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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

DEPOIS DO VENDAVAL


 


Não tenho provas, mas tenho a firme convicção de que Spurrier levou uma bela grana para promover o "Julgamento de Paris" e , acreditem, acho que ele mereceu.
 
 
 

Spurrier, que conhecia bem os franceses, soube, com rara perspicácia, explorar a imensurável soberba vinícola dos gauleses.

Algumas ponderações

Lembram da luta em que Mike Tyson perdeu o título para James Buster Douglas?

Tyson, que demolira, até então, todos seus adversários, subiu ao ringue sem a preparação adequada.

 Mais preocupado com baladas e eventos mundanos subestimou o oponente com a certeza de obter fácil vitória.

 
Tyson foi nocauteado, por Buster Douglas, no 10º assalto

Com os franceses, aconteceu exatamente a mesma coisa.

Do alto de seus pedestais, bordaleses e borgonheses, aceitaram o convite, acredito, com enfado e nonchalance: "Saco, vamos acabar logo com esta palhaçada....."
 

 A soberba ofuscou a mente dos franceses que, inocentemente, não perceberam a armadilha: Estava em jogo, naquele julgamento, o futuro da viticultura americana e a aposta valia um mar de dólares para os produtores californianos.

Os franceses foram habilmente manipulados do começo ao fim.

Os "juízes", pesos pesados do mundo enológico francês, ficaram com cara de otários e os vinhos californianos, que ninguém conhecia até aquela data, do dia pra noite se transformaram nas vedetes da enologia mundial.

 
Golpe de mestre...... Palmas para Spurrier (o espúrio?)

Os bastidores

 Os juízes ficaram com cara de palerma?

Não todos.... Odette Kahn,redatora chefe da "Revue du Vin de France",  a mais lúcida entre os onze jurados, desconfiou do resultado e pediu para rever suas anotações e  notas.

Spurrier não concordou e não atendeu a solicitação.
 

 Odette Kahn o acusou várias vezes de ter falsificado o resultado, mas Spurrier, que já havia conseguido seu intento, seguiu em frente sem dar a mínima para as queixas da madame Kahn.

Palmas para Spurrier II.

Quem ganhou?

Imaginem, por um instante, o Barcelona, de Messi, Neymar, Suarez, Iniesta e Cia. aceitar o convite para jogar, contra o "São José do Ribamar Esporte Clube", lá no Maranhão.

Se o Barcelona ganhasse, de 37- 0, não seria novidade nem notícia de primeira página.
 

Se, todavia, o São José do Ribamar, por uma cagada homérica, metesse um gol e vencesse o Barcelona, no dia seguinte, Bruno Chocolate, Arcinho e Juninho Pindaré, jogadores do time local, seriam olhados com respeito e até contratados por clubes famosos.

Onde quero chegar?

O "Chateau Montelena", que na disputa ofuscou os Chardonnay da Côte D'Or, foi comprado pelos franceses "Château Cos d'Estournel" por 110 milhões de dólares.

O "Stag’s Leap Wine Cellars", que pulverizou os Cabernet Sauvignon de Bordeaux, foi adquirido , por 185 milhões de dólares pela americana "Ste. Michelle Wine Estates" e pela italiana Antinori.

O enólogo do Château Montelena, Mike Grgich, um ano depois, do "Julgamento de Paris", conseguiu abrir sua própria vinícola.

Todos se deram muito bem.

 E os franceses?

 Bem, os franceses ficaram com seus saltos altos.....
 

Depois do Vendaval.

Há duas uvas que conheço bem: Chardonnay e Riesling.

Não sei quantas garrafas já provei de Chardonnay e Riesling, mas posso garantir que não foram poucas.

Chardonnay italiano, espanhol, argentino, chileno, brasileiro australiano, sul africano, americano etc.

Muita porcaria, vários bebíveis, alguns bons, mas nenhum excepcional e que pudesse ofuscar, por exemplo, um Criots Bâtard Montrachet, Blanchot Dessus, Les Dents de Chien e muitos outros da Côte D'Or.

No rol não inclui, na lista acima, o Montrachet.

 Por razões mais que óbvias, o Montrachet é incomparável!

Provei, quatro vezes, o "Château Montelena".

É um bom Chardonnay, mas, comparado ao Criots Bâtard Montrachet do Hubert Lamy, é uma piada, uma piada cara, como todos os vinhos da Antinori.

Bons Chardonnay, do mesmo nível do Château Montelena, há inúmeros, até no Chile e na própria Califórnia.
 
 

Acredito que, até com tapa-olho, eu conseguiria distinguir um Montelena de um Criots.

O que teria ocorrido, então, com os paladares treinados e experimentados dos juízes em 1976?

Os "OU"

Ou Mike Grgich fez "mágica" na adega com os famosos "pozinhos misteriosos"

Ou dentro da garrafa californiana o vinho era francês.

Ou Spurrier foi espúrio
 

Antes que pedras me sejam atiradas, seria bom lembrar que o dinheiro corrompeu até os puros e ilibados bolsos de nossos políticos.

Assim....

Bacco

3 comentários:

  1. O Jean Claude Cara mora no Brasil e em Beaune , tinha um restaurante em Ourinhos ,mas não sei se é confiável. O QUE SEI É QUE NAO É COMERCIANTE. Ele compra os vinhos e envia apenas 3 garrafas que é o máximo permitido pelos correios. O Cara , como sempre mete a mão. Se vc entrar no Google France , digitar Batard Montrachet Bachelet Ramonet prix aparecerá o vinho, que ele te quer vender por 280, por 131,30 Euros. É um ladrão. Mais uma coisa: Vinhos de 1971-1983-1990? Está doido! É bem provável que estejam mais mortos que PT. São vinhos para colecionador , não para bebedor.

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  2. e segue o arrivismo com uva Niágara e tudo que se tem direito...

    http://projetodraft.com/cercado-de-plantacoes-de-cana-roberto-decidiu-plantar-uvas-italianas-hoje-vive-de-vinhos-e-do-turismo/

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    Respostas
    1. Então teremos vinhos produzidos na região de Ribeirão Preto?

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