Enquanto Bacco
se vê rodeado de chineses e russos, comprando tudo o que podem na Europa, eu
não fico mais aliviado: Onde resido há outro tipo de praga, muito importante,
perniciosa e nada positiva para o mundo do vinho: Os americanos.
Os americanos, com sede e apetite
vorazes, consomem algo como 3.5 bilhões de litros/ano de vinho e milhões de
toneladas de comida (montanhas desperdiçadas e bilhões de $$$ gastos com saúde....).
Mas pior que a quantidade do vinho (e
comida devorada e desperdiçada) há a questão da qualidade e outros efeitos
maléficos à sociedade.
Os críticos, que surgiram, adotaram gostos
e os "impuseram" como únicos e corretos.
Os consumidores reagiram, como de
costume, comprando e se acostumando a beber vinhos todos iguais, muito alcoólicos,
com muita madeira, parecendo geléia, impenetráveis etc. etc.
Os "famosos" Vinhos
Internacionais.
Há, também, os "vinhos siameses" que,
independentemente da casta, são exatamente iguais.
Pinot Noir, Petit Verdot, Cabernet Sauvigon,
Merlot etc. seguem a mesma "receita" e o resultado deságua numa
enfadonha mesmice enológica.
Segundo
um enólogo, com quem conversei recentemente, os winemakers não respeitam mais
as uvas e não permitem que se transformem, naturalmente, em vinho: Há muita uva
boa, no mundo, que vira vinho cão.
A jecaria, com dinheiro, percebeu
rapidinho que havia, no vinho, um imenso filão com egos vaidosos e endinheirados
que queria e podia gastar à vontade e então por que não faturar, ainda mais, em
cima dos trouxas?
Mais uma vez aparecem os
inconvenientes dessa combinação:
1. Enólogos criativos e talentosos são obrigados a
escolher entre passar fome ou trabalhar para empresários e produzir vinho pasteurizado.
2. Desastre ambiental declarado e sacramentado. Os novos
ricos chegam comprando tudo, inclusive licenças para desbastar áreas que
outrora eram santuários ou reservas ecológicas, esquemas de irrigação acabam
com o lençol freático que deixam um solo salino e o aquífero mais seco que
bacalhau. Se há alguma justiça poética, nessa coisa, é que muitos são obrigados
a lidar com incêndios de proporções gigantescas que, em parte, eles ajudaram a
fomentar.
3. Aumento exorbitante no preço de terra e impostos acaba
convencendo os viticultores em vender suas vinícolas e deixar a tradicional
atividade.
4. Vinhos que viram objetos de culto "empurrados"
por caríssimas campanhas de marketing, canetas de vida fácil (ótima definição
cunhada pelos pestes italo-brasilienses) justificando, assim, o investimento astronômico
e que outrora podia ser alcançado, por qualquer um com, boa vontade e um pouco
de conhecimento de enologia e viticultura.
Não quero dar aqui uma de sociólogo de bar, mas a
jecaria com dinheiro distorce o mercado, distorce o paladar, cria barreiras
culturais e econômicas ao consumo, deprime vendas e lucros (a não ser para
eles).
Talvez as palavras desse enólogo sejam uma boa
definição para o mau gosto que vai além da taça, mas causa ainda mais danos a uma
parcela grande da sociedade.
Bonzo
Esse comportamento de manada já tem uns 30 anos. Vinhos padrão "Schwarzenegger" e altamente manipulados quimicamente(leveduras industrializadas, correção de acidez, taninos em pó, etc) já é uma prática comum na cantina é prática comum desde a década de 80. Assim, o que eu faço é procurar vinhos com 40 ou mais de idade, quando essa prática ainda não era tão comum. Hoje temos barolos que já são consumidos com 5 anos de idade. Um barolo autentico pede um mínimo de 10 anos(quando não manipulado quimicamente) ou mais.
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