Li, com interesse, a matéria "O CARTEIRO" que Bacco escreveu para o
blog.
Nem em sonho consigo imaginar Bacco correndo para comprar
vinhos, embalar garrafas, despachar, duas de cada vez, através do correio.
Se a cena ocorresse há 30 anos séria imaginável, mas hoje,
como disse, nem em sonho.
O melhor é continuar trazendo uma dúzia de ótimas garrafas na mala,
esperar as liquidações das importadoras sempre rezando que os vinhos, em promoção,
ainda respirem.
Então, como era previsível, ficamos na mesma: na mão de
produtores e importadores predadores nacionais.
Já fui acusado de ser o inimigo número um dos vinhos nacionais.
Declaro, veementemente,
que não é verdade: sou inimigo dos produtores-predadores-picaretas nacionais.
Acreditar que o Brasil é ou poderá ser, nos próximos anos, um
grande e sério produtor de vinhos é acreditar que os queijos da República
Dominicana conquistarão, até 2020, os consumidores franceses.
Exagero?
Caro amigo, vamos fazer algumas contas para saber quantas vinícolas
há no Brasil?
Talvez 1.000, 1.500, 2.000?
Difícil precisar.
O que sei é que uma dúzia de grandes produtores domina e
comanda o setor, sufocando as pequenas vinícolas que acabam fechando as portas
(mais de cem deixaram de existir nos últimos anos).
Um setor que sofre com baixo consumo per capita, altos
impostos, dominado por grandes indústrias, nunca poderá evoluir.
Os preços continuarão altíssimos, a qualidade risível, marcas
registradas de nossos gigantes do setor.
Por enquanto o pequeno produtor, no Brasil, se espelha e quer
ser o próximo Miolo ou a Salton, ou seja: produzir vinhos
que "Fan Cagare" por preços de Clos Vougeot.
Pequenos, no Brasil, diga-se, são aqueles que produzem 200/300
mil garrafas.
Na Europa, quem produz de 200/300 garrafas é considerado
médio-grande.
Se não é fácil acessar estatísticas confiáveis, no Brasil,
vamos para a Europa e tentar entender porque o vinho é muito mais barato lá do
que cá.
Na União Européia há
2,4 milhões de empresas vinícolas que cultivam 3,2 milhões de hectares de
vinhas.
A Espanha, com seus 941.000 hectares, é o membro da comunidade
com maior área vinícola de vinhedos.
Em seguida vem a França com 830.000, a Itália com 610.000,
Portugal 199.000, Romênia 184.000, Grécia e Alemanha com aproximadamente
103.000 cada.
Há outros, mas não tão significativos.
Agora o leitor entenderá o porquê de o vinho ser barato na
Europa: CONCORRÊNCIA.
Mais alguns dados estatísticos impressionantes.
Numero de empresas vinícolas:
Romênia
- 855.000
Espanha - 518.000
Itália -
299.000
A França detém a maior superfície por produtor: 10,5 hectares
Na Itália, a superfície media por produtor, é de 2 hectares.
Números gigantescos + Concorrência gigantesca = Preços baixos.
Pense e responda: Quantas vinícolas brasileiras você conhece?
Dez, quinze, vinte?
Sabe quantas garrafas, de Lote 43, por 120 Euros, a Miolo venderia na, Itália,
França, Portugal, Espanha?
A Miolo, Salton, Lidio Carraro, Casa Valduga, Vinícola Aurora
e outras restroescavadeiras estão rindo muito mais.
Dionísio
Dionísio