Animado com o lucro da venda da minha casa na Itália (dobrei a meta) e com a festa da democracia na nossa ilha do bananal que
produziu milhares de memes, incluindo a trouxa instantâneo patriota do caminhão,
segue mais um capítulo da fantástica série vinhos americanos, edição baixo
nível-expert.
Oregon: Estado
dos cultos e seitas das mais loucas, de gente desprovida de amor ao dinheiro, totalmente
devotados à natureza, às teorias conspiratórias das mais descabeladas (desde
reptilianos, passando por igrejas cristãs bem além daquelas pentecostais do
interior da nossa ilha do bananal).
Se há um lugar, nos EUA, onde os vinhos são muito parecidos
com a cultura local, esse lugar se chama Oregon.
Um pouco de más notícias sobre os vinhos do Oregon: A maldita mania de querer
compara-los e equipara-los com os vinhos da Borgonha.
Afinal, o solo seria similar (não consta), a latitude é a
mesma (e daí?), o clima similar (não consta) e as uvas que melhor se adaptaram
lá (uva se adapta, compra casa maior durante a pandemia?) são as mesmas da
região francesa mais famosa.
Em parte, essa narrativa (mais uma palavra que está na moda)
vem dos produtores franceses que chegaram ao Oregon e sabem bem como contar uma
lorota para eno-trouxa.
Vários produtores franceses já têm operações bem grandinhas na
região.
Invariavelmente os maus negócios, em Oregon, na compra de
vinhos, tem um dedinho da “francesada”.
Mais por menos.
Modelo também bem usado no Brasil com grande eficiência.
Vamos às ótimas notícias: Os vinhos são
excelentes e os preços bons.
Há muita coisa ‘’natural’’, os famigerados biodinâmicos,
também muito vinho tradicional, geralmente com uma pegada europeia de bom gosto
e, como escrito acima, refletem, com exatidão, a personalidade dos donos, a cultural
local.
Oregon além de religiões doidas, e de TODAS
AS DROGAS legalizadas, tem uma preferência por tudo que seja
orgânico, local, ‘’sustentável’’.
Eu adoro chegar numa vinícola e ser recebido pelo produtor que
está irrigando o jardim enquanto a senhora está em seu minilaboratório, olhando
os poucos barris, colhendo alguns mililitros para análise.
Param tudo imediatamente
para oferecer, em 5 minutos, uma degustação relâmpago enquanto preparam uma
charcutaria.
Chapéu na cabeça, roupa com buracos, cachorro solto, paisagem
de sonho (dos bons) ao fundo.
Recomendo comprar
somente algumas garrafas em cada vinícola porque não há porta-malas para tanta coisa
boa numa viagem somente.
Com 23 DOC, https://www.oregonwine.org/regions/avas/ , de
vinhos deliciosos e baratos, o Estado de Oregon, ainda tem a cara de pau de
oferecer natureza exuberante, alguns vulcões que doam, em algumas regiões,
aquele solo vulcânico sensacional, lagos azuis, florestas verdes (chove
regularmente em boa parte do estado), neve, mais céu azul (quando não chove),
tudo isso numa mesma foto.
Na política você parece que não encontrar solução e está
sempre acreditando nos caminhões de fake news, mas nos vinhos só leva enrabadas
seguidas quem quer; há muita opção boa que não mata a carteira.
Bonzo
Bom artigo. Quando voce fala em baratos, qual a media dos valores?? Aqui na Inglaterra vinhos dessa regiao chegam custando +- 15 libras e podem chegar a £60 (Resonance Yamhill-Carlton do Jadot. O mais ironico e que vc encontra Macon ou ate Chablis do mesmo produtor por £10/£15. abc
ResponderExcluirPergunta pertinente. Comprei bastante na faixa de $ 20 a $ 30. Coisas boas, nao dao ressaca. Eu parei de buscar o melhor vinho do mundo para o melhor momento, estou contente hoje com o bom, ou muito bom e ''barato''.
ExcluirBonus: Tem uma loja em portland que exporta para o mundo todo a precos e qualidade espectaculares. Eu adorei a loja, nunca vi melhor. Nem NY, London. Onde falta luxo, sobra boa qualidade, otimo atendimento e vasta selecao.
Com a libra levando pau do dollar americano (como quase todas as moedas), voces devem ter sofrido so um pouco. Mas ja ja nossa querida libra volta a casa dos 1.30. Outro abc.