O dia da semana que mais temo é sexta feira.
Há anos, sempre às sextas, Bacco, Dionísio ,eu e eventualmente
alguns amigos, costumamos almoçar nos restaurantes da nossa capital.
A escolha recai quase sempre sobre Gero, Piantella ou Antiquarius
que são, unanimemente, considerados os melhores da cidade (o “Da Rosario” foi
excluído do nosso roteiro desde o dia em que cobraram de Bacco R$ 9,00 por três
fatias de pão).
Meu pavor alcança níveis altíssimos quando a nossa jurássica Liana
Sabo anuncia, em sua coluna “Favas (mal) Contadas”, justamente às sextas feira,
a abertura de mais um restaurante em nossa cidade.
Todos os restaurantes, que abriram suas portas nos últimos 10 anos
e que nos criticamos negativamente, tiveram trágico fim: Trocaram proprietários,
nomes, cozinha etc. ou fecharam os batentes.
Exagero?
Cadê, só para citar alguns, I
Maestri, L’Altra Toscana, Zuu, Cielo, Viene Qua, Alice, Família Capelli
e outra meia dúzia que agora não recordo?
Todos foram, merecidamente, para o espaço quando incorreram no
mesmo erro: Muita decoração, muita pretensão e nenhuma cozinha.
Nossa Marcia de Windsor das panelas candangas na apresentação
do ‘LIMONCELLO”, último rebento da gastronomia brasiliense, comenta e revela a
filosofia da casa.
A leitura deixa transparece, nitidamente, a falta de profissionalismo
do casal e aponta, desde já, que o novo local não emplacará 2015.
Os erros de sempre se repetem e se multiplicam sem que ninguém
ajude os empresários com uma crítica construtiva e, ao mesmo tempo, ácida.
Lá vai, então, a minha “ácida” colaboração: Não basta ter sido
caixa do “Orvieto” há 20 anos e muito menos ter “…participado de workshops com chefes de sua
predileção, como Roberta Sudbrack e Luciano Boseggia” para tocar
um restaurante.
A primeira bobagem aparece no cardápio:
“... despontam pratos típicos de regiões turísticas,
como Cinque Terre e Costa Amalfitana”.
Nossos jovens restaurateurs desconhecem totalmente a
gastronomia italiana e que as cozinhas, das duas localidades, são totalmente
diferentes e distantes uma da outra: Ligúria e Campânia
não condividem os mesmos molhos.
Erros ridículos e primários inclusive de grafia:
1)
Risoto (o risoto perde, como de costume,
um” T” mas para compensar o Barollo, na carta de vinhos, ganha
um “L”) de
polvo grelhado.
2)
Bacalhau assado ao forno com batatas- ovo de codorna,
cebola alho e lagosta com risoto (outra vez…) de abobora e queijo brie,
Nenhum
dos dois pratos faz parte da culinária das Cinque Terre e muito menos a da Costa
Amalfitana.
Corrigindo e alertando: Risotto é um prato
típicos das cozinhas do norte da Itália (Piemonte, Lombardia, Veneto).
Brie é um queijo francês e os
cozinheiros lígures e campanos nem sabem que existe.
Será que o bacalhau abandonou
Lisboa e se mudou com as batatas assadas para Vernazza ou Amalfi?
Ridículo......
3) Medalhão grelhado envolto em presunto de
Parma com molho de vinho do Porto e mel acompanhado de risoto (again...)
parmesão
4)
Suave polenta ao molho de linguiça toscana...
Cinque Terre e Costa Amalfitana servindo polenta com linguiça
toscana e medalhão com presunto de Parma?
A cozinheira precisa urgentemente estudar geografia e gastronomia:
Nenhum prato do menu pertence à tradição culinária das regiões mencionadas.
Chegou a hora de escolhermos os pratos.
Mais tragédias anunciadas!
O Steack au Poivre (prato típico de Positano.... Rsrsrsrsrs) sem pimenta,
adocicado, péssimo
A minha memória não encontrou nem lembrou de nenhum pior: O
steack ao poivre do “LIMONCELLO” é um
insulto à receita.
O risotto, que acompanhava o medalhão (frio), já estava pronto
desde às 8 da manhã e parecia reboco de parede.
A cozinha do “LIMONCELLO” é
primária, ridícula.
O serviço, como sempre, lastimável.
O garçom, sem que ninguém pedisse, foi colocado na mesa o
couvert.
Dionísio, desconfiado como sempre, quis saber o preço daquele
monte de pão
“Vinte e um reais”, informou o
garçom.
O couvert retornou para a cozinha….
Pedimos água com gás.
Outro garçom,
atendendo meu pedido, trouxe uma garrafa.
No escurinho da sala o
esperto funcionário, sem cerimônia nem pudor, abriu ½ garrafa de San Pellegrino.
Quando percebi a “sacanagem” (sim, é pura sacanagem...) quis
saber o preço.
O funcionário, sem jeito, quase se desculpando, informou que a
água, do santo italiano, custava, módicos, R$ 15.
Pequena conta: Se não tivéssemos devolvido o couvert e a água
San Pellegrino, o almoço, antes de começar, já somaria R$ 36+3,60(10%)= R$ 39,60.
Os proprietários instruem os funcionários para depenar, sem dó
nem piedade os clientes como se fossem um bando de otários.
O “LIMONCELLO”, quando
deixar de ser novidade e mais novo “point” da turma do Instagram e Facebook,
iniciará sua lenta, mas inexorável descida para a vala comum onde repousam
Maestri, Alice, Cielo, Zuu......
Bocca