Todo final de ano a AIS Ligúria (Associação Italiana
Sommeliers Região Ligúria) festeja o final de suas atividades com um jantar
comemorativo.
O local escolhido, quase sempre, é o restaurante "Lord
Nelson" em Chiavari.
Sempre que posso participo do evento e no final de 2016 foi
possível marcar presença.
Os vinhos escolhidos, para regar o jantar, foram os produzidos
pela vinícola piemontesa "Poderi Colla".
Antes do jantar, Tino Colla, um dos
proprietários da vinícola de Alba, em longo discurso apresentou
seus vinhos e sua empresa.
Confesso que, apesar da apologia, os vinhos dos Colla não me
entusiasmaram e nem os badalados "Barbaresco
Roncaglie" e o espumante "Piero
Colla" conseguiram mitigar minha decepção.
Os vinhos me
decepcionaram, mas para meu deleite e alegria o local escolhido para cocktail
de "Boas Vindas", mais uma vez, foi a adega do "Lord Nelson".
A adega do restaurante
de Chiavari, há anos e como sempre, é uma festa para olhos de qualquer enófilo
sério.
O "Lord
Nelson" é um local histórico.
Sem medo de errar e sem
sombra de duvida, o "Lord Nelson" é o
bar-restaurante que possui uma das melhores cartas de vinhos, licores, whisky,
rhum etc., que já vi em toda minha vida.
Há alguns anos, antes da crise italiana, a lista era mais
extensa, mais farta e as etiquetas, que custavam milhares de Euros, eram mais
numerosas, mas e apesar do vigoroso "desbaste", ainda hoje impressiona.
Para que se tenha uma idéia da riqueza de etiquetas raras, que
o local ainda conserva, gostaria de narrar uma pequena história.
Certa vez (anos 1990) no bar do "Terraço Itália", em
São Paulo, me serviram um whisky: "The
Balvenie" de 18 anos.
Fulminante amor ao primeiro gole!
No dia seguinte, em uma loja da capital paulista, encontrei e
comprei algumas garrafas do destilado que me havia impressionado.
Sou um "péssimo" bebedor de destilados e uma garrafa
de uísque pode durar meses e às vezes, anos.
Quando o meu estoque acabou, muitos anos depois, tentei
comprar mais algumas garrafas.
Chiavari 2014.
Certa noite, após um jantar no "Lord Nelson",
Lorenzo, o competente sommelier da casa, perguntou: "Um Armagnac?"
Lorenzo conhece minha "fraqueza" pelo destilado
francês e eu conheço as incríveis etiquetas de Armagnac que o "Lord
Nelson" custodia com justificado ciúme.
Sem pensar e quase num devaneio, respondi "Hoje gostaria de terminar a noite com
um whisky que bebi e que nunca mais encontrei. Você conhece o "The
Balvenie" 18 anos?".
"Aquele whisky com
a garrafa bojuda parecida com o Matheus Rosé? Eu acho que ainda tenho uma em
algum lugar".
Lorenzo desapareceu pelos "esconderijos" do "Lord
Nelson", que só ele conhece e em poucos minutos retornou
com uma garrafa do "The Balvenie" 18 anos.
Até hoje meus jantares no "Lord Nelson" terminam com
um pequeno gole de "The Balvenie" 18 anos.
A pequena história é uma amostra do que é possível encontrar no
"Lord Nelson" quando
se fala com Lorenzo.
No "Lord
Nelson" há garrafas de sonho, raríssimas.
Confira
Na próxima matéria os vinhos do "Lord Nelson"
e a inveja só aumenta...
ResponderExcluirquando estarás por aqui, Bacco?