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sábado, 24 de outubro de 2020

DEGUSTAÇÃO SENSORIAL

A degustação sensorial, executada por um “profissional” preparado, competente ou até por um “enganador”, é encarada pelos enófilos, iniciantes e sedentos de saber, como uma experiência que beira o irreal, o fantástico.


O sommelier profissional, muitas vezes, durante a análise do conteúdo da taça, encontra e elenca uma impressionante e quase irreal quantidade de sensações, aromas, sabores.

Ao presenciar uma dessas exibições não raramente os iniciantes no mundo do vinho dão sinais de perplexidade, espanto e queixo caído.

A desenvoltura, precisão e segurança, com que mirtilos, frutas maduras, flores brancas, framboesa, tabaco, goudron, fumaça, abacaxi, pêssego, cítricos, charuto, compota, trufas brancas,  sem falar de peixe de rio, barro metálico, estabulo e outras risíveis imbecilidades, que falsos profissionais encontram em uma simples taça de vinho, impressiona.

Os exageros e a imagem que se quer vender de um ser ungido e dotado de poderes sobrenaturais, todavia e apenas impressiona os neófitos que veem no degustador um semideus impossível de ser alcançado.

O mesmo não acontece quando a plateia é constituída de enófilos mais tarimbados.

Os mais rodados, quando se deparam com um degustador que exagera na dose de encontrar mais e mais aromas, mais e mais sabores e todos os “segredos “do vinho, sabem que estão diante de um farsante.

A utilidade e a veracidade de encontrar aromas estranho e em quantidade exagerada , em uma simples taça de vinho sempre me deixou perplexo ,cético, incrédulo.

Acredito que quase sempre estes exageros são  apenas estratagemas  para impressionar amigos, convivas e iniciantes.

Há mais outro “problema”: os “degustadores” quase sempre analisam, descrevem e pontuam, vinhos de alto custo e comprovada qualidade.

Aguem tem notícia de um “sommelier” que tenha bebido e descrito um Sangue de Boi, Mioranza, Chalise ou outro quase-vinho nacional?

 Acredito que para ser um bom e sério degustador seja  necessário não somente provar vinhos caríssimos , mas também os de preços médios e finalmente as porcarias.

 Tão importante, como encontrar qualidades é importante conhecer e reconhecer defeitos, imperfeições, manipulações  e é justamente nos vinhos “porcaria” que os defeitos , imperfeiçoes e manipulações, aparecem com mais frequência.

Resumindo: para se reconhecer os bons vinhos é preciso conhecer, também, os ruins.

Na profissão de degustador, ou sommelier profissional, não há truques ou atalhos e a única maneira de alcançar bons resultados é exercitar a memória, os sentidos (vista, olfato, paladar) e.... ter talento. 

Há um problema: Quando há “patrocínio” a degustação perde totalmente o sentido, valor e veracidade.

Quando “degustador” afirma que o “Intrepido” de Cocalzinho é ”....uma aberração de tao bom”, que os Barbera da Perini e Angheben são  superiores aos do Piemonte, que o Pinot Noir “Fulvia” do fotografo dos mil nomes bate os da Borgonha, que o “Singular Nebbiolo” da Valduga pode ser comparado aos Barolo e Barbaresco, que o espumante da Valduga é superior aos Champagne, é fácil perceber que estamos diante de um degustador picareta, falsário que embolsou algum dinheiro dos produtores  para mentir descaradamente.

Como descobrir os picaretas e falsários?

Fácil!

Picaretas e falsários nunca criticam negativamente e todos os vinhos são ótimos, baratos, imperdíveis

Continua

Bacco. 


23 comentários:

  1. Mas eu estou com saudades das pérolas antigas daquele pessoal que, infelizmente, acabou fechando os blogs depois dos esculachos. Era divertido ler as descrições incríveis, até mesmo para vinhos correntes, com pouca complexidade. Sumiram? O que houve com eles?

    Salu2

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    1. Sumiram! Eram amadores e desistiram. Agora há os profi$$ionai$ que por algumas migalhas (são tempos difíceis....) elogiam até Chalise Branco Suave

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  2. Surpresa...a conta chegou!

    https://tribunaonline.com.br/por-engano-gerente-serve-vinho-de-r-11-mil-a-casal-que-pediu-garrafa-de-r-100

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  3. Prezado Bacco, ha tempos leio seu blog e considero suas opinioes as mais confiáveis nesta infinidade de informacoes que ha no mundo do vinho. Estes dias, eu e meus amigos neófitos nos engajamos em um debate acalorado sobre qual país produz os melhores vinhos: itália ou frança. dá pra chegar a um veredito? nao sei se chegam aos pés do quase-vinhos medalhados em bruxelas, mas , se tivesse que escolher um destes dois países, qual seria ? abraços

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    1. Obrigado pelo elogio. Escolheria os dois. Os brancos franceses da Côte-D'Or são insuperaveis. Os tintos italianos Barolo, Barbaresco não temem rivais. O melhor vinho do mundo? Champagne. Um grande amigo , enólogo, costuma dizer que ao voltar de uma noitada de muitos garfos e copos, o único vinho que ainda "desce" ,antes de dormir, é uma taça de Champagne. Nesta discussão eu incluiria: Château Musar e Viña Todonia, brancos Madeira e Porto fortificados. Cin cin

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    2. Concordo com tudo.
      Salu2

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  4. Depois da tentativa de nova salvaguarda no início deste ano, R$ 12 milhões é liberado para promover o Vinho nacional:

    https://difusora890.com.br/fundovitis-r-12-milhoes-para-promover-o-vinho-nacional/#:~:text=Depois%20de%20mais%20de%20um,a%20Comiss%C3%A3o%20Interestadual%20da%20Uva.

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    1. Vão tentar nos "convencer" que o vinho nacional é ótimo, melhor do mundo, mas continuaremos consumindo vinho medíocre e caro.

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    2. Assino embaixo! Mesmo porquê, nunca houve interesse, por parte dos produtore$, em baratear e incentivar o consumo de seus produtos. O que vemos nessas vinícolas: muito ufanismo, rótulos com preços abusivos e toda uma equipe disposta a arrancar o couro do primeiro enolóide que aparecer!!!! Já estou vendo que esses 12 milhões serão disputados a tapa pelas empresas. 12 milhões pra que??? Para o brasileiro continuar a beber Cerveja vagabunda, Chalise, Sangue de Boi e ter a ilusão de que o nosso espumante é melhor que Champagne...

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    3. Vou dar uma de louco e escrever mais uma vez: Na fonte, la no sul, ha coisas boas a bons precos. Sao bem tomaveis, ja provei varios, de todos os tipos. Espumantes e tintos sao melhores que os brancos, de longe.

      Por que temos tanto mau-conceito dos vinhos gauchos? Sao o equivalente a vacina chinesa. Ate pode ser boa, mas vem de um lugar que nao soa tao simpatico assim. Mal sao brasileiros, ja quiseram se separar. Nem falam portugues direito. Imagina o Bonner falando como gaucho, ta louco.

      E somado a tudo isso, os vinhos que saem de la recebem aquela carga de imposto simpatica, mais a parte do distribuidor e lojista e voila...temos um vinho que em grande maoiria nao justifica a pajelanca e euforia pelo preco.

      Escrevo restritamente a respeito de produtores de verdade, nem pensar naqueles que se julgam "ateliers" e "curadores" para justificar R$ 1.000 e tanto por uma "ampola".

      Reforco a meu credo: Sao poucos e bons. Mas existem. Iguais a duendes...procura que acha.

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  5. A Xuxa procurou duendes anos e anos....nunca achou

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    1. Pensar que essa ai era educadora de milhoes de criancas que hoje sao adultas. Que poderia dar errado? Tai o resultado do show da xuxa...

      A xuxa por ser gaucha poderia falar algo dos vinhos da terra de la.

      Adios, pestvs maximus.

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  6. Eu concordo com o Rato. Tem coisa boa lá. Um exemplo é Máximo Boschi, os espumantes do Adolfo Lona e alguns outros poucos. Mas os grandes e essa turma de pequenos venerada pelos naturebas, é de matar. Pinot Noir horríveis por 500 paus. Vinhos turvos, cheios de defeito, uns com cheiro e gosto de bosta de vaca e amados pelos naturebas. Não dá. E a legião de admiradores é grande, infelizmente.
    []s

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  7. Não consigo entender a "garimpagem" de bons vinhos nacionais quando posso encontrar bons portugueses, mais baratos, no supermercado da esquina

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    1. Eu concordo com você. Na verdade, eu não garimpo. Apenas bebo se encontrar facilmente e a bom preço alguns que considero bons. No mais, concordo que bons e baratos do Dão e Bairrada, encontrados em supermercados, dão baile na maioria dos brasileiros que podem custar bem mais caros.
      []s

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    2. Em relacan a garimpagem:

      Para mim voce tem que experimentar, viajar, conhecer. Dai pode descer a lenha.

      Gastei bastante energia e $$ para conhecer culturas, comidas, folclore, museos,vinhos,filmes de varios cantos do mundo. Quase nada que vem do bananal me agrada, e em grande parte isso vem de comparacao.

      Natureza uma porcaria, comida sem graca (e cara), cultura patetica e sem imaginacao (salve Machado de Assis e um ou outro), filmes horriveis (gostei somente de "amor, estranho amor")... acho que nao gosto muito dessepaiz.


      Ao menos uma vez na vida o vivente tem que descer a tal serra da graciosa, comer aquela comida horrivel em curitiba, ir para ilha do mel e nao pegar nem travesti, ser assaltado em florianopolis, passar por gramado, comer no fogo de chao de porto alegre e fazer degustacoes na serra gaucha.

      Tambem precisa ser incomodado por ciganas no nordeste, comer queijo de coalho na praia com 90 tipos diferentes de bacterias, ter o toca fita furtado em Manaus, fazer um passeio em Belem. E as pamonhas deliciosas (tambem com bacterias) em goias? E so quem tomou goianinho sabe a bosta de gosto que tem.

      Uma vida dedicada ao sado-masoquismo experimental existencial.

      Pessoal resolveu voltar a essa sala de bate papo virtual. Boa noticia da semana.

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    3. A culpa do pouco papo é minha. A preguiça,a idade, o saco cheio e falta de assunto me fez relaxar e pouco postar. Voltei, até quando não sei. Vamos continuar para ver

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  8. Devo confessar que nunca encontrei um vinho nacional que valesse o quanto custa

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  9. Máximo Boschi foi o tempo que era possível consumir, atualmente está quase preço de champagne....

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  10. Ratão não deve ser levado + a sério. Se rendeu aos cafés de cápsula, ao vinho em lata e agora ao terroir nacionalista! Resumindo, UmPorre!

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    1. Nestle esta me pagando uma mala de dinheiro para promover capsulas, nem que seja de outrem.

      E eu estou de olho (sou caolho, so tenho um olho) numa boquinha na abravin. Venha tomar vinhos nacionais comigo, ligue dja.


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    2. Nestle esta me pagando uma mala de dinheiro para promover capsulas, nem que sejam de outrem.

      E estou de olho (sou caolho, tenho um olho apenas) numa boquinha na abravin. Venha tomar vinhos nacionais comigo, ligue dja.

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