Enfrentei meu “Alzheimer-Vinícola”
e apesar das lembranças nada encorajadoras, obriguei a memória a
encontrar, no fundo do baú, os vinhos que quase destruíram meu olfato, paladar
e a alegria do “bom beber”.
Alguns vinhos, de tão indecentes, certamente esqueci, mas pelo
menos uma dúzia de grandes porcarias, que atormentaram meu bom gosto vinícola, continuam
vivas e presentes em minha mente.
Vários pesos pesados da crítica nacional, mesmo sem serem mencionados,
explicitamente, nesta matéria, deveriam ter vergonha de recomendarem as
etiquetas que comentarei.
Como de costume nossos críticos, sem nenhum pudor e muita cara
de pau, publicarão suas listas pagas e fajutas, não alertarão os consumidores sobre
os preços indecentes dos vinhos nacionais e impávidos continuarão desprezando a
inteligência dos enófilos brasileiros
Na minha lista, dos “piores”, há antigas e conhecidas “tremendas-bostas”
e algumas que poderão surpreender.
Nada de pontos, taças, medalhas ou outras imbecilidades: Para
cada vinho comentarei o que me levou a bebê-los e considerá-los inomináveis
porcarias.
Bom divertimento e espero que ninguém acompanhe a leitura bebendo
algumas das porcarias aqui descritas.
O pior Pinot Noir?
O “Fúlvia Pinot Noir”
reinava tranquilo na categoria e apesar dos esforços das duas
eno-topeiras, Sir Edward Motta e Bilu-Didu-Teteia em classifica-lo igual ou até
ou superior aos grandes da Borgonha o “Fúlvia” até
na Itália, quando degustado por dois sommeliers de comprovada experiência e qualidade,
foi literalmente para o ralo.
Como disse, reinava tranquilo o Pinot Noir do nosso ex-fotógrafo,
mas certo dia me ofereceram uma taça do Pinot Noir da
Bodega Garzón.
Não consegui terminar a taça..
Dois “Quase-Pinot-Noir” que devem ser evitados.
O preço vergonhoso?
Fúlvia R$ 329,70 (Winerie)
Garzón R$ 199,00 (World Wine)
O pior Barbera?
Repetindo a façanha do Pinot Noir o título do pior Barbera é
disputado por dois exemplares nacionais: "Barbera”
da Perini (R$ 62,30 Superadega) e o “Pireneus
Terroir Barbera (R$ 89,90 Americanas).
É preciso muita coragem para chamar “aquilo” Barbera.
Apesar dos esforços, de dois pesos pesados (na consciência?)
da nossa crítica vinícola em nos convencer que são ótimos Barbera, não há
parentesco algum entre os dois vinhos nacionais e um verdadeiro Barbera do
Piemonte.
Evite absolutamente
O pior Nebbiolo?
Aqui não há dúvida: O “Singular
Nebbiolo” da Lidio Carraro ganha de todos os piores que já bebi.
Um campeão que custa vergonhosos R$ 375,00 na boutique da vinícola.
Fuja.
O pior Brunello?
Bacco em sua matéria “Gaja....Final”, de fevereiro de 2019, havia alertado que o
Brunello “Pieve Santa Restituta” não fazia jus à fama “Gaja” e que nada
justificava seu preço.
Teimoso, quis provar o vinho toscano do Gaja …. Entrei pelo
cano.
Vinho feito para enoloides
que idolatram Gaja, e aqueles que
adoram excesso de madeira e a agressiva presença do álcool.
Sem elegância, difícil de beber, não justifica seu preço de 60
Euros.
O Brunello
“Canalicchio”, de Franco Pacenti, custa a metade (30 Euros) e pulveriza o
“Pieve Santa Restituta”.
Corra.
O pior Chardonnay?
Os tintos chilenos e argentinos não entram na minha taça e até
quando são oferecidos, gratuitamente, finjo bebê-los.
Diferente o discurso dos brancos.
Os brancos da Tarapacá e Cousiño Macul visitam minhas taças
frequentemente e valem cada R$ cobrado.
Pensando nos dois chilenos,
quando vi a bela etiqueta, com os dizeres “P.N.K.T Gran Reserva Chardonnay” resolvi arriscar.
P. N. K.Te-pariu!
Um horror, um pavor.... Até o quase Chardonnay da Miolo, por
incrível que possa parecer, é menos pior.
Esqueça.
O pior espumante?
Sem concorrente: “Gran Casa Valduga” (R$
126,00 Superadega)
A vinícola afirma: “ Os 60 meses de autólise de leveduras resultam em
espumantes ricos, marcantes e expressivos”.
Pode até ser que inúmeros espumantes, após longos 5 anos, resultem
ricos, marcantes e expressivos, mas não é o caso do “Gran Casa Valduga”.
O “Gran
Casa Valduga” nem com 600 meses de autólise será rico, marcante e
expressivo.
O espumante da Valduga é pobre, inexpressivo e tão marcante
quanto água mineral com gás.
O Jorge Lucki premiou até o “Millesime Brut” da Miolo, mas não
teve peito para “merdalhar” o “Gran Casa Valduga”.
Cancele da memória.
O pior Sauvignon?
Aqui o “Sauvignon Blanc
/ Vista do Café” reina absoluto: O pior que já tentei provar em
toda minha vida.
Etiquetar o “Vista do Café” como sendo um Sauvignon é uma
afronta à casta e um insulto aos produtores de Sancerre e Pouilly-Fumé.
O “Vista do Café” custa, em média, R$ 143,00 (32
Euros)
Um bom Sancerre, custa, na Europa 20/25 Euros.
Nenhum crítico levantou a voz para deplorar a
inexistente qualidade e muito menos o preço absurdo das garrafas nacionais.
Resultado: O consumo de vinho, no Brasil, continua abaixo dos
2 litros per-capita
Dionísio