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quinta-feira, 17 de abril de 2025

BANALIZAÇÃO

 


Não lembro, exatamente, quando deixei de seguir guias, críticos, gurus eno-gastronômicos.

Acredito tenha sido um processo lento, mas inexorável, que culminou com o total desprezo por toda e qualquer indicação eno-gastronômica que exalasse o mínimo resquício de $$$$.

  “Os dez melhores vinhos da Itália”, “Os vinte melhores vinhos brancos da França”, “O melhor restaurante do Piemonte”, “Melhor sommelier do mundo”, “10 melhores produtores de Barolo”........



No começo os anúncios, acima, me seduziam, mas com o passar dos anos bastava ler: 96 pontos, os 10 melhores, o melhor, o estrelado, os 3 bicchieri, fulano recomenda, sicrano aponta, beltrano indica, etc. que imediatamente procurava outros assuntos.

Havia percebido que tudo e todos eram movidos apenas por $$$$$ e as indicações, pontos, estrelas, “bicchieri” etc., eram tão confiáveis quanto os conhecimentos eólicos da Dilma Rousseff.



Não escapava ninguém!

Renomados produtores, importadores, críticos, enólogos, revistas, sommelier etc., todos faturavam alto e todos ficaram (mais) ricos às custas de enófilos cegos e otários (eu, incluso....).

Eram os anos dos Parker, Suckling, Rolland, Robinson, Veronelli e outros monstro$ $agrados das taças.



Lembro que, quando Parker & Cia “soltavam” um 90/95 pontos, corria, feito um Usain Bolt, à procura das etiquetas indicadas pelos deuses das garrafas.



O “Usain Bolt”, das etiquetas premiadas, um belo dia, depois de uma longa “corrida à procura do “Barbera la Spinetta Vigneto Gallina 1997”, efusivamente elogiado por todos os sommelier, críticos, revistas, sites, etc., cansou e parou de correr.





O Barbera, “Vigneto Gallina”, daquele ano, foi um dos vinhos mais premiados da Itália, considerada o melhor Barbera em absoluto, assim, desapareceu rapidamente das enotecas

Era praticamente impossível encontrar uma simples garrafa

 Frustrado e resignado, como todo bom eno-tonto, seguidor dos “Papas” das taças, já havia desistido do “Gallina” quando, por um (in) feliz acaso, o encontrei em uma enoteca de Orta San Giulio.



 Comprei a garrafa, desembolsando três ou quatro vezes mais do que custava, à época, um bom Barbera, deixei a “joia” dos Rivetti descansar alguns dias e finalmente, uma bela tarde, quase trémulo de emoção e desejo, abri a garrafa e......Uma tremenda bosta.



Madeira em excesso (lembrava uma serraria), demasiada concentração, vinho pesado tanto quanto o mais, até, do que o rinoceronte da etiqueta, um Barbera parkeriano de cor escura, impenetrável, quase preta, “transpirando” muito enólogo, química, adega, mas nada de vinhas e distante léguas dos verdadeiros Barbera, frescos, frutados, alegres, fáceis de beber e rei das “piole” (botecos típicos do Piemonte)



Lembro que nem terminei a garrafa e, naquele exato dia, mandei todos os críticos, sommelier, revistas às favas.

 O Barbera Gallina me fez decidir, finalmente, a prestigiar e seguir meu paladar, nariz, gostos e desgostos: Queria errar e acertar sem ninguém me monitorar ou sugerir o que, quando e em qual copo beber.



Finalmente livre, dos ditadore$ das taças, descobri que Gaja, Giacosa, Conterno, Biondi Santi, Dal Forno, Quintarelli, Romanèe-Conti, Château Mouton Rothschild, Vega Sicilia & Cia, contumazes “sodomizadores” de enófilos de todos os cantos do mundo, já haviam ganho milhões e não precisavam mais de meus tostões.....



Graças ao “Barbera Gallina 1997”, dos (argh) Rivetti, redescobri e “desenterrei” os tintos, Pelaverga, Gamba di Pernice, Lessona, Ghemme, Fara, Gattinara, Bramaterra, Carema, Freisa, Doux d’Henry, Grignolino, Chambave, Schiava, Susumaniello, Ormeasco, Rossese di Dolceacqua, Ruchè, Torgiano, Sagrantino, Lacrima di Morro d’Alba, Taurasi, Piedirosso, Cannonau, Bardolino, Lambrusco, e dúzias de outros vinhos que já não recordo.

Pensei “ Finalmente livre! ”

https://www.youtube.com/watch?v=8XavF7iSha8

Estava redondamente enganado....

Os “monstros sagrados”, das décadas de 1970/80/90, caminhavam lentamente para o “Crepúsculo dos Deuses” (grande Billy Wilder), levando nas malas muita grana, mas, também e infelizmente, charme, elegância, sofisticação e conhecimentos.



No campo de batalha, os vencidos, pelos anos e pelas redes sociais, deixavam um imenso campo aberto que foi tomado, rapidamente, por um “brancaleónico” exército de sommelier, críticos e “influencers”, arrivistas picaretas, etc.



  O exército mais ridículo e despreparado da história.... O exército do “segundo melhor espumante do mundo”



Começava, no Brasil, a era da “BANALIZAÇÃO”



Continua

Bacco

quarta-feira, 9 de abril de 2025

MASSETO OU CAREMA?

 


Nenhuma outra bebida soube se valorizar, imitando com rara felicidade e perfeição o mundo da moda, como o vinho.

O viticultor, mãos calejadas, pele queimada pelo sol, trabalhando nas vinhas, desde o amanhecer até ao entardecer, é figura de um folclórico passado que existe e persiste apenas na mente dos inocentes e otimistas eno-panglossianos.



O produtor moderno se dedica mais às finanças, marketing, conquistas de mercado, expansão etc. e tenta desesperadamente se tornar um Vuitton, Prada, Dior, Zegna etc., das garrafas.

Não há nada que limite ou iniba as tentativas dos famosos e grandes produtores (ética, honestidade, nem pensar…), de enfiar, sempre mais fundo, a mão no bolso dos incautos bebedores de etiquetas que querem, custe o que custar, aparecer nas redes sociais.



Nenhuma outra região vinícola alcançou tão rapidamente sucesso e preços astronômicos como a Bolgheri dos famosos e caríssimos “Supertuscans”.

Os Frescobaldi, proprietários da Masseto-Ornellaia, são, também, nobres toscanos que não conseguem conter o riso ao ver um verdadeiro mar de eno-palermas que continuam fazendo fila para comprar suas insultuosamente caras garrafas.



Toscana Rosso IGT “Masseto” 2017 - Tenuta Masseto

995,00 €


Os eno-palermas, escravos-Instagram, gastam verdadeiras fortunas para fazer um “selfie” enquanto bebem uma taça de Masseto (1.000 Euros), Ornellaia (220 Euros) ou condimentam uma “caprese” com “Olio dell’Ornellaia” (30 Euros ½ litro), mas será que sabem o que estão bebendo ou usando para olear a salada do Peppino di Capri?



Difícil saber, mas o que aparece, na documentação, mostrada pelo “REPORT”, confirma que, também, os Frescobaldi, da Ornellaia-Masseto, compraram 30.000 litros de vinho a granel da já velha conhecida e manjada “Cantine Borghi”.

Pois é.... os eno-palermas-Instagram acreditam que os Supertuscans da Ornellaia-Masseto, conforme está escrito no contra etiqueta da vinícola, são produzidos com uvas provenientes de vinhedos próprios e vinificadas em suas adegas em Bolgheri.



Na realidade 30.000 litros, “importados” por 2/3 Euros cada, são incorporados à preciosas garrafas que serão vendidas por 60-200-1.000, ou até mais, Euros.

Você, experto enófilo, pensará: “Como e possível transformar uva de qualquer região, ou até de mesa, em um Supertuscan? ”



A pergunta será respondida pela “Vinicola Vedovato Mario”, sediada na cidade Trebaseleghe (Veneto), que com trabalho “sartoriale” (sob medida) reproduz, na cor, aroma, gradação alcoólica etc. qualquer vinho que lhe seja encomendado.

https://www.vinicolavedovato.com/

Leia:

Un ascolto attento

Nella fase iniziale ci confrontiamo con te, raccogliendo tutte le informazioni necessarie per tradurre le tue richieste in un prodotto dalle caratteristiche ben definite. Per questo, ti incoraggiamo a condividere indicazioni il più possibile specifiche sulle caratteristiche analitiche e organolettiche che il prodotto finale dovrà avere.

.

 

UMA ESCUTA ATENTA

Na fase inicial vamos nos encontrar para colher todas as informações necessárias para poder satisfazer suas demandas e realizar um produto com características bem definidas. Para isso o encorajamos a compartilhar indicações mais especificas possíveis sobre as características analíticas e organolépticas que o produto deverá ter no final.

Na realidade o que acontece no caso específico da Masseto-Ornellaia?

A famosa vinícola de Bolgheri compra 30.000 litros de vinho da “Cantine Borghi” que em seguida os envia à “Vinicola Vedovato Mario”.

A Masseto-Ornellaia, por sua vez, despacha, à “Vedovato”, algumas garrafas, de seus produtos, as quais serão analisados nos laboratórios da “Vedovato”



Depois de minuciosa análise das amostras da Masseto-Ornellaia, os competentes químicos da “Vedovato” iniciam a manipular os 30.000 litros da “Cantine Borghi”.

Depois de alguns dias, de meticulosos experimentos, provas, correções, finalmente os vinhos, de 3/4 Euros da Borghi, ganham uma nova identidade: “Supertuscans”.



Terminada a “clonagem” o vinho, de 3/4 Euros, volta, em caminhões cisternas, para Scandicci , em seguida viaja até Bolgheri onde será engarrafado, etiquetado e vendido por 30-40-60 ou, quem sabe, por até 220 Euros.

Se o eno-palermas-Instagram acreditam que somente as duas vinícolas toscanas os enganam, com suas dispendiosas garrafas, erram mais uma vez: Muitas etiquetas “Vinho-Moda” praticam as mesmíssimas picaretagens

Quer saber quais? Procure conhecer quais são os clientes da “Cantine Borghi” e “Vinicola Vedovato Mario” e.... Esqueça o Masseto de 1.000 euro, vá até os “Cantina Produttori Nebbiolo di Carema” onde, pela mesma quantia, você compra 50 garrafas do ótimo Nebbiolo “Carema”.



Garanto, que após o primeiro gole de Carema, até o mais ferrenho eno-palerma-Instagram votará ao normal e mandará os vinhos-moda à  #8%*£p

Dionísio

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

AS RAPOSAS DAS UVAS

 



Um comentário na matéria de Bacco, “Beber Bem Em Santa Margherita 2”, chamou minha atenção.

Anônimo21 de março de 2025 às 20:19

* minha pergunta sobre qual região italiana é mais rentável no vinho não foi testando sabedoria, curiosidade e interesse por informação. ( não precisa publicar )

Por um feliz acaso, há poucas semanas, assisti, na televisão italiana, alguns programas dedicados às falcatruas que periodicamente atingem, emporcalham e desacreditam o panorama vinícola da Bota.

É preciso lembrar que, com um faturamento de 13 bilhões de Euro, o vinho é um dos maiores, se não o maior, produto agrícola da Itália e tem peso importante na economia do país.



A importância do setor exigiu a criação de diversos consórcios, rígidos controles, normativas, disciplinares, limitação de plantio, etc. que, apesar das severas penas, são constantemente burlados.

“REPORT”, dedica uma serie explosiva sobre as falcatruas que são praticadas na Toscana e em especial, pasmem, na badalada Bolgheri região onde nascem os famosos e dispendiosos “Supertuscans”.

Que a Toscana, desde sempre, soube se “vender”, com maestria, é mais que notório.



A prova cabal, desta afirmação, é comprovada pelos 47 milhões de turistas que, em 2024, visitaram, Firenze, Pisa, Lucca, Siena San Giminiano, Pienza, Montepulciano, Montalcino, Arezzo, Cortona Monteriggioni etc.

 Mais uma dica: Bastaria lembrar quantos filmes Hollywood dedicou à região para confirmar que os toscanos são excelentes “vendedores” de seu território.



Mais provas?

Qual o vinho emblemático, icônico, que mais se identifica com a Itália?

Se você pensou naquela da garrafa, empalhada, de Chianti, acertou na mosca.



Os toscanos, todavia, não são exatamente santos e muito menos puros, quando o assunto é vinho.

Bacco, por exemplo e em várias matérias, alertou que os toscanos Biondi-Santi não eram nem um pouco confiáveis ao declarar, despudoradamente, que seus vinhos poderiam ser bebidos e apreciados, no auge de suas características, mesmo depois de um século.



 “REPORT”, em sua reportagem, pulveriza a seriedade dos nobres produtores (nas veias, de quase todos os maiores empresários vinícolas toscanos, corre sangue azul) ao revelar as incríveis falcatruas praticadas pelos famosos e nobres engarrafadores de Sassicaia, Ornellaia, Masseto, Solaia, Guidalberto, Le Difese, Tignanello, Le Volte, Serre Nuove etc.



Na primeira parte da série, “As Raposas das Uvas”, apresento e comento as revelações de “REPORT” sobre as picaretagens praticadas, na “Tenuta San Guido”, de propriedade dos nobres, Incisa Della Rocchetta, que deixam a nobreza de lado quando sentem o cheiro de grana, de muita grana....

Segure seu Sassicaia, aí....



“REPORT” descobriu, através de minuciosa investigação, que nem todas as uvas utilizadas na produção do “Sassicaia”, “Guidalberto” e “Le Difese” são originarias da “Tenuta San Guido”.



A “bolgherese”, Tenuta San Guido, produz, média/ano 1.000.000 de garrafas com as etiquetas de “Sassicaia”, “Guidalberto”, “Le Difese” com as quais, a nobre produtora, obtém incríveis resultados financeiros (60% lucro líquido sobre o faturamento).



As vezes o clima não ajuda.

 Muita chuva, seca prolongada, reduzem a colheita e não há cachos suficientes para produzir o costumeiro um milhão ou até mais de garrafas

Até mais, alguém perguntará?

Sim, quando há uma maior procura nem os nobres dormem no ponto e.....

Quando um ou os dois fatores mencionados se apresentam, os nobres Della Rocchetta recorrem sorrateiramente às “Cantine Borghi” como, por exemplo, em 2023 quando “Tenuta San Guido” comprou, da vinícola, localizada em Scandicci, nada menos do que 418.000 Euro de vinho a granel.



 O volume adquirido equivale, aproximadamente, a 250.000 garrafa o que representa nada menos do que 1/4 da produção da “Tenuta San Guido”.  

É preciso informar que a Cantine Borghi” é uma empresa gigantesca, que não produz nem um cacho de uva, mas compra milhões de hectolitros de vinhos da Toscana, Puglia, Abruzzo, Emilia-Romagna, Veneto etc. e os revende aos “necessitados” quando ocorrem os fatores que mencionei no parágrafo anterior.



Há mais picaretagens, mas revelarei na próxima matéria.

Uma coisa salta aos olhos: Os eno-palermas continuam pagando preços altíssimos por etiquetas “batizadas” com vinhos de 2/3 euros o litro.

Dionísio

segunda-feira, 24 de março de 2025

BRUNELLO PARA ENO-PALERMAS

 


Confesso que tentei encontrar uma palavra, motivo, razão, algo, enfim, que pudesse revelar o pensamento, a visão, a diretriz, dos que comandam o departamento comercial da Mistral

Seriam eles cômicos, sádicos, gênios, gozadores ou, quem sabe, incompetentes? 



Há anos a importadora-predadora trata os enófilos brasileiros como fossem perfeitos imbecis, que podem ser manipulados, enganados, explorados e insultados em sua inteligência.

Uma prova?



Já abriu, algumas, ou muitas vezes, garrafas imprestaveius compradas nas famosas “liquidações” da Mistral?

Já pagou preços astronômicos por etiquetas europeias nada além de banais?

Já percebeu o sorriso maroto do vendedor, que lhe considera um palerma, no exato momento em que você decidiu levar para casa um Brunello di “Montalcino Biondi Santi Riserva 1999” por insanos, indecentes, vergonhosos, mirabolantes R$ 21.321,42?



Percebeu o escarnio dos ridículos 42 centavos?

Pois é.... Está mais do que na hora de mandar a Mistradora (Mistral-Predadora) à §#w@&.


Se você é um rico eno-palerma, bebedor de etiquetas famosas, que vive de aparências, acredita ser herdeiro do Paulo Salim Maluf e costuma limpar o bumbum com notas de U$ 100, está mais que apto para cair no conto do vigário da dupla “Biondi-Santi-Mistral-Brunello –Riserva-1999”” de 3.450 Euros.

Se é, ou não, “Brunello Riserva 1999”, você jamais saberá por duas simples razoes:

 1ª) Quantas garrafas de “Riserva 1999” já bebeu? Uma, duas, nenhuma? Não importa... acho que é quase impossível distinguir, às cegas, um Brunello Biondi-Santi Riserva 1999 de um irmão de 1997-1998-2000 etc.


2ª) Quem garante que aquela garrafa, de insultuosos, insanos R$ 21.321,42, anunciada pela “Mistradora”, não foi “batizada” na origem pelos “Biondi-ma-non-Santi? (Louros-mas-não-Santos).

Os “Biondi-ma-non Santi”, há muitas décadas enganam os enófilos com suas misteriosas práticas de adega e ganharam rios de dinheiro com a multidão dos sempre fieis eno-palermas.

Leia:https://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/10/romanee-biondi-2.html

Os Biondi –Santi, apesar de terem ganho, durante décadas,  rios de dinheiro, com seus vinhos “endeusados”, quase quebraram então.... Christopher Descours (Piper Heidsieck) desembolsou quase de 300 Milhões de Euros e, desde 2016, o Brunello Biondi-Santi aposentou o hino de Mameli e canta a “Marselhesa”...... 

Uma dica totalmente grátis para você que não consegue dormir sem antes beber uma taça de “Brunello di Montalcino Riserva 1999"

 Voando ITA – São Paulo/Roma ida e volta (14/04-20/05) R$ 5.424

 


Aluguel de carro do dia 15/05 a 20/05 = R$ 813

4 dias em “Sogno del Musicista” R$ 1.488

Uma garrafa de Brunello di Montalcino Biondi Santi Riserva 1999 = 512 Euros (R$ 3.175)



 TOTAL= r$ 10.900

Caso sua paixão, pelos vinhos dos ”Biondi ma non Santi”, seja incontrolável, com o dinheiro que sobrou, do quase assalto da Mistral, você poderá comprar meia dúzia, ou mais, de garrafas de Brunello Riserva 1998.



Quando os picaretas se unem, quem perde é sempre o cliente.

Mais uma dica:  os vinhos dos “Louros-mas-não-Santos” são bons, mas não valem o que custam e há, no mercado, ótimos Brunello, por preços mais humanos e que nada devem aos badalados vinhos da “Tenuta Greppo”


Dionísio.

terça-feira, 18 de março de 2025

BEBER BEM EM SANTA MARGHERITA 2

 



O primeiro vinho degustado, como era de se esperar, foi o branco.

Belo vinho, de estrutura média, perfumes sutis, interessantes, muito elegante e no final pude perceber uma leve passagem em barrique o que me fez pensar ser, aquele, um vinho de ponta da vinícola.

Garrafa acima da média que, confesso, beberia, seguramente, mais vezes.



Roberto mostrou a etiqueta e desfez o “mistério”:  “Torre di Giano Vigna del Pino” da Lungarotti.

A Lungarotti não é exatamente uma pequena vinícola.



A produção é de, aproximadamente, 2,5 milhões de garrafas e suas vinhas se estendem por 250 hectares: 230 na propriedade “Torgiano” e 30 na “Montefalco”.



Sempre considerei os dois vinhos base, da Lungarotti, o “Torgiano Rosso - Rubesco” e o “Bianco di Torgiano - Torre di Giano” bons vinhos, honestos e baratos (7/10 Euros) e devo confessar que me entusiasmei com o “Torre di Giano Vigna il Pino” e até pensei comprar algumas garrafas.

O entusiasmo arrefeceu quando Roberto, com voz grave, me comunicou que havia pago, pelo “Vigna del Pino”, 18 Euros e somente poderia me vender algumas unidades por 23 Euros.



O pensamento voou até à vinícola Nicola Bergaglio onde o Gavi “Minaia”, nem um milímetro inferior ao “Vigna il Pino”, me aguardava pelos sempre modestos e honestos 5,50 Euros.

Roberto percebeu minha relutância e sem demora continuou a degustação me apresentando a taça do tinto.

Belo vinho de carregada cor grená, no nariz apresentou aromas de especiarias e na boca se revelou harmônico, aveludado, envolvente.



Roberto apresentou a garrafa e minha surpresa foi enorme.

“Le Pitre”, vinho produzido com 100% de uvas Negro Amaro (tomara que a ministra Anielle “buraco negro” Franco não queira, também, mudar o nome do “Negro Amaro…) Nasce na Puglia e é engarrafado pela vinícola Mottura.



A Mottura faz parte do gigante vinícola italiano, Mezzacorona, grupo que produz, nada desprezíveis, 45 milhões de garrafas.

O que mais me intrigou foi constatar que uma indústria vinícola, como a Mottura-Mezzacorona, conseguiu produzir um vinho tão interessante e de surpreendente qualidade.



O “Le Pitre” é um vinho fácil de beber, de grande personalidade e que, degustado às cegas, cativa até o mais exigente paladar.

O que agrada muito, também, é o ótimo preço do “Le Pitre”: Roberto declarou que pagou pouco mais de 8 Euro a unidade.



Mais um vinho surpreendente do incrível território vinícola do sul da Itália.

Confira!

Bacco