Juro, apesar de ser ateu, que não consigo parar de pensar na cara
e humor do Lucki à frente do computador escrevendo matérias sobre o vinho
nacional e seu bom momento.
Acostumado, entre outras coisas, a bons papos e bons vinhos em
“Bricco Mollea”, na companhia de Massimo Martinelli, comentar os vinhos da
Guaspari, Miolo, Salton, Carraro e outras mediocridades vinícolas, deve ser
frustrante.
Frustrante deve ser, também, tentar convencer,
subliminarmente, o consumidor brasileiro, que os vinhos nacionais vivem um
momento único, histórico e de sucesso.
Comemorar que conseguimos superar a marca dos 2 litros per
capita/ano é como festejar que em Marajá do Sena, no interior do Maranhão, o
consumo diário de calangos dobrou e já ultrapassa as duas unidades.
Soltar fogos por termos conseguido atingir 2,1 litros por
capita, em 2020, quando em 2010 o consumo era de 1,9, é muito barulho por quase
nada.
Se analisarmos que 30% do vinho foi importado, se aquele
líquido misterioso produzido com Santa Isabel, Bordô, Niágara, açúcar e químicas
secretas, que os produtores teimam em chamar “vinho”, representa quase 50% do
consumo, sobra o que para o nosso querido vinho “fino”?
Sabe quando o Brasil terá sucesso no mundo do vinho?
Se você apostou no “nunca”, errou.
Bastaria parar de produzir quase-vinhos como Chapinha, Dom
Bosco, Cantina da Serra, Campo Largo, Pérgola (como conseguem beber estas
tremendas-bostas?), etc., baixar os lucros, consequentemente os preços e assim popularizar
o produto.
Mais uma coisa: parar de gastar com a propaganda enganosa: “Melhor
Espumante do Mundo”, “Medalha de Ouro no Gabão”, “92 Pontos”, “ Vinho brasileiro
faz sucesso na França” e outras picaretagens do gênero.
Sei que as medidas acima jamais serão tomadas pelos produtores
que, para conservar seus ganhos extraordinários, se agarram às salvaguardas, e usam
divulgadore$, crítico$, sommelier$, todos de 5ª categoria e que por um
dinheirinho não titubeiam, por exemplo, em declarar que aquela porcaria de
Barbera, produzida em Cocalzinho, “ ......é uma aberração de tão bom”.
Até a “marvada” ganha fácil do vinho: cada brasileiro manda
goela abaixo 11,2/litro-ano.
Da cerveja nem é bom falar..... goleada.
Quem já viajou pela França, Portugal, Espanha, Itália, etc.,
deve ter percebido que nas mesas dos restaurantes, até os mais populares, o
vinho é presença constante.
No Brasil você já viu alguém bebendo vinho em um restaurante
por quilo?
Pois é, ½ litro de vinho da casa, na Itália, custa 3/4 Euros.
Com um salário mínimo (1.000 Euros) o trabalhador bota em sua mesa
290 garrafas de vinho por mês.
O nosso trabalhador, com seu salário mínimo,
compra no máximo 80 garrafas.
Deu para perceber que não há nem haverá “O bom momento do vinho brasileiro” enquanto não
mudar a mentalidade predatória dos nossos produtores?
Nosso caro Jorge Lucki, no final de sua matéria, quase
constrangido escreve “Quem quiser refinamento e noção de
terroir tem que apelar para (bons) importados”.
O que eu poderia dizer ao Jorge?
Talvez a mensagem singela e ideal
seria o samba canção “Boemia” de Adelino Moreira e imortalizada por Nelson
Gonçalves apenas mudando a palavra inicial ....então: “ Importado,
aqui me tens de regresso e suplicante te peço a minha nova inscrição......”
Dionísio
Será que vai entrar na pauta do Lucki?
ResponderExcluirhttps://www.agrolink.com.br/noticias/vinhos-com-tecnologia-epamig-sao-novamente-premiados-em-concurso-internacional_440253.html
Se pagarem , sem dúvida. Não aguento mais os elogios picaretas sobre o vinho nacional. O vinho nacional é caro e medíocre
ResponderExcluirCaro,
ResponderExcluirnada é tão ruim neste país que não possa piorar. A onda fake nacionalista inaugurada pelo digníssimo presidento em breve eleverá os vinhos nacionais a patamares galáticos! Não, o Brasil não é para amadores.
Coberto de razão...Os amadores não sobrevivem no Brasil. Se puder leia os comentários de Paulo Umpierre nas matéria : Vinho Chinês e Oficiais de Justiça. Os produtores não deixam barato e atacam, como e quando podem, quem os criticas
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