Falar de vinhos, no estilo B&B, é atemporal.
Sem a preocupação da notícia fresca, da informação imediata ou
urgente, deixei para o final meus comentários sobre os três melhores produtores
que participaram da “VINIDAMARE” em santa Margherita.
Enquanto percorria os corredores da Villa Durazzo, onde
dezenas de vinícolas expunham suas garrafas, imaginava o que aconteceria, no
Brasil, se eventos como o “Vinidamare” fossem comuns, corriqueiros, semanais como acontece em muitas cidades italianas.
Acredito que os
assíduos frequentadores de bocas-livres, blogueiros, (de)formadores de opinião,
membros da AB$, $BAV, etc., viveriam em
permanente porre.
Mesmo na sofisticada e exclusiva Villa Durazzo pude notar vários
“profissionais” da região trocando pernas.
Dez Euros não assustam ninguém, razão pela qual há enófilos
que frequentam os encontros com o firme propósito de encher a cara.
Não adianta cuspir: Um pouco de álcool é sempre bebido.
Minha “técnica” continua a mesma: Selecionar meia dúzia de
produtores (com o tempo se adquire a manha e é fácil descobrir os melhores),
degustar com calma e abandonar os eventos, no máximo, após uma hora de
libações.
Outra possibilidade: Encontrar algum representante amigo (conheço
vários...) e pedir conselhos sempre preciosos.
Em matéria anterior revelei que Paolo Cogorno, representante
de algumas vinícolas regionais e de uma dúzia de Maison
de Champagne, me indicou o
caminho das pedras e sem perder muito tempo fui direto ao que havia de mais
interessante.
As garrafas mais importantes, do encontro, vinham das “Cinque Terre” e de
Albenga.
Comecemos com os vinhos das”
Cinque Terre”.
O território vinícola das “Cinque Terre”, que começa em Monterosso, passa por Vernazza, Corniglia, Manarola e alcança Riomaggiore, se estende,
em linha reta, por pouco mais de 9 quilômetros, mas é um dos mais incríveis e
belos que eu conheço.
As vinhas são cultivadas em declives tão acentuados que
precisam de terraceamentos para poder viabilizar o plantio, manutenção e
colheita.
Os terraceamentos, construídos há séculos pelos ciclópicos
lígures e hoje tombados pela Unesco, abrigam as três uvas autóctones, Albarola, Bosco
e Vermentino, que dão vida à DOC “CINQUE TERRE”.
A DOC “Cinque Terre” coloca no mercado
270/300 mil garrafas por ano.
Produção pequena (a Salton, sozinha, infesta o mercado
nacional com quase 30 milhões de garrafas) que é toda consumida na Ligúria, particularmente,
nas aldeias que compõem a DOC.
O vinho “Cinque Terre” não é um vinho
excepcional; é um vinho de boa qualidade, mas que não deveria custar tanto (10/15
Euros nas enotecas).
Apesar do preço salgado o vinho não conhece crise.
A razão?
Somente nos meses de junho a setembro 350/400 mil turistas visitam,
todos os anos, as famosa cinco aldeias lígures.
Nos bares, restaurantes, enotecas, o vinho local é fartamente
consumido e, não raramente, adquirido como souvenir.
Façam as contas e perceberão que, com um canal de venda quase exclusivo,
300 mil garrafas praticamente evaporam.
A grande procura e a falta de conhecimento vinícola da turista
contribuem para que o Cinque Terre
DOC,
na sua versão mais popular, seja um vinho nada além de sofrível.
Neste cenário, de muita facilidade nas vendas e pouca
preocupação com a qualidade, há, ainda bem, meia dúzia de produtores, com
inventiva e seriedade, que se destacam: Sebastiano Catania é um deles.
Catania, em seu terreno de 0,5 hectares localizado na colina
denominada Vetua, ao sul de Monterosso, extrai 3.000 garrafas de um soberbo vinho
branco, que por sua cor um pouco mais escura, do que a recomendada pela
denominação, não obteve a DOC.
Catania, apresentou o vinho duas vezes ao consorcio regulador
da DOC e em ambas não recebeu o reconhecimento.
O seu “VÈTUA”
não é DOC, mas Sebastiano não se importa com a exclusão e continua
vinificado, suas 3.000 ótimas garrafas, com dedicação, inteligência e adicionando,
às tradicionais Albarola, Bosco e Vermentino, outras três raríssimas uvas locais
quase desconhecidas: Picabun, Brugiapagià e Frappella
O resultado é um vinho
com aromas de flores, vegetação mediterrânea, que na boca chega ser quase tânico,
muito longo, surpreendente e com uma personalidade única e inconfundível.
O VÈTUA é
um grande Cinque Terre que recomendo com entusiasmo.
Nada mais errado: O Vètua,
que custa entre 15/18 Euros, é encontrado em inúmeras enotecas e restaurantes de Monterosso, Vernazza, Riomaggiore, Manarola, Corniglia.
A invasão de turistas brasileiros, nas Cinque Terre, me faz
crer que o Vètua
será, em breve, degustado por muitos leitores de B&B
Confira.
Bacco
PS. Na próxima matéria vinhos de Battè , Capellini e De Andreis.
oba, Bacco está de volta!
ResponderExcluirRecomendo a trilha de Monterosso a Vernazza, e o vinho claro!!!
ResponderExcluirBelo relato Bacco!
ResponderExcluirAbraço
Eduardo
Visitei Cinque Terre hoje com minha esposa e almoçamos em Manarola.
ResponderExcluirComemos peixe harmonizado com uma meia garrafa do vinho branco da Societá Agricola Cooperativa - Riomaggiore pela bagatela de 13 euros. Vinho bem simples que não justificou o preço.
Só pelas vistas valeu a pena.
Amanhã é dia de conhecer Santa Margherita Ligure e Portofino.
Parabéns pelo blog.
Realmente o Cinque Terre não vale quanto custa. Estou em Santa margherita. ..qiem sabe a gente se encontra. ...
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