Perdi a conta de quantas vezes ensaiei uma visita ao restaurante
“L’Antica Corona
Reale”, considerado, por muitos gourmets, o melhor da
região.
No final de maio, finalmente, deixei a preguiça de lado e
reservei uma mesa para o almoço.
Minha opinião: “L’Antica Corona Reale” é um
restaurante que deveria ser meta obrigatória de todos aqueles que apreciam uma
excelente mesa.
Entre as muitas razões, além da cozinha, serviço, adega,
sofisticação etc. há, também, sua história: “L’Antica Corona Reale”
nasceu, há exatos 200 anos (1815) e sempre pertenceu à família Rivalta.
O restaurante, atualmente, sob a batuta do chef Gian Piero Rivalta,
consegue a primeira estrela Michelin em 2003 e a segunda em 2009.
É difícil acreditar que um restaurante em Cervere, aldeia sem
atrativos, totalmente desconhecida, salvo pela excelência de seu alho porrô, fora
do centro turístico de Alba, faça sucesso por longos 200 anos, consiga alcançar
duas estrelas da famosa guia vermelha e seja uma unanimidade quando o assunto é
alta cozinha.
Pois bem, acabei de ingressar na legião de admiradores da “L’Antica
Corona Reale” é concordar em apontá-lo como o melhor restaurante da
região.
“Bom dia, há uma mesa para hoje? ”
A interlocutora, atenciosa, me informou que, infelizmente,
para a noite de sábado, o restaurante estava completo.
“E para o almoço? ”
Minha insistência foi bem-sucedida: a moça confirmou uma mesa
para as 13 horas.
Um belo aperitivo em um dos ótimos bares da Piazza Savona, um
passeio pela via Maestra, uma parada para bater um papo com meus amigos da enoteca
“GV Grandi Vini” e finalmente, deixei Alba e
rumei para Cervere.
O “L’Antica
Corona Reale” é tão discreto, tão anônimo que, apesar de ter passado
duas vezes por ele, tive que mandar o GPS às favas, pegar o telefone e pedir
mais informações para encontrá-lo.
Corrigida a rota, finalmente, entrei no restaurante onde uma
gentil garçonete me conduziu até minha mesa na varanda.
O local é sóbrio, elegante, refinado, sem ostentação.
A varanda, mais parecida com uma estufa de flores, em
compensação, é deslumbrante.
A primavera europeia, quando chega, parece querer se vingar da
neblina, gelo, tristeza e explode em cores e flores.
A varanda do “L’Antica Corona Reale” as lindas glicínias,
brancas e azuis, fazem festa primaveril ..... Uma alegria.
A alegria continua quando a competente sommelier, Maria
Teresa, oferece um aperitivo
“O senhor
prefere um Franciacorta Ca’ del Bosco, Cavalleri ou vamos de Champagne? Abri,
agora mesmo, uma garrafa de Bollinger, mas posso servir, caso queira, uma taça
de Bruno Paillard”
Optei pelo Bolliger que foi servido em taça de cristal e com rara
abundância.
Para almoçar, após sérias duvidas, optei por
“Ravioli di Gorgonzola con Crema di Mandorle Caramellate” (Ravióli de
Gorgonzola com creme de amêndoas caramelizadas)
“Trippa com Porri di Cervere e Lenticchie di
Castelluccio” (Tripa com Alho Porrô e Lentilhas)
“Piccione su Vellutata di Sedano Rapa Noci e Tartufo Nero” (Pombo
com creme de salsão, nozes e tartufo preto).
Enquanto esperava os pratos, as garçonetes, em incessante
vai-e-vem, me ofereceram quatro amuse bouche de arrepiar.
De tanto arrepiar e para esquentar pedi mais uma taça de
Bollinger.....
Deleguei os vinhos à Maria Teresa que foi hábil do começo ao
fim.
Para os raviólis
sugeriu e serviu uma taça de “Château Guiraud 1er Grand Cru Classé”
O Bollinger continuou acompanhando a tripa e o pombo navegou em
um ótimo Barolo Pira 2009.
Enquanto degustava, com calma, os pratos, me perguntava o
porquê de minha demora em frequentar a cozinha e adega do “L’Antica Corona Reale”.
A única resposta sincera: BURRICE!
Pedi a conta, me preparei para o pior....Pensei que receberia
uma “facada” tipo “Acquavit”
Para quem não sabe, o Acquavit foi um restaurante “pirata” brasiliense,
tocado por um dinamarquês, que fechou por não possuir alvará e não pagar
impostos e que cobrava preços estratosféricos.
Os 105 Euros, da conta, foram arredondados e uma nota de cem
voou de minha carteira para o cofre de Gian Piero Rivalta.
Grande chef, grande restaurante, grande satisfação...
Bocca
PS. Todos os pratos
executados magistralmente, mas a tripa, a simples e barata tripa, me emocionou.
Prato pobre e dos pobres,
a tripa, do “L’Antica Corona Reale”, é tão perfeita que voltei no dia seguinte para
repetir a dose.
Que maravilha! Salivei ao ler a descrição. Imagino que o Guiraud fez par perfeito com o Ravioli, não?
ResponderExcluirSalu2
Tripa é o máximo!
ResponderExcluirEles falam que o menu é individual e da para um umas trinta pessoas comerem !
ResponderExcluirespumante brasileiro é o segundo melhor do mundo... mas já custa mais caro que o primeiro:
ResponderExcluirhttps://www.wine.com.br/vinhos/espumante-salton-lucia-canei/prod13441.html
https://www.wine.com.br/vinhos/champagne-jacquart-brut-mosaique/prod6361.html
Eduardo, God dag.
ExcluirEu desconfio de perfumaria, sugar coating, reboque etc em garrafa de vinho. De homenagens a matriarcas eu fujo ainda mais.
Champagne direto a consumidor por R$ 150.00? Esses caras ainda vao F com as importadoras tradicionais. RA!
SDS
120 para sócios, JR. E penso que estão f....o com as importadoras tradicionais há algum tempo!
ExcluirSão todos uns picaretas ! o que espanta é o exército de otários que os defende . Predadores do vinho.
ResponderExcluirDionísio
Mais um belo relato!
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