Sempre acompanho, por puro masoquismo, as ofertas e promoções
dos vinhos que nossos predadores-produtores postam nas redes sociais.
Tento, mas não consigo, entender qual a razão de nosso país
abrigar tamanha quantidade de eno-retardados (politicamente incorreto?) Dispostos
a levar para casa vinhos nacionais, reconhecidamente medíocres, por preços que
fariam desmaiar os consumidores europeus.
Todavia há mais do que um “mistério”: as vinícolas nacionais
prosperam, enriquecem, possuem milhares de hectares de vinhedos, adegas
faraônicas, patrocinam centenas de “influencers”, sommelier, revistas, críticos
etc. ....
Onde está, então, o “pulo do gato”?
Conseguem vender tudo o
que produzem, mesmo garrafas que custam estratosféricos R$ 300 – 500 - 1.000 ou
mais até
É a vitória da eno-hipnose para enófilo com capacidade
intelectual limitada (antes do politicamente correto era retardado mental, mesmo).
Sim, somente alguém com neurônios em adiantado estado de liquefação
é capaz de levar para casa um vinho nacional, com pouco sabor de vinha, muita adega
e muita química, por preços superiores aos que os europeus pagam por um Barolo,
Chablis, Grevrey Chambertin, Dom Perignon, Brunello di Montalcino, etc.
O mais incrível é que, pesquisando nas gondolas dos
supermercados, não é difícil encontrar bons vinhos chilenos, italianos e
especialmente portugueses, por preços muito mais baixos do que os das zurrapas
nacionais.
Para completar, o quadro dantesco, o governo faz a sua parte
impondo um velado “ma non troppo” protecionismo
e taxando exageradamente as importações.
As importadoras-predadoras se encarregam do
resto e estupram, sem piedade, os enófilos tupiniquins.
No Brasil qualquer pessoa de bom senso bebe cerveja ou vira
abstêmio.
Qual a razão de minha enésima catilinária?
Leio, em um site da Bota, que 2023 foi um ano difícil para o
vinho italiano e que 2024 não será muito melhor.
O artigo comenta que, em
2023, os supermercados e atacadistas venderam “apenas” 756 milhões de litros de vinho (3,3% menos do
que o ano anterior)
A matéria, também, aponta quais foram os vinhos mais vendidos
em 2023:
Prosecco e outros
espumantes = 43 milhões de litros.
Chianti = 16 milhões de litros
Lambrusco = 15 milhões de litros
Montepulciano D’Abruzzo = 13 milhões de
litros
Vermentino = 10 milhões de litros.
O consumo diminuiu 3,3%, em compensação ...teve um aumento de
6,3% nos preços.
A matéria termina informando que em 2023 o preço médio dos
vinhos DOC, DOCG e IGT, foi de 5,4 Euros/litro.
Sim, você leu bem... 5,4 Euros/litro (garrafa 4,5 euros).
O consumidor brasileiro, precisa desembolsar R$ 25,49 (4,8
Euros), para comprar esta “magnífica-tremenda-bosta”:
Salton Classic Reservado Corte Tinto Suave
Salton
Classic Reservado Corte Tinto Suave: um vinho vermelho rubi com aromas de
morango, mirtilo e groselha. Paladar doce e equilibrado com taninos sedosos.
Ideal para harmonizar com entradas, sobremesas e pratos típicos.
R$ 39,90
R$ 25,49 no pix
Deu inveja?
Inveja que aumentará ao compararmos os 1.000 Euros (R$ 5.400)
que recebe mensalmente o trabalhador italiano e o nosso “salário ínfimo” (R$
1.412).
Resumindo: O lixeiro italiano, com seu 1.000 Euros poderia levar
para casa 222 garrafas de Barbera, Chianti, Valpolicella, Soave etc.
O Zé da Silva, lixeiro brasileiro, com seus R$ 1.412, leva
para seu barraco 55 garrafas da ”tremenda bosta” da Salton.
Quando você vir um dos muitos influencers picaretas (Leandro
Baena em 1º lugar) que por dinheiro promovem até Sangue de Boi, mande-o para
aquele lugar, corra ao supermercado mais próximo e compre um belo vinho
português ou chileno.
Os preços dos vinhos nacionais só serão razoáveis quando os
enófilos adotarem o boicote.
Garrafa brasileira custando mais de R$50?
É assalto
Dionísio.