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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

O VINHO MAIS CARO DA ITÁLIA

 


No mundo do vinho, falsificações, escândalos, picaretagens, pragas, crises, etc., não são raras e seria quase impossível recordar todas.

A praga mais importante, danosa e que causou a maior crise nas parreiras europeias foi, sem dúvida, a filoxera.



A filoxera, em meados do século XIX, atingiu quase a totalidade dos vinhedos do velho mundo e levou ao desespero e falência muitíssimos viticultores.

Depois da filoxera os maiores problemas foram os escândalos e falsificações.



Seria necessário escrever várias páginas para enumerar e lembrar todos os trambiques, mas para refrescar a memória bastaria recordar o do etanol, no Piemonte, em 1986, o do Brunello de Montalcino em 2014, os caríssimos franceses falsificados, em meados dos anos 2000, por Rudy Kurniawan.

Há no horizonte, todavia, uma crise silenciosa, mas muito mais séria, perigosa, que se aproxima lenta, mas inexoravelmente: Bebe-se sempre menos vinho, no mundo, especialmente os tintos.



Culpados?

 Muitos....

A caminhada foi longa, os erros foram vários, os culpados inúmeros e a crise, por incrível que possa parecer, começou quando os consumidores pararam de beber vinho e começar a beber etiquetas.



O “nascimento” dos críticos e revistas especializadas, endeusamento dos enólogos e sommeliers, a demasiada glamourização do vinho e a sede por lucros exagerados, foram os maiores responsáveis pela insana e irreal disparada dos preços (há garrafas que custam tanto quanto ou mais do que um carro)

O vinho virou moda e moda custa muito, então ....



Então, especialmente os jovens, estão migrando para os coquetéis, cerveja (já notaram quantas marcas artesanais, da “loira”, há na Europa?) vinhos com baixíssimo teor alcoólico ou, pasmem, com zero álcool.

É o funeral dos “Robert Parker Boys”, dos pontos, estrelas, taças e outros símbolos ridículos.



Haverá, então, um retorno ao bom senso, normalidade, preços mais “humanos”?

Nem pensar....

Haverá sempre, milionários, jogadores de futebol, políticos, novos ricos, bebedores de etiquetas, enoloides, prontos a comprar e exibir, como troféus, suas garrafas de “griffe”  

 


Já escrevi tantas vezes sobre o assunto que poderia facilmente entrar no caminho da repetição, mas esta semana li uma notícia que me deixou paralisado, de queixo caído e motivou a presente matéria: “O Vinho Mais Caro da Itália”.

O vinho mais caro da Itália, meus caros amigos, não é um Barolo Spers do Gaja, Brunello do Biondi Santi, Barolo Monfortino do Conterno, Masseto do Frescobaldi, Amarone do Quintarelli etc., mas o “Barbaresco Crichet Pajè” da Roagna.



O Barbaresco da Roagna custa, módicos, 1.053 Euros (imaginem o preço no Brasil.....)

Alguém conhece ou já bebeu os vinhos da nova “estrela” dos enoloides-abonados-abobados, “Roagna Azienda Agricola i Paglieri”?

Não?

Eu, já e muito, assim posso afirmar, com segurança, que 53 Euros seriam mais que suficientes para comprar um Barbaresco igual ou melhor, até, do que a o “Pajè” dos Roagna.



Continua

Bacco

2 comentários:

  1. Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, Ronnie Von está pistola com a Enel SP porque está sem luz na sua adega com mais de 2.000 rótulos, imagine se vem uma onda de calor? Tadinho do Ronnie.

    "experimentei certa vez um de safra 1945, o "Vin de La Victoire", o vinho da vitória, lançado quando os Aliados ganharam a Segunda Guerra Mundial. Acredito que hoje um desses está custando US$ 250 mil". Von, Ronnie.

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    1. 250mil doletas??? E o Bacco humildemente comparando vinho a preço de carro. O vinho do Ronnie Von a cada gole é um carro. A garrafa compra uma frota inteira!

      https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/06/30/ronnie-von-conta-experiencia-com-vinho-de-us-250-mil-foi-so-um-golinho.htm

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