicar alguns bons endereços de tasquinhas. 

 Efusivamente, ele me recomendou que começasse pela “Casa Expresso”, o que fiz. 

Na primeira ida, pedi os tradicionais rojões de porco, que vieram em grande quantidade e.....Deliciosos! 


Era abril e o clima ainda estava ameno, assim acompanhei os rojões com o tinto da casa, certamente extraído de uma das bag in box que se amontoam em um dos salões. 

E o vinho funcionou bem com os rojões, sem ser espetacular e nem me preocupei em perguntar qual era o vinho, ou quais eram as outras opções disponíveis. 

Com um bolinho de bacalhau (que não recomendo) e uma mousse de chocolate no final, a conta, salvo engano, ficou em 10,50 euros. 

Na visita mais recente, o seu Zé, meu xará, que atende as mesas, recomendou-me uma feijoada alentejana. 


Fazia um calor absurdo, e pensei na moleza que teria depois do almoço. 

 Mas o persuasivo seu Zé garantiu-me que a feijoada transmontana, da “Casa Expresso” não era pesada e eu não teria problemas... e não é que ele estava certo? 

Com um vinho verde a reboque (que, constatei, é “O tal vinho da Lixa”, bom rótulo da Quinta da Lixa), a conta fechou em contidos 7,25 euros. 

Uma surpresa, considerando-se que o restaurante fica na turística região dos Aliados, próximo de vários endereços em que os turistas comem pratos genéricos internacionais, como nachos, hambúrgueres, kebabs e pizzas – como as esplanadas da praça Carlos Alberto, ao lado. 

 Na “Casa Expresso”, os turistas são minoria: vi muitos estudantes, aposentados, operários da construção civil, vestindo coletes de segurança e alguns forasteiros que se entusiasmam com a cozinha simples e genuína. 

“Casa Expresso”

Praça de Carlos Alberto 73

Metrô mais próximo: Aliados

Fecha aos domingos, não aceita cartões 

* 

“O Poleiro” 

No último dia 24 de junho, o Porto comemorou o tradicional dia de São João, seu santo padroeiro. 

Ápice das festas juninas, que em Portugal, são conhecidas como “festas dos santos populares” 

A data tem arraiais, parecidos com os do Brasil, mas a diferença das estações, entre os hemisférios, recomenda um cardápio que não poderia ser mais diferente: Caracóis, Leitão à Bairrada, embutidos, queijos, churros (aqui encontrados com os nomes de churros, porras e farturas, a depender do calibre e do recheio). 

Mas a grande estrela, nas comemorações dos santos populares é, sem dúvida, a sardinha na brasa. 

Fresca, farta e inteira (com espinha e até vísceras), ela vem acompanhada de batatas cozidas e pimentões e às vezes outros legumes se juntam. 

Sem ter paciência para me acotovelar por sardinhas, na noite de São João, resolvi, no sábado seguinte, procurar uma tasca que as servisse. 

E foi quando passei à porta do “O Poleiro”, onde já havia comido um bom peixe-espada com arroz malandrinho e vi que havia sardinhas para o almoço. 


Pedi o prato e uma taça do “branco maduro da casa”, assim realizei minha experiência de São João por apenas 8 euros. 

É estranho que uma tasca, chamada “O Poleiro”, tenha peixes tão gostosos..... 


 Mas, na próxima vez e quando estiver com muita fome, vou lá e tentar vencer o enorme grelhado misto que, por 9,80 euros, promete saciar o maior dos famintos. 

Churrasqueira O Poleiro

Rua de Costa Cabral, 16

Metrô mais próximo: Marquês

Fecha aos domingos, aceita cartões 

Obs: como as tascas são geralmente frequentadas pelo público local, para o almoço em horário comercial, poucas abrem aos domingos e, em alguns casos, nem aos sábados.

Se buscar de uma tasquinha para almoçar ou jantar no domingo, lhe desejo boa sorte...

5 comentários:

  1. Agora sim identifiquei-me, bela revisão, matéria que faz salivar de vontade de comer sardinhas com vinho branco

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  2. Em ambos, qual era a sopa do dia? :)

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    Respostas
    1. Confesso que nem perguntei da sopa. A entrada que queria provar eram as papas de sarrabulho, iguaria típica do inverno português. Mas já não estavam disponíveis...

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  3. A gastronomia no bananal ainda respira... ah nao, era somente um espasmo de defunto, reflexo das celulas morrendo. Esta morta mesmo. Lixo de pais que nao tem ingredientes basicos, nao sabe como produzilos, tem mao de obra minimamente qualificada para cozinhar/servir, e sobra um monte de restaurante que cobra uma viagem a marte com o elon tesla e o matt damon por um prato de gosto e sabor nao duvidosos. Sao ruins mesmo. Que sono.

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  4. Essa terrinha é maravilhosa

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