Apesar do mal causado, ao mundo do vinho, pelos empresários,
investidores, artistas, multinacionais, esportistas e todos os espertinhos que
“desembarcaram” nas adegas, nas últimas décadas, é preciso reconhecer, admitir
e tirar o chapéu para os que conseguiram agregar incrível glamour (e preço) às suas
garrafas.
Para ridiculizar o discurso, dos que tentam argumentar e
defender o preço absurdo de alguns vinhos, é preciso lembrar que o custo de
produção de uma garrafa de Romanèe-Conti é quase o mesmo de uma de Clos-Vougeot Gran
Cru, no entanto a primeira custa 60 vezes mais do que a segunda.
Poderia continuar apresentado astronômicas diferenças de preço entre vinhos bastante parecidos, até na qualidade, mas seria uma matéria muito longa e cansativa
Lembro, ainda, que a possibilidade de pagar uma fábula por um
Romanèe-Conti falsificado é imensamente maior do que ser sodomizado na compra
de um Clos-Vougeot “batizado”.
O “vinho-moda” enriqueceu inúmeros vivaldinos em
todos os cantos do mundo (até no Brasil onde uma predadora picareta anuncia um
espumante submarino por indecentes R$ 3.500), mas os dias de glória, do vinho
glamour, parecem, até que enfim, caminhar rapidamente para o crepúsculo dos
deuses (.....saudade de Billy Wilder).
A moda, dos que praticavam o “beber-e-aparecer”, parece declinar
e perder espaço para rivais até mais ousados: os antigos abonados-abobados bebedores
de etiquetas estão perdendo seguidores, no Instagram, para o novos
abestados-sobre-duas-rodas que conseguem orgasmos múltiplos ao ostentar suas bicicletas de
100 mil, ou até mais, Euros.
Trek Madone – Kaws: USD 160,000
Deixemos o mundo irreal dos abonados-abobados, seus
Romanèe-Conti e bicicletas que custam mais do que uma BMW M3
COMPETITION e voltemos ao mundo real, dos que não são políticos corruptos,
presidentes de estatais, jogadores de futebol, influencers; o mundo daqueles
que não conseguem ganhar durante toda vida o que eles faturam em um mês.
O pior legado, que os Parker e Cia. nos deixaram, foi ter
endeusado uma centena, ou pouco mais, de etiquetas e nos “obrigar” a venerar e
beber garrafas dos produtores que lhes enchiam os bolsos com $$$$$.
E tome Masseto,
Sassicaia, Barolo Monfortino, Pera Manca, Amarone Dal Forno, Pingus, Alma Viva,
Don Melchor.....Don Melchor?
Sim, a Wine $peculeitor concedeu 96 pontos ao vinho chileno e o
elegeu como o melhor do mundo 2024.
Quanto será que a Concha Y Toro desembolsou pela eno-piada do
ano? (Aceitamos sugestões....).
Durante décadas fomos escravizados por uma corja de picaretas
que nos “obrigaram” a beber pontos e esquecer como era bom meu Grignolino....
Mas o consumidor está vagarosa e decididamente buscando
novos rumos e velhas taças.
Chega de vinhos muito alcoólicos, pesados, impenetráveis e parecendo
marmelada.
Viva os pequenos-grandes vinhos esquecidos e que agora
retornam às taças especialmente àquelas dos jovens, jovens que dão uma banana
aos Parker-Boys, seus pontos, bicchieri, estrelas e outras sandices do gênero.
Vinhos desprezados pelo crítico$, jornali$ta$, revista$,
$ommelier$, etc. estão de volta e, nos wine bar, já encontramos Bardolino, Grignolino, Schioppettino, Albarossa, Schiava, Rubesco, Freisa,
Calosso, Avanà, Valpolicella, Bonarda, Lambrusco...
Lambrusco?
Sim, caros eno-tontos, o velho, bom, barato e alegre Lambrusco
está de volta e agora para ficar.
Bacco
Continua
PS Peço perdão aos nossos críticos, sommeliers, jornalistas, por ter mencionado vinhos que eles desconhecem totalmente:
Schioppettino,
Albarossa, Schiava, Rubesco, Calosso, Avanà