Admito que já há alguns anos raramente e sem entusiasmo, visito as capitais do turismo europeu.
Já perdi a conta de quantas vezes fui a Barcelona, Madri,
Lisboa, Paris, Roma, Veneza, Firenze, Londres, Viena, Budapest, etc. e hoje não
é difícil perceber que todas sucumbiram ao turismo de massa-pit-stop, praticado
por turistas “manadas”, apressados, hora marcada, ávidos para ver tudo e todos
no menor espaço de tempo possível e imaginável.
Um pulo na igreja (há milhares), outro na praça principal, mais um em um museu, uma coca, uma pizza, filas nas portas de banheiros (principalmente as mulheres) 150 “selfies” e....Lá vamos nós para a próxima cidade.
Se o “turismo manada” ainda é suportável, difícil é conviver
com os milhares de imigrantes que literalmente invadiram as zonas centrais das
principais cidades europeias e as transformaram em pontos de vendas de drogas, de
assaltos, roubos, banheiros, dormitórios etc.
Fugir da violência do Rio (exemplo) e encontrá-la, mesmo em
menor escala, em Roma (outro exemplo) não dá.....
Solução?
Pequenas aldeias e médias cidades.
Já escrevi várias matérias sobre o assunto e termino esta introdução declarando que prefiro passar uma semana passeando por Pienza, San Quirico d’Orcia, Montepulciano, Montichiello, Castiglione, d’Orcia, Montalcino, Castelnuovo dell’Abate etc. do que um dia em Milão, Paris, Roma ....
Prefiro a sedutora e misteriosa magia medieval das aldeias
italianas (há centenas) do que quase opaco brilho das metas “obrigatórias” do
turismo europeu.
Vamos ao que interessa......Campo Ligure.
Não sei quantas vezes, percorrendo a autoestrada “A7”, para
alcançar Santa Margherita, uma pequena aldeia e seu castelo chamaram minha
atenção.
Também não sei quantas vezes prometi, a mim mesmo, visitá-la
sem nunca manter a promessa...
Dia frio, nublado, triste....
Santa Margherita, para quem não sabe, nos meses outonais revela a mesma alegria de um cemitério em final de tarde chuvosa.
Lojas, hotéis, bares, restaurantes, quase todas fechados,
raríssimos turistas; Santa Margherita parece hibernar.
Pensei em algumas opções não muito distantes e .... Campo
Ligure.
Campo Ligure, pouco mais de 60 km, distante de minha casa foi
a escolha mais acertada dos últimos meses.
Meia dúzia de ruas, pouco menos de 3.000 habitantes, 6
igrejas, 1 castelo, 2 praças, 2 museus, 1 ponte medieval, meia dúzia de bares,
2 restaurantes e....charme para todos os gostos.
Campo Ligure, apesar de milenar, não revela o costumeiro e
arredondado traçado medieval e, salvo algumas muito estreitas (pouco mais de 1
metro de largura), suas ruas são retas e facilmente transitáveis.
Como sempre, no centro histórico, o trânsito de veículos
somente é permitido por algumas horas e esta medida doa maior charme e
tranquilidade a Campo Ligure.
Bem na entrada da cidade uma igreja e uma fonte.
Poucos metros, à
direita da fonte, há um estacionamento de fácil acesso e, coisa rara nas
aldeias italianas, gratuito.
Carro estacionado, casaco de frio, cachecol …lá fui eu.
Primeira etapa, o castelo.
Sugiro visitar primeiramente o castelo, pois a subida exige um
bom preparo e muito fôlego para enfrentar a longa escadaria.
Quase todo em ruina, o quase milenar castelo merece ser
visitado pela importância histórica, pela bela vista da cidade e dos campos que
a cercam, mas é na encosta da colina, onde foi construído, que o turista encontrará
a mais incrível e importante atração de Campo Ligure: “Il
Giardino di Tugnin” (O Jardim
de Toninho).
O “Giardino” é na verdade um
impressionante museu a céu aberto onde estão expostas várias esculturas em
madeira do artista local Gianfranco Timossi.
Timossi realiza
suas obras gigantescas, utilizando, especialmente, troncos e pês de oliveiras, oliveiras que abundam na região.
As fotos anexas dão uma pequena amostra do que pode ser
encontrado nas encostas do castelo.
Continua
Bacco