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segunda-feira, 19 de março de 2018

A PRAGA


 


Enquanto Bacco se vê rodeado de chineses e russos, comprando tudo o que podem na Europa, eu não fico mais aliviado: Onde resido há outro tipo de praga, muito importante, perniciosa e nada positiva para o mundo do vinho: Os americanos.

Os americanos, com sede e apetite vorazes, consomem algo como 3.5 bilhões de litros/ano de vinho e milhões de toneladas de comida (montanhas desperdiçadas e bilhões de $$$ gastos com saúde....).
 
 

Mas pior que a quantidade do vinho (e comida devorada e desperdiçada) há a questão da qualidade e outros efeitos maléficos à sociedade.

Os críticos, que surgiram, adotaram gostos e os "impuseram" como únicos e corretos.

Os consumidores reagiram, como de costume, comprando e se acostumando a beber vinhos todos iguais, muito alcoólicos, com muita madeira, parecendo geléia, impenetráveis etc. etc.
 
 

Os "famosos" Vinhos Internacionais.

Há, também, os "vinhos siameses" que, independentemente da casta, são exatamente iguais.

Pinot Noir, Petit Verdot, Cabernet Sauvigon, Merlot etc. seguem a mesma "receita" e o resultado deságua numa enfadonha mesmice enológica.

  Segundo um enólogo, com quem conversei recentemente, os winemakers não respeitam mais as uvas e não permitem que se transformem, naturalmente, em vinho: Há muita uva boa, no mundo, que vira vinho cão.

A jecaria, com dinheiro, percebeu rapidinho que havia, no vinho, um imenso filão com egos vaidosos e endinheirados que queria e podia gastar à vontade e então por que não faturar, ainda mais, em cima dos trouxas?
 

Mais uma vez aparecem os inconvenientes dessa combinação:

1.    Enólogos criativos e talentosos são obrigados a escolher entre passar fome ou trabalhar para empresários e produzir vinho pasteurizado.

2.   Desastre ambiental declarado e sacramentado. Os novos ricos chegam comprando tudo, inclusive licenças para desbastar áreas que outrora eram santuários ou reservas ecológicas, esquemas de irrigação acabam com o lençol freático que deixam um solo salino e o aquífero mais seco que bacalhau. Se há alguma justiça poética, nessa coisa, é que muitos são obrigados a lidar com incêndios de proporções gigantescas que, em parte, eles ajudaram a fomentar.

3.   Aumento exorbitante no preço de terra e impostos acaba convencendo os viticultores em vender suas vinícolas e deixar a tradicional atividade.
 
 


4.   Vinhos que viram objetos de culto "empurrados" por caríssimas campanhas de marketing, canetas de vida fácil (ótima definição cunhada pelos pestes italo-brasilienses) justificando, assim, o investimento astronômico e que outrora podia ser alcançado, por qualquer um com, boa vontade e um pouco de conhecimento de enologia e viticultura.
 
 

Não quero dar aqui uma de sociólogo de bar, mas a jecaria com dinheiro distorce o mercado, distorce o paladar, cria barreiras culturais e econômicas ao consumo, deprime vendas e lucros (a não ser para eles).
 

Talvez as palavras desse enólogo sejam uma boa definição para o mau gosto que vai além da taça, mas causa ainda mais danos a uma parcela grande da sociedade.

Bonzo

Um comentário:

  1. Esse comportamento de manada já tem uns 30 anos. Vinhos padrão "Schwarzenegger" e altamente manipulados quimicamente(leveduras industrializadas, correção de acidez, taninos em pó, etc) já é uma prática comum na cantina é prática comum desde a década de 80. Assim, o que eu faço é procurar vinhos com 40 ou mais de idade, quando essa prática ainda não era tão comum. Hoje temos barolos que já são consumidos com 5 anos de idade. Um barolo autentico pede um mínimo de 10 anos(quando não manipulado quimicamente) ou mais.

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