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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

O VELHO E BOM LAMBRUSCO 2

 


Apesar do mal causado, ao mundo do vinho, pelos empresários, investidores, artistas, multinacionais, esportistas e todos os espertinhos que “desembarcaram” nas adegas, nas últimas décadas, é preciso reconhecer, admitir e tirar o chapéu para os que conseguiram agregar incrível glamour (e preço) às suas garrafas.



Para ridiculizar o discurso, dos que tentam argumentar e defender o preço absurdo de alguns vinhos, é preciso lembrar que o custo de produção de uma garrafa de Romanèe-Conti é quase o mesmo de uma de Clos-Vougeot Gran Cru, no entanto a primeira custa 60 vezes mais do que a segunda.

 Poderia continuar apresentado astronômicas diferenças de preço entre vinhos bastante parecidos, até na qualidade, mas seria uma matéria muito longa e cansativa

Lembro, ainda, que a possibilidade de pagar uma fábula por um Romanèe-Conti falsificado é imensamente maior do que ser sodomizado na compra de um Clos-Vougeot “batizado”.



O “vinho-moda” enriqueceu inúmeros vivaldinos em todos os cantos do mundo (até no Brasil onde uma predadora picareta anuncia um espumante submarino por indecentes R$ 3.500), mas os dias de glória, do vinho glamour, parecem, até que enfim, caminhar rapidamente para o crepúsculo dos deuses (.....saudade de Billy Wilder).



A moda, dos que praticavam o “beber-e-aparecer”, parece declinar e perder espaço para rivais até mais ousados: os antigos abonados-abobados bebedores de etiquetas estão perdendo seguidores, no Instagram, para o novos abestados-sobre-duas-rodas que conseguem orgasmos múltiplos ao ostentar suas bicicletas de 100 mil, ou até mais, Euros.


Trek Madone – Kaws: USD 160,000

Deixemos o mundo irreal dos abonados-abobados, seus Romanèe-Conti e bicicletas que custam mais do que uma BMW M3 COMPETITION e voltemos ao mundo real, dos que não são políticos corruptos, presidentes de estatais, jogadores de futebol, influencers; o mundo daqueles que não conseguem ganhar durante toda vida o que eles faturam em um mês.



O pior legado, que os Parker e Cia. nos deixaram, foi ter endeusado uma centena, ou pouco mais, de etiquetas e nos “obrigar” a venerar e beber garrafas dos produtores que lhes enchiam os bolsos com $$$$$.

E tome Masseto, Sassicaia, Barolo Monfortino, Pera Manca, Amarone Dal Forno, Pingus, Alma Viva, Don Melchor.....Don Melchor?



Sim, a Wine $peculeitor concedeu 96 pontos ao vinho chileno e o elegeu como o melhor do mundo 2024.

Quanto será que a Concha Y Toro desembolsou pela eno-piada do ano? (Aceitamos sugestões....).

Durante décadas fomos escravizados por uma corja de picaretas que nos “obrigaram” a beber pontos e esquecer como era bom meu Grignolino....



Mas o consumidor está vagarosa e decididamente buscando novos rumos e velhas taças.

Chega de vinhos muito alcoólicos, pesados, impenetráveis e parecendo marmelada.

Viva os pequenos-grandes vinhos esquecidos e que agora retornam às taças especialmente àquelas dos jovens, jovens que dão uma banana aos Parker-Boys, seus pontos, bicchieri, estrelas e outras sandices do gênero.  

Vinhos desprezados pelo crítico$, jornali$ta$, revista$, $ommelier$, etc. estão de volta e, nos wine bar, já encontramos Bardolino, Grignolino, Schioppettino, Albarossa, Schiava, Rubesco, Freisa, Calosso, Avanà, Valpolicella, Bonarda, Lambrusco...



Lambrusco?

Sim, caros eno-tontos, o velho, bom, barato e alegre Lambrusco está de volta e agora para ficar.

Bacco

Continua

PS Peço perdão aos nossos críticos, sommeliers, jornalistas, por ter mencionado vinhos que eles desconhecem totalmente:



 Schioppettino, Albarossa, Schiava, Rubesco, Calosso, Avanà