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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

JORGE 2


Juro, apesar de ser ateu, que não consigo parar de pensar na cara e humor do Lucki à frente do computador escrevendo matérias sobre o vinho nacional e seu bom momento.
 

Acostumado, entre outras coisas, a bons papos e bons vinhos em “Bricco Mollea”, na companhia de Massimo Martinelli, comentar os vinhos da Guaspari, Miolo, Salton, Carraro e outras mediocridades vinícolas, deve ser frustrante.

Frustrante deve ser, também, tentar convencer, subliminarmente, o consumidor brasileiro, que os vinhos nacionais vivem um momento único, histórico e de sucesso.

 
Comemorar que conseguimos superar a marca dos 2 litros per capita/ano é como festejar que em Marajá do Sena, no interior do Maranhão, o consumo diário de calangos dobrou e já ultrapassa as duas unidades.

Soltar fogos por termos conseguido atingir 2,1 litros por capita, em 2020, quando em 2010 o consumo era de 1,9, é muito barulho por quase nada.

Se analisarmos que 30% do vinho foi importado, se aquele líquido misterioso produzido com Santa Isabel, Bordô, Niágara, açúcar e químicas secretas, que os produtores teimam em chamar “vinho”, representa quase 50% do consumo, sobra o que para o nosso querido vinho “fino”?

Sabe quando o Brasil terá sucesso no mundo do vinho?

Se você apostou no “nunca”, errou.

Bastaria parar de produzir quase-vinhos como Chapinha, Dom Bosco, Cantina da Serra, Campo Largo, Pérgola (como conseguem beber estas tremendas-bostas?), etc., baixar os lucros, consequentemente os preços e assim popularizar o produto.

Mais uma coisa: parar de gastar com a propaganda enganosa: “Melhor Espumante do Mundo”, “Medalha de Ouro no Gabão”, “92 Pontos”, “ Vinho brasileiro faz sucesso na França” e outras picaretagens do gênero.

Sei que as medidas acima jamais serão tomadas pelos produtores que, para conservar seus ganhos extraordinários, se agarram às salvaguardas, e usam divulgadore$, crítico$, sommelier$, todos de 5ª categoria e que por um dinheirinho não titubeiam, por exemplo, em declarar que aquela porcaria de Barbera, produzida em Cocalzinho, “ ......é uma aberração de tão bom”.

 
Até a “marvada” ganha fácil do vinho: cada brasileiro manda goela abaixo 11,2/litro-ano.

Da cerveja nem é bom falar..... goleada.

Quem já viajou pela França, Portugal, Espanha, Itália, etc., deve ter percebido que nas mesas dos restaurantes, até os mais populares, o vinho é presença constante.

No Brasil você já viu alguém bebendo vinho em um restaurante por quilo?

Pois é, ½ litro de vinho da casa, na Itália, custa 3/4 Euros.

Com um salário mínimo (1.000 Euros) o trabalhador bota em sua mesa 290 garrafas de vinho por mês.

O nosso trabalhador, com seu salário mínimo, compra no máximo 80 garrafas.

Deu para perceber que não há nem haverá “O bom momento do vinho brasileiro” enquanto não mudar a mentalidade predatória dos nossos produtores?

Nosso caro Jorge Lucki, no final de sua matéria, quase constrangido escreve “Quem quiser refinamento e noção de terroir tem que apelar para (bons) importados”.

O que eu poderia dizer ao Jorge?

Talvez a mensagem singela e ideal seria o samba canção “Boemia” de Adelino Moreira e imortalizada por Nelson Gonçalves apenas mudando a palavra inicial ....então: “ Importado, aqui me tens de regresso e suplicante te peço a minha nova inscrição......”
 

Dionísio

4 comentários:

  1. Será que vai entrar na pauta do Lucki?

    https://www.agrolink.com.br/noticias/vinhos-com-tecnologia-epamig-sao-novamente-premiados-em-concurso-internacional_440253.html

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  2. Se pagarem , sem dúvida. Não aguento mais os elogios picaretas sobre o vinho nacional. O vinho nacional é caro e medíocre

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  3. Caro,

    nada é tão ruim neste país que não possa piorar. A onda fake nacionalista inaugurada pelo digníssimo presidento em breve eleverá os vinhos nacionais a patamares galáticos! Não, o Brasil não é para amadores.

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  4. Coberto de razão...Os amadores não sobrevivem no Brasil. Se puder leia os comentários de Paulo Umpierre nas matéria : Vinho Chinês e Oficiais de Justiça. Os produtores não deixam barato e atacam, como e quando podem, quem os criticas

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