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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

MILANTINO "PILANTRINO"



Tenho postado, quase diariamente, fotos de vinhos italianos.

Nas fotos constam, também, os preços.

É impossível deixar de comparar quanto pagam os europeus por suas garrafas e quanto desembolsamos, no Brasil,  para beber nossos quase-vinhos.

 É inacreditável e escandalosa a diferença.

 As fotos servem para alertar os enófilos brasileiros e conscientizá-los que são constantemente assaltados pelos produtores nacionais.

É fácil verificar, pelas fotos, que se bebe bem, na Europa, gastando 4/5 Euros (R$ 20), muito bem, desembolsando 10/15 Euros (R$50/75), otimamente, com 20/30 Euros (R$ 100/150) e fantasticamente, com 50 Euros (R$200).


O europeu, que não é nem um pouco enoloide, bebe vinho e não etiqueta, assim, garrafas de 50 ou mais Euros, somente frequentam as taças dos espanhóis, franceses, italianos, portugueses etc. em ocasiões muito especiais.

Vinhos do dia-dia tem que ser bom e barato.

 A combinação dos dois fatores leva os portugueses, franceses e italianos para o 1º,2ºe 3º lugar, respectivamente, no pódio dos maiores consumidores de vinho.

O Brasil?

Bem, o Brasil do vinho não existe e não existirá enquanto o famigerado protecionismo continuar sendo o “leão de chácara” dos produtores nacionais.

O insano protecionismo, e um conivente exército de críticos, experts, divulgadores, sommeliers, revistas etc., devidamente lubrificado$ e que continuam ignorando solenemente os preços escandalosos e qualidade medíocre de nossos quase-vinhos, ergue um escudo protetor que favorece uma das maiores eno-picaretagem do planeta.


O submundo dos quase-vinhos, no Brasil, não para de surpreender e quando se acredita não haver novo espaço para novos predadores aparece mais um “Pilantrino” (pilantra italianizado).

Pensei que os Geisse, com seu “Geisse 2002 Brut” de hiperbólicos R$ 800, fossem os mais bem-sucedidos “estupra-cartões” dos enófilos brasileiros, deixando para trás outros predadores nacionais de grande calibre.

Miolo, Valduga, Carraro, Pizzato, Guaspari, Pireneus, Pericó, Galvão Bueno, Atelier Tormentas e outros, não são páreo para as insaciáveis mandíbulas dos Geisse.

O clube dos “Estupra-Cartões” parecia completo e não necessitar de novos sócios-pilantras.

Ledo engano!

Surge, no “Vale das Lagrimas & Vinhedos”, um novo e esfuziante predador: “Milantino Pilantrino”.

A vinícola “Milantino”, com pouco mais de 30 anos de existência, se revela uma prodigiosa e voraz predadora capaz de pulverizar todos seus concorrentes.

MERLOT RESERVA 2005
SAFRA HISTÓRICA


R$ 1900,00

Nossa “Romanèe-Conti” gaúcha não tem nenhum pudor e muito menos vergonha, em propor vinhos com preços que partem de modestos R$298,80, seguem caminhando até razoáveis R$428, alcançam poderosos R$980, e.…Aleluia, aleluia, aleluia, explodem, entre fogos de artifícios, em R$ 1.900.

Você não está lendo errado, nem eu estou sob efeitos de uma droga alucinógena: Os preços, acredite se quiser e puder, são esses

Algumas considerações técnicas antes de encerrar.

A uva Merlot, todos conhecem e também são conhecidas suas qualidades e limitações.

 A casta francesa pode ser encontrada em todos os cantos do planeta e revela vinhos para todos os gostos e desgostos.

A Tannat, casta francesa que não origina nenhum vinho excepcional em sua pátria, para ganhar notoriedade, entre nós, precisou fazer um estágio no Uruguai.

Os vinhos com a Tannat nunca foram e nem serão indispensáveis, inesquecíveis, importantes.


A Ancellotta, casta italiana de 4ª categoria, é vinificada com outras variedades e pode ser encontrada no Lambrusco onde doa cor ao vinho da Emilia-Romagna.

 De rica pigmentação e açucar é paupérrima em taninos e quase não é vinificada em pureza  (confesso que nunca vi um vinho “Ancellotta” nas pratileiras italianas)

Pois bem, estas três castas comuns, ordinárias e que não surpreendem ninguém, adquirem status de “Petrus” na desconhecida “Milantino”.

Se alguém pensa que as picaretagens da “Milantino Pilantrino” atingem o ápice com os preços absurdos praticados, está enganado.



Leia, tendo ao alcance uns comprimidos de Plasil, parte do diálogo entre um possível comprador do "Safra Histórica" de R$ 1.900 e um dos proprietários da “Milantino Pilantrino”.




  

Vomitou?

Dionísio


11 comentários:

  1. Se confirmada aquela frase "Fazer vinho é fácil, os primeiros 200 anos é que são difíceis", a NASA precisa visitar essa vinícola!

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  2. Coitado de mim. Vou ter que continuar com meus brunellos/barolos de 25/30 euros desse jeito! Mas um dia chego lá!:))))

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  3. Hhahahahaha, dei sorte quando comprei uma caixa de 12 com varios cpfs de parentes e paguei somente R$ 1,590 cada ampola com o liquido precioso. Vou fazer dumping e vender o que sobrou por somente R$ 1,790 porcada.

    Oportunidade unica. DM aberta.

    PS: Adoro quando picareta comeca a conversa com "meu amigo", "amigao". Em qualquer idioma sinto calafrios....seja goiano, arabe ou hindi.

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  4. Apenas faço uma ressalva, se me permitem.

    A Merlot não é uma casta ordinária. Ainda que B&B não sejam grandes fãs de vinhos bordaleses, é inegável que há vinhos incríveis compostos com Merlot por lá, alguns com ela como casta predominante.

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  5. Quem de B&B disse que a Merlot é ordinária? Eu escrevi que a Merlot, assim como Cabernet Sauvignon, Chardonnay etc., podem ser encontradas em todo planeta. Há bons e ótimos vinhos ,mas há muitissima porcaria. A Merlot, uma das mais "prostituidas" castas do mundo, é usada para "amaciar" vinhos tremendas-bostas. Creio que Milantino-Pilantrino faça parte desta categoria.

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  6. Parabéns pela matéria! Continuem tentando abrir os olhos dos enotontos brasileiros sobre essas e outras picaretagens!

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  7. Obrigado,mas para cada enoloide que abre os olhos nascem cem enotontos. Há um verdadeiro exército de críticos, sommeliers, divulgadores, formadores de opinão etc, que trabalham para os produtores e importadores. Comprove o que digo nas redes sociais: não há dia sem notícia enaltecendo alguma vinícola nacional.

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  8. Acho que só Petrus deve custar mais que os 400 euros que esse Pilantrino pede por uma garrafa de Merlot. Quem paga isso merece o título de enoloidetonto do século!

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  9. O Masseto, outro Merlot para enoloides ricos, custa perto de 800 Euros. Há idiotas para todos os gostos e gastos

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  10. Sei lá, se tem gente disposta a pagar essa fortuna numa garrafa de vinho nacional, eles tem mais é que vender mesmo. Se tem tanta gente com dinheiro, e sem bom gosto, porque não?

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