"Na próxima semana vou preparar, para você, as
"monacelle" que trouxe da Puglia"
Marco, cozinheiro e sócio do restaurante "Nanin",
de Chiavari, acabara de voltar de rápidas ferias no Salento.
Os sócios de Marco, Giovanna e Luigi, são originários do Salento
(o salto da bota) e sempre que podem retornam para aquela região da Puglia que,
além das belezas naturais, é famosa por seus azeites, vinhos, gastronomia.
Um dia ainda comentarei a imensa bobagem daqueles que escrevem
e comentam a "Cozinha
Italiana".
A cozinha italiana não existe: existe a cozinha regional
italiana.
Em uma nação, que antes de 1861, era dividida em mais de uma dúzia
de nações-estado, apenas 2,5% da população falava italiano (na Itália há 38 línguas e dialetos) e exibia
enormes diferenças culturais, não poderia existir uma única cozinha.
Exemplo: Na década de 1950 nenhum piemontês havia provado sequer
uma fatia de pizza e um siciliano nem sabia o que era risotto.
Voltando às "monacelle"
(freirinhas).....
"Monacelle" é uma variedade de escargot, típica
daquela região.
Pequenas (do tamanho de uma unha do polegar),
"carnosas" e saborosas, as "monacelle", são uma verdadeira iguaria.
"Vou deixá-las na água por um dia, para que saiam do letargo,
as cozinho e quando você voltar estarão prontas".
Dois dias depois voltei e Marco me serviu um prato de "monacelle",
tão farto, que demorei mais de vinte minutos para saboreá-lo.
Fantástico!
Quase no final do almoço Marco apareceu com uma garrafa e
disse: "Quase esqueci...... Prova este vinho
pugliese".
Marco derramou um pouco em uma taça e me ofereceu.
Brilhante cor rubi escuro, perfumes importantes e envolventes
anunciavam um vinho nada banal.
De banal, o "Susumaniello" (burrinho), não tem nada....
muito pelo contrário, o Susumaniello é um vinho com boa estrutura,
delicioso e fácil de beber.
Cor rubi com reflexos violáceos,
floral, gosto cheio e harmônico, taninos elegantes é interminável no paladar.
O Susumaniello é mais uma prova
que os italianos cultivam vinhas francesas por puro modismo e comodidade.
O Susumariello, praticamente esquecido e abandonado,
no passado era vinificado com outras uvas e somente nos últimos anos, alguns
viticultores de visão, decidiram lhe dedicar a atenção merecida.
Hoje o Susumaniello vem conquistando mais e mais
espaço entre os apreciadores dos bons e autênticos vinhos regionais.
O Susumaniello veio para ficar.....
Quem viajar pela belíssima Puglia, além do Primitivo,
Negroamaro e os Rosés locais, não pode esquecer o Susumaniello e, se o enófilo
tiver a mente o paladar abertos, vai abandonar, de vez, os "Merlot e
Cabernet Sauvignon italianos, da vida".
Susumaniello, grande vinho que indico com
entusiasmo.
Bacco.
Um tesouro escondido. Se for para comparar com um frances, está mais para um gamay, porém com mais complexidade. O Elfo da Apollonio de Salento é um dos bons!
ResponderExcluirO comentário não tem nada a ver com a matéria, mas precisava compartilhar essa pérola:
ResponderExcluirhttp://paladar.estadao.com.br/noticias/bebida,nova-e-premiada-vinicola-brasileira-faz-vinhos-de-butique-com-uvas-compradas,70001869626
É sério? O cara é empresário de livros digitais, começa a produzir vinho e sua primeira produção é fantástica e premiada! E vinhos nesse preço? Estão de brincadeira, né.
É mais uma picaretagem que recebe elogios e propaganda (paga?) de um jornal. O Brasil-vinícola lembra o Brasil-política :Uma merda
ResponderExcluirViu a frase final? "E com consultoria de Michel Rolland". Pelo preço citado, dá para encontrar Champagne aqui no Brasil. Nada extraordinário, mas duvido que percam para os espumantes dele.
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