Quem consegue, ainda, acompanhar B&B deve ter percebido
que minhas postagens estão se tornando mais raras e inconstantes.
As razões são muitas....
1) Escrever,
seriamente, sobre vinhos, no Brasil, corresponde a organizar uma palestra sobre
probidade, patriotismo, seriedade e honestidade para políticos do nosso país (na
platéia uma meia dúzia de participantes).
2) A quantidade de "especialistas" que descobriram e
escrevem sobre o vinho é assustadora e a cada dia aparecem mais e mais deles.
3) Não posso ter um público numeroso se escrevo sobre "Vide
Bourse", "Blanchot Dessus", "Dents Chien",
"Sussumaniello", "Spigau" etc.: A
probabilidade dos leitores conhecerem estes vinhos é quase zero e percebi, finalmente,
que estou postando para demonstrar, apenas, conhecimentos elitistas.
4) Estou de saco cheio.
O pouco interesse e o saco cheio limitaram minhas intervenções
no blog, mas a total falta do que fazer me ajudou a encontrar "pérolas"
que passariam despercebidas anteriormente.
Semanalmente leio e releio blogs italianos e franceses para me
manter informando sobre o importante e verdadeiro mundo dos vinhos.
Uma das páginas que
frequento regularmente é "Intravino".
Foi, justamente, no "Intravino" que encontrei um
"irmão" do nosso "melhor sommelier", também conhecido por suas
habilidades em escalar cruzes medievais, Manoel Beato
Salu.
Acredito nunca ter encontrado alguém mais fantasioso e ridículo
do que o palhaço do Fasano e Cia., mas estava enganado: Andrea Gori dá um banho no clown dos Jardins.
Leiam, por favor, um trecho do Gori comentando o "Dom
Perignon" 2000 e entenderão como me sinto ridículo, inútil,
superficial e dispensável descrevendo vinhos.
"... Ao mesmo tempo, porém, o
"P2 2000" possui uma força solar magnética e explosiva que seduz e
conquista; uma espécie de tônico que enriquece e rejuvenesce qualquer um que o
beba.
Uma "Dom-definição" que consolida,
na taça, detalhes que antes eram apenas perceptíveis: o floral amarelo, o pêssego
de montanha, notas de ostras e opulência de especiarias: baunilha, café, nozes
carameladas, mas que aparecem apenas no primeiro gole.
Em seguida explode, literalmente, uma
cremosidade inusitada, amplitude grandiosa, permanência longa e transbordante e
um final rico, festivo, onde o lime, leve defumado e algas "nori" se
agitam para realçar uma maturidade na qual aparecem, também, notas tropicais de
manga e ananás.
Como em uma suspensão temporal, o gole, ainda
revela sulcos profundos, sensação de gesso no paladar e nunca há segurança de
quando o vinho abandonará nossa boca.
Nada disso importa, afinal, porque
terminamos a viagem e mergulhamos, por alguns segundos, na juventude do 2000 e extraímos
todos os elementos positivos, depurando, como numa bela recordação, todos os
elementos negativos e obscuros"
Ostra, algas nori,
gesso, nozes carameladas, pêssego de montanha, suspensão temporal.......
Gori, quer saber de uma coisa?
VÁ À MERDA.
Bacco