Há anos não visitava o ótimo restaurante “Del Belbo da Bardon” na pequena
e quase desconhecida San Marzano Oliveto.
San Marzano Oliveto não faz parte do badalado e mundialmente
reconhecido “clube” de aldeias que compõem o território das “Langhe” e sua
capital, Alba.
San
Marzano Oliveto não é lembrada, nem frequentada, pelos turistas.
O turista clássico prefere circular pelas aldeias do “albese”,
onde há uma enorme quantidade de boas opções gastronômicas.
Se deslocar até San Marzano apenas para provar os pratos de um
único restaurante?
Impensável!
Peço perdão aos “sanmarzanesi”, mas quem visita San Marzano
vai apenas para comer no “Da Bardon” e nem conhece o centro da cidade.
Qual o segredo, então, da longevidade do “Da Bardon”?
Para os que não sabem, gostaria de informar que o “Del Belbo da
Bardon” é, atualmente, administrado pela 5ª geração da família.
Nenhum restaurante permanece aberto durante tanto tempo por
acaso ou sorte.
Não há um segredo apenas, há vários ....
Bom atendimento,
cozinha com profundas raízes fincadas na gastronomia local, ambiente agradável
e aconchegante e, o mais importante, uma adega de sonho.
A adega do “Del Belbo Da Bardon”
não compete em números com a da “La Ciau del
Tornavento”, mas leva vantagem na seleção das etiquetas.
Explicando: “La Ciau” é um bom restaurante, mas eminentemente
turístico.
Sua fabulosa adega é filha da mesma filosofia: foi concebida
para deslumbrar os turistas endinheirados que, mesmo estando no Piemonte, não
resistem ao desejo de mergulhar nas caríssimas garrafas toscanas (Sassicaia, Solaia,
Masseto, Ornellaia...), francesas (Romanée-Conti, La Tache, Cheval Blanc, Chateau d’Yquem...) para poder
revelar todo o poderio de suas recheadas carteiras.
É uma adega que foi planejada, nos mínimos detalhes, para
tomar dinheiro de russos, americanos, brasileiros, chineses etc. (russos e brasileiros,
nos últimos meses, visivelmente em baixa).
A adega do “Del Belbo da Bardon”,
menor (25.000 garrafas), mais discreta e nem um pouco faraônica,
guarda, também, muitas etiquetas badalas, mas reserva suas maiores e reais
atenções aos os vinhos regionais.
Se você é adepto do “Bom
& Barato”, se quiser beber vinhos de castas raras, de pequenos e quase
desconhecidos produtores, gosta de procurar safras antigas, gastar o justo, a
adega do “Bardon” vence, com folga, a disputa com “La Ciau”.
A cozinha sincera, mas sofisticada em sua simplicidade e
robustez camponesa, somente poderia ser perfeita quando e se apoiada por uma adega, pensada por dois grandes sommeliers: Gino e Andrea
Bardone.
Você quer conhecer antigas safras do Fornaci di Tassarolo?
No “Bardon” há varias.
Você quer provar um Barolo do “Bartolo Mascarello de 1996?
No “Bardon” há até mais antigos.
Você quer conhecer Barbera,
Freisa, Dolcetto, Grignolino, Pelaverga, Ruchè, Gamba di Pernice, Rosso di Cantavenna,
mais e mais vinhos piemonteses?
Bardon não lhe decepcionará.
Para acompanhar nosso almoço, éramos três, escolhi um
belíssimo Gavi “Fornaci
di Tassarolo” 2007 e uma Freisa “La Selva di
Moirano” 2006.
O “Fornaci di Tassarolo” dispensa maiores comentários, mas a Freisa,
“La Selva di Moirano”, confirma todos os elogios que sempre fiz à esta casta.
A Freisa, uma das
castas piemontesas infelizmente relegada ao quase esquecimento, revela, através
da “Selva di
Moirano” 2006, todas as qualidades que um grande vinho precisa
possuir.
Cor grená intenso, perfume característico de framboesa, framboesa
que continua na boca onde é fácil perceber uma agradável e sutil tanicidade.
O “La Selva di Moirano” é
uma grande Freisa que deve ser provada por todos aqueles que realmente gostam e
entendem de vinho.
Esgotar o assunto, em se tratando de “Del Belbo da Bardon”, não é fácil, recomendo, então, uma visita (ou
mais) ao ótimo restaurante.
Bacco
Ótima matéria, pbns ! A propósito, minha sogra irá passar o natal e ano novo conosco e gostaria por favor de uma dica de um legitimo restaurante italiano em Brasília. Limoncello, Villa Borguese ou Villa Tevere para levá-la? Desde já agradeço.
ResponderExcluirSe vc odiar sua sogra , os nomes acima, são ótimas opções.
ResponderExcluirCaso contrário vá de Gero.
Obrigado, optarei por um dos três de cima!
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