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terça-feira, 20 de março de 2018

O EPITÁFIO



B&B surgiu no começo dos anos 2000 e uma das nossas prioridades era ridicularizar a proliferação de "Chefes" que, naqueles anos, infestavam (e continuam) as cozinhas brasilienses.

Toda semana aparecia um novo e badalado "chef".

Eram tantos que resolvemos, muito apropriadamente, chamá-los: "Chefes Blefes".
 
 

Funcionários públicos, advogados, socialites, aposentados, dondocas, empresários, amantes de empresários etc. uma bela manhã, ao acordar, se "descobriam "chef de cozinha" e abriam um restaurante.

"L'Altra Toscana", "Alice", "Maestri", "Werner", "Cielo", "Famiglia Capelli", "Risotteria", "Gazebo", "Zuu", "Annone Veneto", "Doc", "Kooun", "Fatto" etc.etc. etc., todos tocados por "chefes blefes", foram duramente criticados e fecharam (ainda bem) as portas.

A praga dos "Chefes Blefes" foi praticamente varrida e Brasília gastronômica voltou ao normal: A merda de sempre, mas sem a avalanche de Chefes Blefes formada e laureada pelo Iesb ou Unieuro e alavancados por canetas de vida fácil e bocas-livres.
 

Pouco durou o sossego: Uma nova onda de "Chefes Blefes" chegou para perpetuar a Brasília "Túmulo Gastronômico".

Não tenho dinheiro sobrando para torrar e nem saco para criticar restaurantes com cozinhas e serviços medíocres que cobram preços Londrinos.

Além da praga dos novos "chefes blefes" outra praga, ainda maior e avassaladora apareceu: "Os Sommerdiers".
 

A "luta" contra os chefes blefes não foi difícil.

Os chefes blefes eram uma dúzia, pouco mais, pouco menos.

Os "sommerdiers" são milhares!

Há centenas de cursos, em todos os cantos, para todos os gostos e para todos os bolsos.
 

Cursos, na maioria ridículos, "formam" milhares de sommerdiers, como se pães fossem, todos os meses.

Cada novo "expert em vinhos", que sabe distinguir um vinho branco de um tinto, invade as redes sociais com fotos, opiniões, indicações, comentários de etiquetas degustadas com frenética frequência.

Frequência, não diária, mas horária: A cada 5 minutos aparecem, no Facebook e Instagram, centenas de fotos e comentários de vinhos.

Quando tento digerir dez ou doze informações já apareceram mais, mais, mais, mais e mais....... Um verdadeiro porre , uma verdadeira indigestão vinícola.
 
 

Ao me recuperar, de uma recente indigestão, saí do vaso, dei a descarga e, finalmente aliviado, pensei: "Você está fazendo o que? Batendo em teclas gastas, obsoletas, quixotescas? O mundo do vinho no Brasil continua ridículo, minúsculo, mas agora foi invadido por uma horda de incontáveis "sommerdiers", decididos e invencíveis, que disputam espaço, visibilidade, notoriedade numa insana fogueira de vaidades: "O vinho que bebi é mais caro que o seu, minha confraria e maior do que a sua, hoje eu vou de Vega Sicilia,provei um maravilhoso Gevrey-Chambertin, abri um fantástico Amarone Dal Forno"e..... por aí vai. Não há mais espaço para suas catilinárias cantilenas. Ou você inventa um curso para sommerdiers ou peça licença e desapareça na neblina das vinhas das Langhe piemontesas".

É o que estou fazendo

O epitáfio?
 

Não encontrei nada melhor do que me escreveu Diego Arrebola (melhor sommelier do Brasil?) quando perguntei se havia levado algum ao elogiar, no Facebook, o Ta-lento da Salton e o Marselan da Perini.
 
 

Leiam

"O mundo do vinho no Brasil, lentamente, está mudando, sim! E você gostando, ou não, profissionais como a Gabriele Frizon, a Daniela Bravin e eu somos parte dessa mudança."

Pois é..... Não quero fazer parte "dessa mudança"

Tem mais.... Aguardem

Dionísio

6 comentários:

  1. Achei engraçado o sobrenome das sommerdiers, Frizon, Bravin... será que são fictícios, que fazem parte da enganação?

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    1. Cuidado com as palavras.... Os sommelier são extremamente sensíveis às criticas, se melindram com facilidade e ameaçam com processos.

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  2. "O mundo do vinho no Brasil, lentamente, está mudando, sim!"

    para pior, mas está.

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  3. Grande Di, filosofo as antigas.

    Alguem nao percebe que o mundo do vinho no brasil (opa, ja temos um oximoron aqui) assim como tudo naquelepaiz camimnha muito lentamente ao passo que o mundo de verdade caminha em outra direcao e com velocidade maior?

    Varias estatisticas mostram o tanto que o 'mundo' se descolou do grandepaiz, estao bem mais a frente em varios indices.

    Economia, tecnologia, sociedade, politica. Terra de vera cruz ainda na decada de 80, talvez 90.

    Sim, o mundo do vinho no brasil muda lentamente, e firmemente rumo a mais um ciclo da mesmice, onde temos sommerdiers, produtores e consumidores que em poucos anos serao outros, mas com o mesmo dna bananico vira-latas. Reciclagem de porcaria a 100% de aproveitamento.

    Que disposicao...

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  4. Vamos fazer o seguinte: Dou todo credito moral aos sommerdiers e ebrios de eventos que promovem vinho brasileiro se abrirem comercio especializado em vinho brasileiro.

    Vamos ver quem tem coragem e quanto tempo leva o negocio ate quebrar.

    Lembram-se dos paspalhos que defendiam a gurgel como sendo tao boa quanto os carros europeus antes? Vai la, abre uma concessionaria gurgel entao, servindo vinho brasileiro aos felizes compradores.

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  5. Oi Pessoal!!!! Quer coisa mais chata que fazer curso sobre vinhos??? Um cara, que geralmente sabe pouco, enchendo o saco enquanto você está querendo tomar seu vinho em paz.

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