Facebook


Pesquisar no blog

terça-feira, 27 de outubro de 2015

PINOT NOIR ITALIANO I



Houve um tempo ,quando comecei a escrever sobre vinhos, em que acreditei poder elevar o nível da crítica brasileira relatando minhas experiências.



Hoje me sinto um abobalhado e maltrapilho Don Quixote das taças tupiniquins.

A crítica nacional continua amadora, ridícula e dominada por um pequeno exército de aproveitadores e frequentadores de bocas-livres patrocinadas por vinícolas e importadoras.

Não conheço críticos piores e despreparados do que os brasileiros.
Exagero?

Imagine, por um segundo, o Edward "I Don't Speak English" Motta crítico de vinhos de uma das mais importantes revistas européias.


Imagine, sem morrer de tanto rir, o bufão Didu Bilu Tetéia conseguir patrocínio, de alguma vinícola européia, para comentar vinhos em seu "Blog-Blefe".

Impossível, inimaginável?



Não, não é!

 Um, dos "expoentes" de nossa critica vinícola, já navegou (ainda navega?) pelas paginas da "VEJA".

  O outro ganha dezenas de gravatinhas borboleta para elogiar qualquer vinho importado pela Expand.

Os patéticos personagens, mencionados, são apenas dois palhaços do imenso circo da crítica vinícola brasileira.


Voltemos ao vinho e à seriedade.

Como disse, eu acreditava na necessidade de levar aos enófilos brasileiros informações corretas, honestas e que somente visitando as regiões vinícolas seria possível escrever e comentar, com segurança, os vinhos lá produzidos.

Piemonte, Toscana, Veneto, Marche, Liguria, Emilia Romagna, Lombardia, Úmbria, Friuli-Venezia Giulia, sem falar da Borgonha, Alsácia etc. foram, várias vezes, minhas metas vinícolas preferidas.
Em minhas "vagabundagens etílicas" nunca pensara, todavia, no Trentino-Alto Adige.

 Comecei a me interessar, por aquela região, quando os comentários elogiando os Pinot Noir produzidos na província de Bolzano, se tornaram mais constantes, insistentes.



"Ótimos, Maravilhosos, Grandes"! Eram alguns dos adjetivos mais comuns que chegavam aos meus ouvidos quando alguém comentava os Pinot Noir produzidos na belíssima região italiana.

Para me familiarizar e tirar dúvidas provei alguns.

 Gostei, mas não me entusiasmei e fui deixando para segundo plano o mais badalado Pinot Noir italiano.

Um belo dia, visitando a linda Soave, à procura de algumas boas garrafas de Garganega, pensei: "Em uma hora e meia posso alcançar Egna e experimentar, na fonte, os renomados Pinot Noir "altoatesini".



Sem mais delongas peguei a autoestrada e antes do jantar já estava hospedado no bom "Hotel Andreas Hofer" em Egna.

Egna (Neumarkt em alemão, primeira língua local), pouco mais de 5.000 habitantes, limpa, ordenada, charmosa, tranquila.

O que mais?

Ah, sim.... Fontes de água potável em todos os cantos e belos pórticos medievais.


 Os pórticos, naquela noite de intensa neblina, luz difusa e de impressionante silêncio, pareciam cenário perfeito para um filme de terror.
Ia esquecendo... Um frio paralisante.

Caminhando rapidamente, para não congelar, encontrei, bem no centro da vila, um restaurante (já escrevi sobre o assunto) de se tirar o chapéu: "Jonhson & Dipoli".


O local é tocado pelo incrível Enzo De Gasperi.

 Imagine uma vila medieval, você caminhando sob pórticos assimétricos e mal iluminados, uma assustadora e espessa neblina, nem uma viva alma por perto e apenas o som de seus passos e de sua respiração....

Se não fosse ateu, acreditasse mortos-vivos, fantasmas ou vampiros, teria voltado apavorado para o hotel.


Quando já não esperava nada de especial, a não ser uma prosaica pizzeria, bem no final dos pórticos um belo e acolhedor restaurante parecia me convidar. 

Entrei.



Belo bar, pequenas salas minuciosamente decoradas, ambiente "vintage", muito calor, simpatia e uma carta de vinhos impressionante.

 Grande variedade (Itália e França em primeiro lugar), etiquetas prestigiosas, garrafas raras e caras, safras antigas, que Enzo, o proprietário, sem cerimônia, abria e servia em taças de finíssimo cristal.



Não pense no Real, esqueça o câmbio por uma noite e deixe Enzo seduzir seu paladar e..... estuprar seu cartão.

Sim o Jonhson & Dipoli é caro , mas creia , vale a pena! 

Antes do jantar resolvi beber um espumante.

Consultei a lista do quadro-negro e escolhi, sem muita delonga, um "terceiro melhor espumante do mundo" (o segundo é o gaucho) e pedi uma taça de "Haderburg Pas Dosè".



"Ótimo espumante! Um dos melhores da Itália".

Meu comentário provocou risos e Enzo replicou "Ainda bem que você elogiou..... Olha o tamanho do produtor".

Olhei para o "alemão" que estava bebericando em uma mesa próxima e tive que concordar: O homem, gigantesco, tinha mãos que pareciam duas retro escavadeiras....  

Cin-Cin, bom papo, algumas risadas, várias dicas e. perdi a conta de quantas taças inclusive de Pinot Noir.

Depois do jantar, com todas as indicações, que necessitava para o dia seguinte e "protegido" pelas generosas taças de vinho que multiplicaram minha valentia, enfrentei, claudicante, mas valoroso, frio , neblina , fantasma, vampiros e outros perigos.




Em poucos minutos cheguei, são e salvo, ao Hotel.

Bacco

Próxima matéria: As colinas do Pinot Noir.



Um comentário:

  1. Já bebi bons Pinot Noir da Elena Walch. e Franz Haas. Estou curioso para saber o que você achou dos que bebeu da região.
    Salu2

    ResponderExcluir