Nos últimos 30/35 anos muitos vinhos italianos passaram por mudanças radicais nas técnicas de vinificação e no “blend” de uvas, mas poucos
foram tão agredidos quanto o Chianti.
Todos os vinhos do mundo (Borgonha, fora) sofreram ataques,
por parte da indústria do vinho (grandes produtores), o que privilegiou maior
concentração, cores impenetráveis, uniformidade de sabores, maciez, tempos mais
curtos de maturação, madeira em profusão...... vinhos marmelada.
A mentalidade industrial esmagava, mais uma vez, a sabedoria
agrícola e imolava, no altar do mercado consumidor (americano-parkeriano), tradição,
cultura, identidade, território.....
Era chegada a hora de “merlotizar e
cabernetizar” o Chianti.
Adeus à antiga “formula” do barão Ricasoli, “vade retro”
Malvasia, Trebbiano, Colorino: Chegou a hora do Chianti internacional, do
Chianti com sotaque francês para americano beber.
Por algumas décadas deu certo, mas o mercado deu uma guinada.
Os gostos, as tendência
foram mudando; aos poucos, lentamente, continuaram mudando e não pararam mais:
Hoje o consumidor não quer mais muita concentração, cores impenetráveis, álcool
em excesso, muita madeira e, especialmente, percebeu que os as indústrias vinícolas
lhe impuseram um incalculável número de vinhos todos iguais, vinhos que não exprimem
território, vinhos sem identidade.
Quando o consumidor bebe um Chianti “cabernemerlotizado” é difícil diferenciá-lo
de um australiano, sul africano, chileno, americano….
Simplificando: O Chianti “moderno” parece um belo prato de lasanha
à bolonhesa que, para agradar aos paladares americanos, lhes adicionam meio
quilo de ketchup.
Hoje o consumidor, ao beber um Chianti, quer sentir Toscana,
perceber sotaque toscano, quer um vinho que lhe recorde Radda in Chianti e não Napa
Valley.
O resultado?
Todo o dinheiro e tempo que a indústria do vinho gastou para
vender a ideia que o bom Chianti é o Chianti com sotaque francês deverá ser reinvestido,
agora, para convencer o consumidor que o barão Ricasoli tinha razão: O bom Chianti
deve ser toscano, ter terroir toscano.
O caminho de volta será penoso, difícil e o “Gallo Nero”, símbolo
do “Chianti Classico”, deverá lutar bravamente para reconquistar o respeito e a
credibilidade perdidas, mas já se percebe um sem número de produtores que estampam
na etiqueta: “Sangiovese 100%”.
Quando a madeira em excesso, também, sumir voltarei a beber
Chianti.
Entao selecione uns bons Chiantis puramente toscanos e sem madeira, pois semana que vem estou chegando
ResponderExcluirMelhor vc beber Barolo , Barbaresco, Barbera, Taurasi, Gattinara, Brunello....
ResponderExcluirpor falar em Taurasi, Bacco, um minuto de silêncio (e um post sobre, talvez?) pelo falecimento recente do grande Antonio Mastroberardino, que deu à Aglianico uma segunda vida.
ExcluirPara mim foi um dia muito triste quando constatei que Bordeaux esta cabernetizando, merlotizando as uvas da regiao.
ResponderExcluirIdiotas esses franceses.
Não é Bordeaux/Frances que faz isso. Não são eles que plantam Cabernet e Merlot na Itália, Portugal ou Espanha. O problema é quem é corrompido.
ExcluirBoa conversa. Lembrando que o fato de ser feito com uva autoctone nao garante um vinho perfeito, inesquecivel. Eu so tomo lixo malbec frances de Cahors.
ResponderExcluirUma mesclada com uvas estrangeiras vem bem por vezes.
Não afirmei que uvas autóctones sejam garantia de qualidade . Estou falando de anti-terrior.
ExcluirNão credito que uvas mescladas sejam uma boa pedida. Os franceses plantam Barbera ? mesclam seus vinhos com Nebbiolo? Adicionam Garganega aos brancos?
Cada macaco no seu galho.A Itália não precisa de castas francesas . A Itália precisa de seriedade.
Concordo. Nem uvas autóctones garantem qualidade, nem as "estrangeiras" significam que vão gerar vinhos ruins. É uma questão de identidade. Alinho-me com seu pensamento, de que a Itália não precisa de castas francesas, assim como Portugal.
ExcluirSalu2,
Jean
Aproveitando a conversa, quem vai comprar o novo Brrrrrrrrrrunello por miseros 350 R$? Tem até o "autor" dando entrevista e falando de Terroir no seu blog preferido. Toma um Engov e dá uma olhada lá.
ResponderExcluirChianti sem madeira? Sabe de nada inocente!
ResponderExcluirBobão , onde vc leu "Chianti sem madeira?
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