Quando escrevi sobre o território da Côte D’Or e critiquei a
decisão dos viticultores de Chassagne-Montrachet que, por motivos financeiros,
substituíram as vinhas de Pinot Noir pelas mais rentáveis de Chardonnay,
deveria repensar e moderar minhas críticas.
Se os franceses
relaxaram um pouco e adaptaram o “terroir” às suas carteiras, o que dizer então
dos toscanos, especialmente os da Maremma?
Os vignerons franceses
apenas substituíram parte de suas vinhas de Pinot Noir com outra casta: O
Chardonnay, que está presente no território desde sempre.
Chassagne-Montrachet, quando e se comparada à Maremma, parece
um convento franciscano.
A Toscana vinícola, atual,
poderia ser comparada à casa da mãe Joana
A Toscana recebeu da natureza dadivas que dificilmente são
encontradas em outras regiões italianas.
História, cultura, arte, berço do renascimento, fascínio sem desde
sempre, paisagens amenas que a cada curva da estrada se renovam...
Poucos são os cenários
tão exaltantes quanto os da Toscana.
Como se tudo isso não bastasse há uma eno-gastronomia rica e
famosa em todo o mundo.
Todos estes atrativos seduzem
8 milhões de turistas estrangeiros por ano.
É o charme da Toscana....
Mas, se a natureza foi prodiga com o território, há os
viticultores toscanos que tentam, de todas as formas, desfigurar um patrimônio
vinícola de rara importância.
Qual o vinho mais lembrado e que mais se identificava com a Itália?
Qual vinho italiano mais badalado, respeitado e famoso do
mundo?
Se você pensou no Brunello di
Montalcino acertou mais uma
vez.
Os toscanos sabem vender, como poucos (parecem franceses…),
suas incríveis aldeias medievais, seus belos castelos, sua fascinante história,
cultura, mas quando o assunto é “vinho”, extrapolam os limites do bom senso,
mandam às favas o passado, a tradição, a cultura vinícola, se entregam aos modismos, ao
imediatismo e elegem o dinheiro, seu rei.
Muita sede de dinheiro, muita esperteza (no mau sentido)
causaram danos nem sempre reparáveis à viticultura regional.
Se tivesse que fazer uma comparação, o Piemonte, com suas
milhares de pequenas propriedades, seria a Borgonha e a Toscana, dos nobres,
castelos e grandes empresas vinícolas, a região de Bordeaux.
Sabe quantas denominação há de Chianti?
Nem eu......
Se eu fosse afirmar que conheço todas e que as conheço
profundamente, estaria mentindo.
Há tantas, tão variadas, que nem os toscanos sabem ao certo.
Chianti
Classico, Chianti Colli Senesi, Chianti Rufina, Chianti Colli Aretini, Chianti
Colli Pisani, Chianti Colli Fiorentini e sei lá qual mais...
Confesso não ter o mínimo interesse em conhecer todas as
denominações do Chianti , aliás, afinal existe o Chianti?
Se você tem mais de 60 anos e bebe há pelos menos 40, não reconhecerá,
nas modernas garrafas, o antigo Chianti: o atual é Chianti que “parle français”
Na próxima matéria: Anti-Terroir II
Bacco
Ah seus pestes, estao censurando comentarios, que feio.
ResponderExcluirEu ja cansei da busca sem fim pelo vinho de terroir, perfeito como a natureza o fez. Que venham os supertoscanos com 18 uvas francesas dentro desde que sejam honestamente feitos.
Tem tempranillo na toscana gostoso (caro para oscaralho) tambem.
Nao daria para ficarmos somente nas uvas dos etruscos.
Acho que tem tanta bomba de laboratorio por ai que se o vinho for bem feito, com um minimo de "mao do homem", ja esta bom.
Censuramos o que, quem e quando? Continue bebendo supertuscans , afinal foram "inventados, para os americanos , japoneses , russos, chineses....
ExcluirVamos erradicar , todas as castas "etruscas" e plantar Merlot ?
Valeu
Bacco,
ResponderExcluirEntendo sua preocupação com a internacionalização dos vinhos toscanos (mesmo que muitos deles sejam de excelente qualidade). No próximo artigo, por favor, cite o nome de alguns vinhos de produtores que você considera que ainda mantêm a tradição, e que podem ser encontrados no Brasil.
Salu2,
Jean
No próximo artigo citarei alguns Chianti que obviamente não serão encontrados no Brasil : Os importadores se interessam apenas por vinhos baratíssimos ou de grandes etiquetas.
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