Será que os produtores nacionais compraram vinhas na Côte D'Or?
Será que os vignerons
da Borgonha fizeram um curso intensivo "de como
meter a mão" na Serra Gaúcha?
Brincadeira...... Mas com alguma verdade nas duas interrogações.
Sou péssimo com datas (não lembro com precisão o aniversário de
ninguém a não ser o meu), mas posso afirmar, com segurança, que frequento a
Borgonha desde os anos 1990.
A "descoberta" da Côte D'Or se deu somente após
várias viagens a Macôn, Chablis, Vergisson, Fuissé, Saint-Veran, Solutre-Pouilly,
etc.
Quando pela primeira vez visitei a Côte D'Or e provei os vinhos
de Chassagne-Montrachet, Puligny-Montrachet, Corton, Gevrey-Chambertin, Veugeot
etc., foi amor ao primeiro gole.
Acontece que os goles, naqueles anos e apesar de salgadinhos,
eram viáveis, abordáveis, terrenos.
Um bom Premiere Cru de Chassagne- Montrachet, Puligny-Montrachet,
Gevrey-Chambertin etc. custava 20/30 Euros.
Um Grand Cru raramente ultrapassava os 40/50
Euros.
Deixando a brincadeira, com os predadores gaúchos, vamos analisar,
com seriedade, o que aconteceu e está acontecendo na Côte D'Or.
O consumo global do vinho nos últimos 15 anos passou de 228 para
242 milhões de hectolitros.
Somente em 2017 o crescimento foi de + 6%.
A China mais que dobrou o consumo e nos Estados Unidos o aumento
anual oscila entre + 2% e +3%%.
Os EUA se confirmam, prá variar, no topo com 30 milhões de hectolitros
consumidos anualmente.
A produção, todavia, não acompanhou a demanda e hoje se produz
-7% do que há dez anos.
Voltemos à Côte D'Or.
Produção menor + consumidores = preços estrelares.
Não se encontra um Premier Cru, em Chassagne-Montrachet,
Puligny-Montrachet, Meursault e Cia. Bela, por menos de 50/60 Euros.
Levar para casa um
Grand Cru?
São necessários, no mínimo,
140/160 Euros (Montrachet, nem pensar.....)
Se você torce o nariz, tenta negociar ou titubeia, o vigneron
lhe manda passear, dá uma banana e sorri
para a meia dúzia de chineses, na fila, prontos para comprar todas as garrafas
que ele tiver.
A invasão chinesa é tão grande que a vendedora da tradicional "Caveau de
Chassagne" tem os olhos amendoados.
Os preços subiram vertiginosamente e em compensação a
qualidade despencou.
Lembra a incrível longevidade do Chassagne-Montrachet, a
proverbial elegância do Puligny-Montrachet, a soberba estrutura do Corton-Charlemagne?
Esqueça..... Os produtores mudaram os métodos de vinificação e
hoje, com inquietante frequência, muitos vinhos, das denominações citadas, se
parecem os da Napa Valley, parecem o Chateau
Montelena.
Finalmente e com atraso, a Côte de Beaune Parkerizou?
Continua
Bacco
Ciao, Peste.
ResponderExcluirOferta e procura. Para mim na primeira crise economica tudo volta a um patamar mais normal. Ha pouco tempo em Bordeaux estavam meio de 4, com chines e tudo.
Me lembro que havia um mito que os produtores eram super seletivos para quem venderiam os vinhos...algo como entregar um filho para alguem cuidar apos muita selecao. Qua qua qua. Pagou, levou. Sempre foi assim na historia da humanidade.
Auguri.
Tomara , mas por enquanto.....
ExcluirBom artigo,
ResponderExcluirTomadas as devidas proporções hoje em dia prefiro gastar em uma garrafa de barolo do que em borgonha.
Sem dúvida
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