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segunda-feira, 6 de outubro de 2025

FOSDINOVO E SEU CASTELO

 


 

Continuo firme na decisão de não mais visitar os consagrados e mais badalados pontos turísticos da Europa.

Exemplo: Apesar de morar perto de Portofino (4 km) não visito a famosíssima aldeia há mais de 6 meses e nem penso em voltar a colocar os pés de Roma, Paris, Veneza, Londres, Madrid, Lisboa, Barcelona etc.



Cansei de ficar horas na fila para visitar museus, igreja, monumentos, pontos turísticos, ser mal atendido e ter a carteira estuprada em bares, restaurantes, hotéis, B&B. e similares.

Próximas de Santa Margherita Ligure, minha residência italiana, há dúzias e mais dúzias de lindas aldeias medievais, desconhecidas, livres da insuportável horda dos turistas “selfie-pizza-coca-cola”, que merecem uma demorada visita.



Foi assim que, pesquisando com cuidado, conheci as interessantes Bobbio, Bardi, Vigoleno, Brugnello, Torrechiara, Castell’ Arquata, Campo Ligure, Pontremoli etc.

Semana passada resolvi passar um dia na misteriosa e “desconhecida” Fosdinovo.



Fosdinovo, pequena aldeia medieval, mergulhada nos Apeninos toscanos, quase na divisa com a Ligúria, guarda, em seu território, um castelo do século XII que, por si só, vale a viagem.

Bem conservado, o castelo pertence, desde 1340, aos nobres Malaspina.



 Os descendentes dos Malaspina e atuais proprietários, os Marqueses Torrigiani Malaspina, o transformaram em uma refinada residência, onde eventualmente transcorrem algumas temporadas, um museu onde os visitantes podem apreciar coleções de moedas, cerâmicas, armas, instrumentos de tortura, quadros, móveis etc. e em um refinado B&B



Como todos os castelos medievais o de Fosdinovo, necessita, também, de constantes manutenções e cuidados.



Os Malaspina, que desde o século XI não são bobos, cobram 10 Euros/pessoa pelas visitas guiadas e para aumentar o faturamento, na ala do B&B, há um espaço para ricos e exclusivos casamentos.



Para se ter uma ideia, do valor de algumas peças expostas no museu, os Marqueses Torrigiani Malaspina, quando resolveram construir o B&B e o espaço para núpcias, decidiram vender um mosquete do século XVI.



O dinheiro obtido, com a venda da antiga arma, foi mais que suficiente para realizar a reforma e decorar todas as novas instalações do castelo.



Mistérios, lendas de bruxas, lobisomens, fantasmas etc., estão presentes em todas as aldeias medievais e Fosdinovo não foge à regra......



N castelo dos Malaspina há inúmeras lendas, mas as duas mais conhecidas e como quase sempre trágicas, são a de Bianca Maria Aloisia Malaspina e da Marquesa Cristina Pallavicini.

Diz a lenda que Bianca Maria, filha do marquês Malaspina, se apaixonou por um criado do castelo (amor impossível na idade média).

Furioso, com aquele amor “plebeu”, Giacomo Malaspina matou o amante da filha e a emparedou, em seu quarto, com cachorro e uma cabeça de javali.

Conta, a lenda, que nas noites de lua cheia o fantasma de Maria perambula pelo castelo acompanhada por um cão e um javali.

A Marquesa Cristina Pallavicini era conhecida por ser malvada, traiçoeira e devassa.

Cristina, teve muitíssimos amantes que eram vistos entrar em seus  aposentos, mas nunca e ninguém os viu sair...



No quarto da marquesa, até hoje, é possível notar, ao lado da cama, a presença de um alçapão cuja função era esconder um profundo poço repleto de laminas cortantes e pontiagudas.

Conta, a lenda, que depois de satisfazer sua luxúria carnal, Cristina sorrateiramente abria a alçapão e empurrava o exausto e semiadormecido amante no mortal buraco

Para não ter que conviver com maus odores dos corpos em decomposição, a marquesa ordenava que jogassem, com muita frequência, abundante cal virgem no poço.



Dois comoventes exemplos de “ternura “ praticada, com muita frequência, pelos nobres na idade média.....

A visita matinal termina as 11 horas e permite um passeio   pelas duas únicas ruas da aldeia e suas três igrejas.



Outra atração, imperdível, em Fosdinovo é a “Trattoria Quinta Terra”.

Um antigo estábulo, localizado bem na entrada do castelo, hospeda, hoje, um ótimo restaurante.



Preços convidativos, matéria prima boa qualidade, cozinha tradicional, mas com toques criativos, a “Trattoria Quinta Terra” é um endereço que recomendo com entusiasmo.



Ia esquecendo......Quinta Terra, também produz pouco mais de 7.000 garrafas de seu próprio vinho.



No almoço provei o Vermentino dei Colli di Luni “Tziveta”, da casa e....  Gole vai, gole vem, bebi três taças.



Não sou um admirador dos “Vermentino” lígures ou toscanos, pois os considero bem inferiores, em qualidade e complexidade, aos primos da Sardenha, mas o “Tziveta” me surpreendeu, assim, após infrutífera negociação para obter desconto, desembolsei 30 Euros e  comprei 2 garrafas.

Confira

Bacco