Não conheço nenhum vinho que tenha obtido sucesso maior e mais
duradouro do que o Prosecco.
Nem o Beaujolais Nouveau, dos anos 70-80-90 (hoje quase
ninguém lembra de sua existência), obteve números tão significativo, fama e longevidade.
O Prosecco, um vinho leve, fácil de beber, descompromissado e o mais importante, de preço acessível para todos os bolsos, desde seu exórdio, não para de quebrar recordes de produção e venda.
Os números de Prosecco são impressionantes: para o ano de
2022, a produção aponta para quase 1 bilhão de garrafas e um faturamento de 5
bilhões de Euros.
Para ter uma ideia, de quanto os números do Prosecco
são importantes, bastaria lembrar que a produção de Champagne gira em torno de
320 milhões de garrafas e que toda a produção vinícola do Brasil, em 2021, foi
de 360 milhões de litros, bem menos que metade daqueles alcançados pelo
Prosecco.
A exuberância numérica, todavia, não é encontrada na qualidade.
Pessoalmente acho o Prosecco uma tremenda bosta e somente o bebo quando não há nem água com gás para tomar.
Minhas preferências, todavia, não impedem que o Prosecco
continue sua trajetória de sucesso em todos os cantos do planeta.
Resumindo: Quem não tem Champagne vai de Prosecco e estamos conversados....
As denominações do Prosecco são uma zona: Nas etiquetas podem
ser encontradas a DOCG, DOC, SUPERIORE, IGT.
A maioria dos consumidores não está nem aí para a denominação.
Os enófilos querem a
garrafa e taça mais barata e não dão bola se o Prosecco é produzido nas colinas
de Conegliano, Valdobbiadene, Asolo, Cartizze ou nas planícies que se estendem
até o Fruli e nas que quase alcançam a Emilia Romagna.
Para os consumidores a
denominação não faz muita diferença, mas para os produtores importa muito e representa
muita grana.
Como sempre, quando o dinheiro fala mais alto......foi declarada a guerra do Prosecco.
No centro da discórdia está a histórica briga entre os
produtores das colinas e os da planície: Há 10 anos os primeiros ostentavam a
denominação DOC enquanto os
segundos firmavam suas garrafas com a IGT.
O Ministério da Agricultura tentou pôr ordem na casa e introduziu
novas regras: A uva do Prosecco passou a ser denominada “Glera”
e o Prosecco das colinas passou a ostentar a DOCG enquanto
o das planícies a DOC.
As novas regras duraram pouco......os produtores conseguiram
burlar as leis e criaram novos consórcios: DOCG Asolo Prosecco, DOCG Conegliano Valdobbiadene Prosecco e DOC Prosecco.
Os produtores de Asolo, Conegliano e Valdobbiadene, não
satisfeitos com a denominação DOCG, “reforçaram” suas etiquetas com o termo “Superiore”.
“O termo “SUPERIORE” não existe”, declarou
o diretor geral do consorcio DOC Prosecco, assim, mais uma vez, o Ministério da Agricultura foi
acionado para aclamar os ânimos e pôr ordem na casa (da mãe Joana?).
Os produtores de Asolo, Conegliano, Valdobbiadene alegaram que a retirada
da palavra “SUPERIORE” favoreceria a “DOC Prosecco” e que não estavam dispostos a assinar um acordo.
Do outro lado, a DOC Prosecco, com o peso de seus 630 milhões de
garrafas produzidas (Valdobbiadene, Conegliano e Asolo produzem “apenas” 130 milhões),
continuou insistindo para encontrar um novo e definitivo (será?) acordo.
Difícil prever o final do “imbróglio”, mas seja qual for não
melhorará a qualidade do Prosecco que continuará sendo um vinho apenas barato e
sofrível.
Dionísio
PS Quando afirmo que a vida do enófilo brasileiro é uma merda, não minto nem exagero.
O Prosecco italiano é uma tremenda bosta que custa 3/5 Euros (R$ 16/26)
O Prosecco de araque, produzido pela gaúcha Salton, é uma tremendíssima
bosta que custa R$ 35/109