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segunda-feira, 30 de abril de 2018

A NOVA BOGONHA


Até o século passado, na Itália, era muito comum que ao nascimento de um filho, neto, sobrinho etc. os parentes interessados (pais, avôs, tios) comprassem algumas garrafas de vinhos importantes (Barolo, Barbaresco, Brunello, Taurasi etc.).
 
 

As garrafas caras eram destinadas ao esquecimento no escuro das adegas, somente resgatadas e abertas por ocasião do 18º aniversário, formatura, noivado, casamento ou outra data importante na vida do pimpolho.  

Não importava a efeméride, mas a as garrafas de Barolo & Cia. somente revelavam seus mistérios décadas e décadas depois.

É muito comum encontrar, até hoje, em algumas adegas italianas, garrafas empoeiradas datadas de 1949- 1955-1964-1970......
 

A mesma tradição existia, também, na França, Espanha, Portugal e outros países europeus.

Resultado: Todos compravam, não bebiam e não compravam novamente.

Os produtores perceberam que, se algumas modificações não fossem introduzidas na vinificaçaõ, visando mudanças nos costumes e mentalidade dos consumidores, continuariam produzindo os antigos 3 milhões e não os atuais 12 milhões de garrafas de Barolo.

O Barolo "moderno" atinge seu "ótimo" com 10 anos de existência.

O Barolo é mencionado, na matéria, apenas como exemplo, mas poderia ser outra denominação qualquer: francesa, espanhola, portuguesa etc.

Voltemos à Borgonha e mais exatamente na Côte D'Or.
 

Lembra aquele Bâtard-Montrachet de 1971 que você bebeu no ano passado na casa de fulano e que ainda revelava algum sinal de vida?

Recorda aquela garrafa de Montrachet de 1974 que quase lhe fez chorar de emoção quando a degustou há uma semana?

Ainda suspira ao lembrar aquela taça de Corton-Charlemagne 1977 que sicrano lhe ofereceu no final do ano passado?

Pois bem, esqueça.......

A Borgonha, seus vignerons e seus vinhos já não são os mesmos.

Vou direto ao ponto.

1) Ano passado, pesquisando preços de etiquetas famosas, encontrei, no site francês "Comptoir des Millésimes", o Montrachet Grand Cru 2004 do Louis Latour (fuja do Latour) por um preço bem razoável e comprei duas garrafas que, pontualmente, foram entregues, em minha casa, quatro dias depois.
 

Deixei descansar as garrafas por um bom tempo.

 Certo dia, para homenagear a prisão domiciliar e a adega do Maluf, resolvi abrir uma garrafa e dividi-la com alguns amigos.

O Maluf deve ter amaldiçoado o Montrachet do Louis Latour: O vinho do Latour não era nem a sombra de um Montrachet.

Bebível (com muita boa vontade), mas sem vida, acidez quase inexistente, aromas desagradáveis, claros sinais de precoce oxidação..... Uma tremenda bosta, mas uma tremenda bosta que me custara nada desprezíveis 240 Euros.
 

Alguns dias depois, ainda não convencido, resolvi abrir a outra garrafa do mais badalado Grand Cru branco da Borgonha.

Outra desilusão: O vinho do Latour não deveria, nem poderia ostentar, na etiqueta, a denominação "Montrachet".

2) B&B é amigo, no Facebook, de Bruno Colin, viticultor de Chassagne-Montrachet.

Nunca havia visitado e muito menos comprado vinhos do Bruno Colin.

A vinícola do Colin se encontra bem no centro de Chassagne e todas as vezes que me dirijo à casa de Thomas Morey, para comprar algumas garrafas, forçosamente, passo pelo endereço do Bruno.

Resolvi entrar.

Não deveria....
 

Os preços do Colin são de dar inveja aos produtores- predadores da Serra Gaúcha.

Puligny-Montrachet 1er Cru "La Truffière" 86 Euros

Chassagne-Montrachet 1er Cru "Blanchot Dessus" 72 Euros.

Havia entrado (pelo cano?) na vinícola e resolvi adquirir quatro garrafas de Chassagne-Montrachet 1er Cru "La Boudriotte" 2015 por 56 Euros.
 

Ao me despedir de 224 Euros lembrei que há alguns anos para comprar 6 garrafas do muito melhor "La Boudriotte" de Jean Claude Bachelet desembolsara 210 Euros.

Na próxima matéria comentarei as degustações dos vinho de Bruno Colin.

Bacco

 

 

2 comentários:

  1. Entao, caro peste, parece que algo esta estranho.

    Temos vinhos que nao tem a mesma qualidade de antes com precos muito mais altos para uma area plantada (nas areas nobres) quase a mesma...com produtividade por area/planta tambem bem regulamentadas. A conta nao fecha para esse aumento todo. Investidores tomaram conta da area e os novos consumidores sao enotrouxas? So se for isso.

    Auguri.

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  2. Mais ou menos.... Se eu vendo todo meu Puligny por 30 Euros sem esforço , tento aumentar para 35 e continuo vendendo normalmente, nada impede que peça 40 na próxima safra. Se em julho não tenho mais nenhuma garrafa , da safra do ano passado no estoque , nada me impede de pedir 50 Euros pelo Puligny..... e por aí vai. Vai , até que dezenas, centenas, milhares de consumidores façam como eu e mandem aa Côte D'Or para a......

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