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quarta-feira, 18 de junho de 2025

CAPITEL TENDA

 



 Quando você acredita que, depois de longos anos seus sentimentos “calejaram”, nada mais poderá ainda lhe surpreender, a vida já desfilou todas suas belezas e também horrores, eis que aparece, à sua frente, Edward Murphy que, sorridente e irônico, murmura: “Bacco, relaxe…tudo sempre pode piorar”.



Apesar de não conseguir imaginar um Brasil pior, Murphy está certíssimo... continuamos ladeira abaixo.

Após quase duas semanas sem inspiração, sem assunto e pior, sem a mínimo vontade de escrever, eis que o patético Brancaleone , que mora no amago do meu ser, volta a empunhar sua espada, monta seu “infiel” Aquilante e retorna à luta para falar de Picolit, Boca, Carema, Pelaverga, Timorasso, Avanà , Gamba di Pernice, Rossese Bianco, Rossese di Dolceacqua, Carica l’Asino, Freisa, Susumaniello, Passerina, Pecorino e dezenas de outros vinhos raros, mas não caros, para uma plateia que, em sua maioria (80%), bebe Chalise, Dom Bosco, Cantina da Serra, Pérgola, Chapinha , Catafesta, Campo Largo, Country, Mosteiro e outras “tremendas bostas”.



Murphy tem infinita razão....

Vamos tentar “suavizar” um pouco meu amargor etílico e não somente etílico, descrevendo a agradável surpresa que Valéria, sommelier da “Vineria Machiavello”, de Santa Margherita Ligure, me proporcionou ao indicar e quase impor, uma taça do “Capitel Tenda”, um ótimo Soave da vinícola Fratelli Tedeschi.



Não conheço outro vinho que possua um nome tão delicado e perfeito como o “Soave”.

Soave, estupenda aldeia veneta, nasce há mais de 1.000 anos, mas os séculos não conseguiram diminuir o grande fascínio da aldeia que conserva, dentro de suas majestosas muralhas medievais, um belíssimo castelo e um centro histórico de tirar o folego



Não sei quantas vezes visitei Soave na tentativa de descobrir sempre algo mais de seu território, vinho, cultura etc.

Recomendo ao eno-turista, que elegeu Verona como meta principal, uma parada na pequena Soave para descobrir, com calma, todos seus encantos medievais, suas paisagens e naturalmente, seu grande vinho.



O Soave sempre foi um dos meus brancos prediletos e minha preferência, após várias comparações, "repousou" nas garrafas produzidas por Imana, Suavia, Prà, Tamellini, Pieropan.

Na lista dos “meus prediletos” faltam, todavia, os insuperáveis “Capitel Croce” e “Capitel Foscarino” vinificados pela “Azienda Vinicola Anselmi”.



Anselmi, por não concordar com as limitações impostas pelo “Consorzio Tutela Vini Soave, ” decidiu abandonar a DOC e DOCG e adicionar, à “Garganega”, uvas internacionais e engarrafar sem a denominação “Soave”.

Com DOC ou sem a DOCG, Anselmi, produz alguns dos melhores brancos da Bota.... Confiram.



Voltemos ao “Capitel Tenda”, mas antes vamos “ajudar nossos “sommerdiers”, crítico$, influencer$, youtuber$ e outros eno-ignaros a descobrir o que significa “Capitel”



Capitel, em dialeto véneto, é uma pequena capela dedicada a um santo ou divindade por devoção ou graça recebida.

Quem quiser aprofundar seus conhecimentos da região, recomendo um percurso, conhecido como “I 10 Capitelli di Soave”, que serpenteia entre vinhas e campos e simula, também, a “Via Crucis”.



O “Capitel” vinícola, todavia, tem um significado totalmente diferente: “Capitel” é o cru do Soave.

O “Capitel Tenda”, da Tedeschi, é um vinho que considero o “companheiro de todas as horas”.



Sua cor dourada, seus aromas delicados e florais, suas notas minerais, o paladar fresco harmonioso e longo final, fazem do “Capitel Tenda” o companheiro ideal desde o aperitivo matutino, o almoço com peixes ou massas leves, a tradicional taça no final da tarde e finalmente o jantar.

O “Capitel Tenda” da Tedeschi não oferece a mesma estrutura e complexidade dos primos Prà, Pieropan, Suavia, Imana etc., mas é mais fácil de beber e custa a metade (8/10 Euros).



Soave “Capitel Tenda DOC”?

Imperdível.

Bacco

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