Há muitos anos os melhores restaurantes da região, para se
beber bons e econômicos vinhos, continuam sendo “Nanim” em
Chiavari, “Bricco
della Gallina” em Breccanecca”,
antes no “Rêve” e agora na “La Nuova Cesarina”.
Marco, Enrico e Matteo, além de mestre das panelas, possuem um
faro privilegiado para descobrir grandes garrafas.
Grandes garrafas e não garrafas estrelares apontadas e
endeusadas pelas revistas, influencers, sommelier, críticos e outros picaretas
do gênero.
Não tenho a mínima vergonha, nem receio, em confessar que eles
me ajudaram a descobrir “os caminhos das pedras” de algumas das
melhores etiquetas que já bebi.
Marco foi meu mestre da Borgonha e Monferrato, Enrico meu guia
da Ligúria, Toscana e Marche e Matteo foi o que me incentivou a ser um eno-cigano
vagando por raras etiquetas de Champagne, Barolo, Vermentino, Pigato e
finalmente Malvasia Istriana.
Matteo, sem mostrar a etiqueta e quase solenemente, derramou
um pouco de vinho na taça e ..... “Prove com calma este branco de 2021, se você
gostar vou servir um de 2013”.
Intensa e brilhante cor dourada, “lagrimas” que lentamente
escorriam na taça, denunciavam a presença de glicerina, presença que se
confirmou, já no primeiro gole, quando a maciez, cremosa e quase aveludada,
invadiu o paladar.
Um vinho complexo, de longo e persistente final......Uma taça
intrigante, muito interessante e, até aquele instante, “misteriosa”.
Matteo, em seguida e conforme prometido, serviu o 2013.
Um vinho branco, desconhecido, (quando Matteo revelou o preço, fiquei de
queixo caído…), que apresentava complexa intensidade olfativa, uma
grande estrutura e, apesar de seus 12 longos anos, mantinha um elegante e
incrível frescor.
Matteo, ao ver minha cara incrédula e apatetada, revelou o
segredo: “Malvasia Saltimbanco”
produzida, no vale Vipava (Eslovênia), pela desconhecidíssima “La Giostra del Vino” (O Carrossel do Vinho).
“La Giostra del Vino” nasce, em 2002, na Argentina, pelas mãos
e cabeças dos Italianos Giuseppe
Franceschini, Dario Maurigh e o holandês Jacques Hoogeveen.
Os dois enólogos
italianos cuidam da produção e o holandês se encarrega da comercialização.
”La Giostra”,
depois de alguns anos na Argentina, produzindo Malbec, desembarca no Friuli e
Eslovenia onde inicia a produção de Pinot, Noir, Sauvignon, Ribolla, Malvasia,
Friulano, Refosco etc.
O mais
interessante que a empresa possui pouquíssimos hectares próprios, mas, depois
de cuidadosas seleções, aluga pequenos vinhedos onde com extremo cuidado, desde
a manutenção, poda, colheita e finalmente vinificação, produz verdadeiras joias
enológicas.
Quanto custa a
Malvasia Saltimbanco?
Matteo, que não me
cobrou um centavo pela degustação, revelou ter pago 13
Euros pelos 2021 e 14 Euros para levar à adega 18 garrafas de 2013.
Mais uma coisinha:
A produção anual da “Malvasia Saltimbanco” não ultrapassa as 1.000 garrafas.
Você, que comprou um
“Vista do Bosque Viognier”, da Gua$pari, por R$359,00, um “Semillon” da Pizzato
por R$ 190,00, um “Chardonnay la Cave” da Luiz Argenta por R$ 210,00 é visto, pelos predadores nacionais, como um perfeito eno-pateta
Bacco