Na primavera européia, mais precisamente em abril, resolvi passear,
por alguns dias, pela Borgonha.
As desculpas foram as de sempre: rever amigos e conhecer novos
produtores.
Desculpas esfarrapadas..... Amigos, tão íntimos assim, não tenho nenhum e
minha preguiça em procurar novos produtores é mais que notória.
O verdadeiro motivo: Rever e passear pelas as vinhas da Côte
de Beaune, beber diversas taças dos soberbos vinhos locais e comprar algumas
caixas dos melhores brancos do planeta.
Ao alcançar, Puligny Montrachet, percebi que a safra 2017 não
seria das melhores.
Entrei em Puligny Montrachet bem depois do entardecer e tive a
impressão que, por uma falha técnica, o GPS me levara até Londres.
Uma neblina espessa
cobria todo o território.
Ao descer do carro entendi que a neblina, na
verdade, era uma imensa camada de fumaça.
O "fumaçê" provinha dos incontáveis fogos provocados
pelos viticultores que tentavam gerar calor e proteger as vinhas das geadas que
prometiam castigar os vinhedos.
Chamou minha atenção um artifício: Os produtores, antes de
atear fogo, molhavam com água os fardos de palha provocando muita fumaça e
pouca chama.
A nuvem de fumaça cobria as vinhas e doava um pouco de calor
às parreiras geladas evitando o congelamento dos brotos e cachos.
Quem agiu rapidamente e "defumou" as vinhas, salvou
grande parte das uvas, mas quem bobeou vai engarrafar pouco ou nada.
Voltando da viagem, pela "polar" Borgonha, passei
pelo Piemonte e encontrei situação igual ou pior: O gelo queimara muitíssimas
vinhas.
Maio chegou, o frio se foi, mas deixou sequelas.
Um junho, quase estivo,
anunciou e deu espaço para os meses de julho e agosto secos e tórridos.
Resultado: A Itália e França terão a menor safra dos últimos
50 anos.
Na França é esperada uma quebra de 17% e na Itália de 13% nos
números da safra 2016.
Não acreditem na conversa otimista dos produtores: "Ano excepcional!
Pouca quantidade, mas ótima qualidade".
O gelo, antes, a secura e o calor africano, depois, anteciparam,
em semanas, a colheita.
Os produtores que
esperaram "um pouco mais" viram as
uvas "assarem" nas parreiras.
Informações, enaltecendo a qualidade excepcional das uvas, há inúmeras,
mas uma única certeza: os preços aumentarão.
Quem tiver um bom cartão, Euros sobrando e sede insaciável
deve comprar o que puder dos estoques antigos e..... Salute
Bacco
baccus terrificus, deixa com o mercado para acertar os precos. podemos ter bastante surpresas na macro-economia europeia e/ou mundial. a vontade da turma he de aumentar os precos, mas tem que combinar com os russos da russia e os da china antes.
ResponderExcluirauguri, bastardo inglorio.
enquanto isso, na Terra do Nunca, o segundo melhor virou o primeiro melhor...
ResponderExcluirhttp://www.marcelocopello.com/post/veja-o-resultado-da-prova-as-cegas-de-espumantes-brasil-x-resto-do-mundo
Passando por Paris, os preços dos Borgonha estão cada vez mais difíceis. Enquanto visitando produtor na Alsácia peguei Riesling fantástico por 12 euros.
ResponderExcluirTá difícil competir com os chineses e tantos outros ricos interessados em vinhos franceses. Será que não dá pra virar moda tomar vinho da Califórnia, Moldávia, Argentina... (ironia)