Uma rápida olhada confirmou que minha adega estava mais que
pronta para disputar, com as “colegas” de Marajá do Sena, o troféu de a pior do
Maranhão.
Dia frio, nublado..... Que tal uma visita à vinícola Nicola
Bergaglio, em Gavi, para comprar algumas garrafas de seu ótimo “Minaia”? (5,5
Euro/garrafa)
Casaco pesado, blusa de lã, capuz, cachecol e.....Gavi, estou
chegando.
O trânsito descomplicado permitiu uma viagem rápida e tranquila,
assim, em menos de uma hora, toquei a campainha da adega dos Bergaglio.
Pai e filho, apesar da temperatura polar de -3º, estavam
trabalhando nas vinhas.
Fui recebido pela matriarca que, sem muito papo e tremendo de
frio me atendeu ...... Quinze minutos e duas caixas de “Minaia’, depois, já
estava estacionando o carro e caminhando para alcançar um dos três bares da
praça principal da cidade (e única), para relaxar e beber uma taça de “Gavi”.
Dos três bares apenas um estava com as portas abertas.
Aviso para os eno-navegantes: Janeiro é o melhor mês para
visitar a “Gavi-Transilvânia” e conhecer locações onde poderiam ter sido
rodados vario filmes de terror.
Gavi, em janeiro, se
assemelha a um cemitério gelado e silencioso.
Quase todas as lojas, bares, restaurantes e até o famoso,
imponente e milenar forte, que domina a cidade, fecham as portas.
Há sempre os mais inteligentes e argutos que, aproveitando, a
falta de concorrentes, continuam trabalhando e faturando muito mais que
normalmente, haja vista, que o bar, onde calmamente bebericava o meu Gavi
Broglia, estava lotado.
Quase uma hora e duas taças mais tarde a fome apertou.
Paguei a conta e
iniciei minha “via crucis” à procura de um restaurante.
La Cantina del Gavi”, Peccati di Gola”, “Trattoria dei “Fuenti”,
“Antichi Sapori” todos silentes, fechados e apenas “Osteria Piemontemare” oferecia suas mesas
e pratos para mitigar minha fome.
Lembrei de duas trágicas experiência gastronômicas, das quais
felizmente sobrevivi, na deplorável “Osteria
Piemontemare” e continuei minha busca.
Bingo!
O ótimo “Ristorante la Canonica”, calorosamente, me
oferecia abrigo e comida.
Em “La Canonica” certa vez provei “Ravioli al Vino Rosso” que me deixaram babando e de queijo caído, assim, esperançoso, perguntei pelo prato.
“Hoje temos ravióli
cozidos no vinho branco ao molho “burro e sálvia” (manteiga e sálvia).
Olhei para a garçonete e com olhar incrédulo perguntei: “Cozinham no
vinho branco? ”
A moça caiu como uma pata e....”Cozinhamos o ravióli
na panela, com metade de água e metade de vinho branco, em seguida passamos na
frigideira com burro e sálvia”
Pronto... A garçonete deu a única dica que me faltava para
“descobrir” a receita: Como cozinhavam os
ravioli
É bom lembrar que “Burro e Salvia”
eu preparo até no escuro e de olhos fechados.....
O prato surpreendeu positivamente e com satisfação repasso a
receita aos leitores de B&B.
INGREDIENTES (2 pessoas)
1 pacote de ravióli, cappelletti ou tortellini (há boas marcas
no mercado; uma delas é a Paganini)
Uma garrafa de vinho branco (aconselho o Sauvignon Blanc da Tarapacá
que é bom e barato e combina muito bem com o prato), manteiga, sálvia, queijo
Parmigiano ou Grana,
PREPARO
Despeje, em uma panela, 1 litro de água, o vinho branco e leve
à fervura.
Enquanto a água ferve, coloque em uma frigideira ½ tablete de
manteiga, folhas de sálvia (6/8) e frite em fogo médio sem deixar queimar as
folhas.
Quando a água alcançar a fervura jogue os raviólis e na panela e aguarde o cozimento (o tempo necessário é sempre indicado na embalagem)
Rale o Parmigiano, adicione uma pouco no molho de manteiga e sálvia
e misture.
Quando a massa estiver no ponto, coe, junte ao “burro e salvia”, amalgue bem, adicione o restante do Parmigiano, sirva e....Buon appetito!
Neste ponto, uma pequena, mas importante dica: Experimentei a
receita três vezes e a que mais me convenceu foi quando adicionei, ao molho de manteiga,
uma pequena xícara de vinho branco um minuto antes de juntar o ravióli.
Vinho? Um bom branco chileno.
Bacco