Nos meses do inverno, Santa Margherita Lígure se transforma
radicalmente.
O frio e a chuva afugentam, da badalada cidade lígure, turistas, charme e glamour.
Santa Margherita, depois das festas de final do ano, em um passe de mágica, se
transforma na bela adormecida que hiberna à espera do beijo despertador do “príncipe abril”.
Com o sumiço dos turistas, muitos bares, restaurantes, hotéis,
lojas e outras atividades ligadas ao setor, preferem fechar as portas visando
diminuir despesas e limitar prejuízos.
Há um lado positivo: A
beleza da cidade permanece intacta e sem as hordas chinesas, americanas,
francesas, alemãs etc. pode ser apreciada plena e tranquilamente.
2020, todavia, reservou uma surpresa: Coronavírus.
O midiático vírus “chinês” apavorou todo mundo.
Ninguém viaja e poucos
se atrevem até sair de casa.... Paranoia total.
Os poucos bares e
restaurantes, que teimosamente ainda permanecem abertos, estão às moscas, os
supermercados foram tomados de assalto pelas pessoas que estocam comida com
medo do desabastecimento, as máscaras antivírus e álcool sumiram das farmácias
e nem as igrejas, com altares repletos de Nossas Senhoras, santos e santas,
escaparam da paranoia...... os fiéis acreditam mais no vírus do que em milagres
O coronavírus transformou Santa Margherita no deserto de
Kalahari.
Aproveitando as rodovias tranquilas e livres dos turistas dos
finais de semana, resolvi botar o carro na estrada e rever a Val D’Orcia,
Montalcino e arredores.
Duas aldeias da Toscana, que não conhecia, entraram no
roteiro de viagem: Certaldo e Moteriggioni.
Um conselho: Não vá a Montalcino em janeiro e muito menos em
fevereiro.
A famosa localidade vinícola, sem poder contar com a paisagem
marítima de Santa Margherita, consegue ser mais triste e lúgubre do que a
cidade lígure
Montalcino, nos primeiros meses do ano, parece aquelas cidades
fantasmas dos filmes de faroeste.
Montalcino é famosa pelo vinho, mas não pela gastronomia e
nunca revelou um grande restaurante (não há, na cidade, um único local estrelado
Michelin).
Os hotéis da cidade são poucos, caros e apenas sofríveis.
A melhor opção, como de costume, é percorrer mais alguns quilômetros,
encontrar os belos muros medievais que, ciumentos, circundam a milenar San
Quirico D’Orcia e nela se hospedar.
Hotéis melhores e mais baratos (Hotel Villa del Capitano
**** 50 Euros), bons bares e restaurantes (não deixe de conhecer
“La Bottega di Ines”,
“Vald'O Art Book
& Wine”, “Al Vecchio Forno”, “Da Ciacco”), recomendam
San Quirico como o mais interessante “pião ” para conhecer as lindas aldeias
vizinhas: Pienza, Montichiello, Bagno Vignoni,
Castiglione D’Orcia, Castell Nuovo Dell’Abate, Abazzia di Sant’Antimo,
Buonconvento, Abazzia di Monte Oliveto Maggiore e muitas outras
localidades imperdíveis.
Com pouca esperança de encontrar abertas as vinícolas, que
normalmente me abastecem, seduzido pelos preços convidativos e a comodidade da
loja do produtor, “Bartoli Giusti” (150
metros da monumental “Fortezza”), comprei 6 garrafas de Brunello 2013 por 20 Euros cada.
O Brunello da “Bartoli Giusti” é vinificado tradicionalmente em toneis de 80
hectolitros, se apresenta harmônico, com boa estrutura, aromas característicos
e na boca surpreende com um belíssimo e longo final.
Vale cada um dos 20 Euros gastos na compra.
É sempre bom lembrar que um bom Brunello, vinho cobiçado por
todos os enófilos, mundialmente famoso e renomado, custa menos do que o Talento
da (As) Salton.
A programação inicial previa quatro dias de “vagabundagem “
pela estupenda Val D’Orcia, mas a chuva, a monotonia e o tédio me convenceram
que, na manhã do terceiro dia, o melhor seria retornar à estrada, conhecer Monteriggioni,
Certaldo e....... cemitério por cemitério, voltar para Santa Margherita.
Continua
Bacco
Esse corona ferrou minha ida dia 10 próximo. 20 Eu$ é uma barbada!! O brunello 2013 já estava "pronto" ou precisa algum tempo ainda??
ResponderExcluirAbeacos
Não é uma barbada , é o preço médio. Com mais de 6 anos pode ser bebido tranquilamente ou aguardar outros tantos
ExcluirBoas dicas.
ResponderExcluirAnotadas.
Valeu!
Ha algo de espetacular em visitar lugares fantasmas no inverno que sabemos bombam no verao. Ha muitos desses na europa. Bacco, alguma boa conversa sobre cemiterios? Vindo da italia da para acreditar em quase tudo... auguri, peste.
ResponderExcluirSe quiser um roteiro fúnebre conte com minha experiência
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