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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

SAFRA BAROLO 2014


 
 
 


Logo após ter escrito a matéria, “Parker Quem Diria”, um amigo brasileiro me visitou em Chiavari.

Entusiasmado com os” parkerianos” 96 pontos, obtidos pelo Barolo Monvigliero e ciente de minha intimidade com o Gian Alessandria, o amigo brazuca, que de bobo não tem nada, revelou o desejo de comprar algumas garrafas do Barolo pontuado.

Na precisei de muita insistência e nem ser rogado....em poucos minuto arrumei a mala e botei o carro na estrada.

A viagem serviria, também, para rever Gianni e Massimo do Bercau, Mario Cordero da Vietti, Renza e seu filho Patrizio, do fantástico bar de Castiglione Falletto e outros amigos que há tempos não frequento.

Chegamos na vinícola de Alessandria quase no final da tarde.

Tocamos a campainha e fomos atendidos por Flavia, esposa do
Gian.

“O Gian está quase acabando de esmagar as uvas de Pelaverga e já vem. Posso ajudar?”

Revelei o motivo de nossa visita e Flavia cordial, como de costume, nos acompanhou até a adega.

Barolo Monvigliero (apenas 3 garrafas e olha lá), Barolo San Lorenzo (6 unidades), todas da safra 2010, foram os vinhos escolhidos pelo amigo.

Flavia sempre concede um pequeno desconto, assim, cada garrafa de Barolo saiu por 28 Euros (R$ 84).

Quase na porta de saída da adega, arrisquei:

“Flavia, você tem algumas garrafas de safras mais antigas?”

“Tenho alguns Magnum de Monvigliero de 2006, 2007 e 2008?”
 

Sem pensar duas vezes comprei seis Magnum que imediatamente foram parar no porta-malas do meu carro.

Ah, sim..... o preço!

 Cada Magnum = 54 Euros (R$ 162)

Tá bom, tá bom, já sei....Sou amigo dos Alessandria e o preço não é aquele praticado normalmente, mas, creiam, um inimigo teria pago 60/65 Euros.

Enquanto arrumávamos os vinhos no bagageiro, Gian, com as roupas manchadas de mosto, apareceu no quintal e com um grande sorriso nos convidou para beber um copo.

Enquanto nos encaminhávamos, para o “sacrifício” etílico, perguntei:

 “Gian todos comentam que a que safra de 2014 não foi nada boa. Você penou muito?”

Com o Barbera, Dolcetto penei bastante, mas se o sol continuar brilhando como nesta semana o meu Nebbiolo dará um vinho excepcional”.

Provocatório e com um sorriso debochado de Gioconda após alguns copos a mais, disse “Será? Você tem certeza?”

 Gian, sem responder caminhou para sua Panda e intimou: “Vamos! Vou lhe mostrar as uvas do San Lorenzo e do Monvigliero, aí quero ver sua cara de deboche novamente”.

Em menos de cinco minutos já estávamos percorrendo os pouco mais de 2 hectares de vinhas do Alessandria nos crus Monvigliero e San Lorenzo.

 


Gian orgulhoso segurava os belíssimos cachos de Nebbiolo e exclamava

“Você acha que estas uvas não darão um vinho ótimo? Você já viu cachos mais sadios?  Quando digo que meu Barolo 2014 será excepcional, será excepcional”

A saúde das uvas e entusiasmo de Gian Alessandria me convenceram: Os Barolo, San Lorenzo e Monvigliero,2014, serão ótimos.
 

Enquanto voltávamos, para enfrentas o “sacrifício” etílico, perguntei; “Quanto custa um hectare de vinhas no Monvigliero?”

“No Monvigliero mais ou menos 1 milhão de Euro e no San Lorenzo 800 mil”

Todas as vezes que passeio, pelas incomparáveis colinas “Langhe”, uma pergunta me assalta: Por que estas terras, que custam uma fortuna, são difíceis de manejar, na sua quase totalidade (mais de 80%), não permitem mecanização, doam vinhos o fantástico (Barolo e Barbaresco) que custam 2O/40 Euro (60/120 R$) e o ridículo e gaúcho Singular (bota singular, nisso…) Nebbiolo da Carraro é vendido por pornográficos R$ 258?
 

Quem tiver resposta, por favor, me ajude.

Safra Barolo 2014 continua.

Bacco

3 comentários:

  1. Bacco, sabemos que o Alessandria é um dos seus barolos preferidos, mas gostaria de saber se acha que o Bartolo Mascarello está no mesmo nível.
    Obrigado,
    Márcio

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  2. O Mascarello foi um dos mais ferrenhos tradicionalistas que se opuseram, ainda bem, à excessiva modelização do Barolo . Seu Barolo é ótimo ,mas bem mais caro do que o do Alessandria.

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  3. Em relação ao Brasil, no caso as vinícolas e importadoras se aproveitam do classismo que boa parte dos brasileiros gosta de esbanjar e cobram descaradamente, um assalto.
    Aliás, aqui nos assaltam em tudo, absolutamente tudo.

    Tenho um amigo suíço que viaja o mundo e quando ele vem ao Brasil sempre fica escandalizado com os preços e me diz, se aqui não for o país mais caro é um dos mais, em relação ao que temos, ao que é entregue!!

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