Segunda feira fria, chuvosa, triste….. clima quase invernal.
O abril, de Santa Margherita, não queria, teimosamente, abrir
os braços à primavera.
Nenhuma notícia alvissareira, nenhum compromisso, nenhuma
viagem programada, restaurantes quase todos fechados, nas ruas, semidesérticas,
escassos e silenciosos turistas parecendo zumbis tentavam inutilmente encontrar
uma “salvadora” pizzeria.......só me restava beber.
Lentamente, mas
decidido, percorri os 300 metros que separam minha casa da aconchegante “Vineria Macchiavello”.
A “Vineria Macchiavello” é dos
raros bares da cidade que serve taças de bons Champagne e sem assaltar os
bolsos dos enófilos.
Ao abrir a porta do bar, uma surpresa: “Telefonei algumas vezes, mas você não
respondeu. Estamos degustando alguns Champagne e vamos escolher os que serviremos
no próximo verão. Queríamos que você participasse”.
Enrico e Valeria da “Vineria Macchiavello”, Elisa e Matteo, do
restaurante “Angolo 48”, Francesco, do restaurante “Beppe Achilli” e Andrea, sommelier
da “Vineria”, estavam iniciando a degustação de Champagne e vinhos franceses importados
pela “Passion France”.
Sem mais delongas, me aproximei do grupo, peguei a taça que
fora oferecida e iniciei a maratona alcoólica.
Se alguém perguntar o porquê da “maratona” devo esclarecer que,
naquela tarde-noite, degustamos nada menos do que 12 Champagne, 1
Saint-Vèran, 2 Santenay, 1 Chassagne-Montrachet, 1 Meursault, 1 Chablis e 1
Sancerre.
Uma pequena pausa para esclarecimentos....
Jamais entendi e sempre condenei uma das “manias” dos enófilos
brasileiros: A confraria.
Acho que as confrarias são, na realidade, encontros semanais,
quinzenais ou mensais, em que amigos se reúnem para encher a cara.
A quantidade de garrafas, consumidas nas “confrarias”, sempre
é exagerada e nenhuma “sentença” de juiz-bebum é digna de respeito.
Depois do quarto ou quinto copo ninguém tem condições de degustar
e opinar com seriedade.
Você perguntará: “Após 19 vinhos provado
em que estado estavam, então, os
participantes da degustação promovida pela Passion France? ”
Apesar de todos beberem com muita moderação e jogarem no balde a maior parte dos vinhos servidos (um participante não desprezou nem uma gota sequer…), já na decima taça o volume das risadas atingiu níveis altíssimos, uma das “degustadoras” não conseguia falar sem balbuciar, o banheiro foi tomado de assalto e eu, ao retornar para casa, nem percebi que a abundante chuva me ensopava sem piedade.
Algum sóbrio?
Se eu comentasse os vinhos, degustados naquela ocasião,
estaria cometendo uma desonestidade intelectual, igual o pior, do que aquelas
que nossos profissionais, sommeliers, especialistas, críticos, influenciadores
etc. praticam em suas maratonas etílicas.
Um dos mais renomados “degustadores-profissionais-picaretas”
do Brasil é Marcelinho-Pão-e-Vinho-Copellinho.
Copellinho já se vangloriou de ter provado, em um ano, nada
menos do que 5.000
etiquetas.
Uma rápida conta matemática nos leva a um impressionante resultado: Marcelinho teria mandado goela abaixo nada menos do que 13,65 vinhos por dia.
Imaginem a língua, paladar, nariz (fígado? Nem pensar...) do
Copellinho no 35º dia......
Marcelinho, não possui, kriptoníticos poderes; Marcelinho é um
simples mortal e, assim como eu e todos os outros integrantes da degustação na
“Vineria Macchiavello”, depois de 40 minutos de libações não saberia distinguir
um Chardonnay de um Aligoté.
Para poder entender melhor o que acontece com um “juiz-bebum” basta rever o vídeo onde, em um de seus melhores momentos, o Copellinho nos brida com mais um impagável vexame.
Nosso juiz-bebum transforma o Chardonnay “Sibaris’ no melhor tinto
do novo mundo e muda a pronúncia do vinho “Lávico” que, em sua alcoolizada
mente, se transforma em “Levico”.
https://www.youtube.com/watch?v=hZAXusWWmis
Na próxima matéria comentarei apenas os dois Champagne dos
quais me recordo e informarei os preços dos vinhos degustados.
Inacreditáveis!
Bacco
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