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quarta-feira, 4 de junho de 2025

CAPE TOWN

 


Enquanto Bacco guia turistas da China e Estados Unidos pelas ruas de Portofino, eu piquei a mula para um dos poucos destinos que ainda oferecem a rara combinação –bom preço, ótima comida, nível de segurança aceitável, ótimos vinhos, natureza, exuberante, hotéis baratos. 

 

Pensou na Chapada Diamantina?

 

Ushuaia? Macedônia? Baghdad? Rio De Janeiro?

Errou. 

Poucos lugares me alegraram tanto quanto uma visita de 10 dias a Cape Town.  

O que tem de bom?



 A lista é infinita. 

Uma região enorme com vinhos para todos os bons gostos a preços ridículos.



Alugue um carro sem medo e percorra todos os lugares que quiser.  

DENTRO de Cape Town a margem do oceano do lado oeste já se encontra várias vinícolas que servem vinhos espumantes, não no mesmo nível de Champagne, mas muito frescos, alguns potentes...perfeitos com a comida local. 


 


Um pouco mais ao interior há muitas regiões com vinhos (e comida) de chorar.  

Alugue uma casa no ‘’interior’’ (na verdade muito perto de Cape Town).

Os preços são fabulosos. 

A comida?

Entre as melhores que já comi, só que para minha surpresa os ingredientes básicos, elementares tinham qualidade altíssima.

Coisas como carne, ovos, laticínios, leite, café...e tudo muito barato.  



Restaurantes com estrelas Michelin também custam uma pechincha. O nível da comida massacra vários restaurantes badalados no mundo...e os vinhos são um sonho (daqueles bons).  

Eu recomendo o Sausify, mas há muitos outros do mesmo nível.  

Uma “vinícola-haras’’ que gostei foi a Cavalli Estate.

 


Criada para satisfazer o ego de um Eike Batista, da África do Sul, que deu certo.

O lugar entrega uma vista maravilhosa, uma comida de altíssimo nível.  

Para os guerreiros que querem diminuir a glicemia após a esbórnia, há muitos passeios por parques por toda a região. 

Uma ida até o Cabo da Esperança vale seu tempo. 



Não se anime nos selfies....até o Vasco Da Gama  já passou por lá há mais de 500 anos.  

Para mim um sinal de civilização mais avançada é o fato do povo tomar espumante na praia.




 Cerveja, “queijo” de “coalho” e chup-chup chup roxo são coisas do bananal e outros lugares ainda mais subdesenvolvidos.

 Cape Town tem espumante na praia.  


Ao recomendar Cape Town me vem à mente como a nossa Ilha do Bananal oferece pouco, por muito caro. 


A Partir de:
R$ 725,00


Não temos segurança, os vinhos são pavorosos, caros, cansados, a comida ora um blefe, ora caríssima, os hotéis caros para dedeu. 

Me passam sempre a mão na bunda e nunca como alguém.  


No auge da era dos egos frágeis e do mau gosto, vários amigos ainda se sujeitam a várias horas no consulado americano para pagar uma fortuna por vistos e ainda pegar fila na Disney.




De prêmio, o infeliz ainda leva sogra e crianças.  

Perca as esperanças, você já nasceu errado.

 Ou no lugar errado. 

 Bonzo

quinta-feira, 29 de maio de 2025

TURISMO NA EUROPA? BOA SORTE.....

 


Os números do turismo europeu, de 2024, são estonteantes.

A Espanha foi “invadida” por mais de 320 milhões de turistas estrangeiros, a Itália por mais 250 milhões, a França por 138 milhões e, pasmem, o pequeno Portugal, por 88 milhões.

Se adicionarmos o turismo interno os números alcançam a estratosfera: Espanha 501 milhões, Itália 458 milhões, França 450 milhões.

Se compararmos o recorde dos 6,6 milhões de turistas, que em 2024 visitaram o Brasil, percebemos quão ridículo é o ufanismo oficial que comemora o número como mais uma grande conquista.


O ufanismo é sempre direcionado aos mesmos parvos que acreditam viver em um paraíso terrestre onde se bebe os melhores espumantes, os vinhos ganham prêmios em todos os concursos do planeta, se produzem os melhores queijos, tem o melhor futebol, o povo mais alegre do mundo e somos os maiores nisso, naquilo etc





A realidade é outra, assim, “6,6 milhões de turistas” é mais das muitas piadas sem graça que já conhecemos e não fazem mais sorrir.  



Voltemos aos incríveis números do turismo europeu.

Se nossos números são ridículos os do continente europeu não podem ser vistos nem admirados como se fossem um mar de rosas e prosperidades.

 Na última década assistimos, impotentes, ao crescente fenômeno do “turismo-masoquismo”.

O turismo trouxe, sim, riqueza para alguns, mas os problemas, provenientes e gerados pelo hiper-turismo, são muito maiores e já começam a causar até revolta nos moradores de inúmeras cidades europeias.

Exemplo: A prefeitura de Portofino instituiu multa de até 275 Euros para os turistas que pararem por muito tempo à procura de um ângulo perfeito para o “selfie”.



As paradas longas dificultam e impedem a circulação dos visitantes nas três estreitas ruelas, na única pracinha e cais da aldeia.

Portofino, aldeia de pouco mais de 350 habitantes, durante o inverno parece um cemitério, mas na primavera, verão e outono é invadida, diariamente, por uma horda de turistas (12/20 mil, média diária) que mal consegue se locomover em suas três minúsculas ruelas e na única pracinha.

Portofino é apenas uma entre centenas de localidades onde o turismo “escorraçou” os habitantes e se transformou em um grande “Airbnb”

Em Portofino já não é possível comprar um quilo de carne ou de peixe, café, caderno, toalha de banho, detergente, desentupidor de pia, parafusos etc.

O pequeno comércio local desapareceu totalmente, cedeu seu espaço a bares, restaurantes, lojas de caríssimos e falsos souvenires (todos Made in China), boutiques de “griffe” famosas e até uma igreja exilou Jesus e hoje vende roupas de etiquetas famosas.





Portofino é apenas um pequeno exemplo do que aconteceu nos centros históricos de Roma, Firenze, Barcelona, Paris, Veneza, Madrid, Londres etc.

 Os centros das cidades se transformaram em enormes redutos de B&B e Airbnb onde milhares de apartamentos são “abandonados” pelos proprietários que, visando aumentar suas rendas, os alugam por breves períodos e preços salgadíssimos.

 Os turistas substituíram os moradores e sem moradores o comércio local vai aos poucos, mas inexoravelmente, definhando.



Resultado 1: Nos centros históricos das cidades há inúmeras lojas de portas fechadas ostentando o cartaz de “aluga-se”.

Resultado 2: Todas as cidades eminentemente turísticas se tornaram iguais, previsíveis, enfadonhas.

O turismo trouxe a riqueza, bonança, bem-estar?

Para alguns poucos donos de imóveis, sim, mas para a maioria dos moradores sobram apenas migalhas e custos sempre mais elevados.

Exemplo: estacionar um carro em Paraggi, distante 2 km de Portofino, custa 8 Euro/hora (R$ 52).



Se para os moradores de renomados centros turísticos a vida se transformou em um purgatório, os turistas não encontraram o Éden.

Já nos aeroportos os turistas-masoquistas são severamente torturados.

Longas esperas em intermináveis filas nos embarques, atrasos ou cancelamento de voos, aviões sujos, poltronas sempre menores, serviço de bordo inexistente ou ridículo, mas nada se compara aos “torturantes” controles de imigração.



 Exemplo: no aeroporto de Lisboa, onde os brasileiros, depois de longas horas de voo e empalados nas poltronas “Tap-Masoch” são tratados como gado pela imigração portuguesa.

Quando o turista, depois de horas, consegue passar pelo “suplicio-imigração”, acredita que o pior já passou, que nada poderá ser pior do que sua passagem pelo aeroporto de Lisboa, corre saltitante e alegre para visitar museus, igreja, monumentos históricos etc. das grandes capitais do turismo europeu.



Em poucos dias, depois de visitar, ou pelo menos tentar, os monumentos, museus, igrejas, pontos turísticos de Paris, Barcelona, Madrid, Roma, Veneza, Florença, Londres etc., chegará à conclusão que aeroporto Salgado Filho não era tão ruim assim....

Mais uma coisinha: Com Euro beirando os R$ 6,6 o brasileiro normal, comum, classe média, deve absolutamente evitar as ruas, Condotti (Roma), Monte Napoleone (Milão), Champs-Elysées (Paris) …. Vai se sentir um borra-bosta.



O Brasil, com seu imenso território, sua natureza exuberante, suas belíssimas praias e outras incontáveis e encantáveis atrações, poderia ser uma válida e interessante opção turística, mas, para não correr maiores riscos, oturista deveria con$eguir um salvo-conduto, emitido pela facção dominante local, para não ser assaltado, perder celular, relógio, aliança, correntinha e , quem sabe, a vida

Mais um “aviso aos navegantes”: Na Itália inúmeros restaurantes e bares estão assaltando os enófilos cobrando preços astronômicos pelos vinhos.

Um estudo, recente, informa que,  na "viagem" do produtor até a taça, o vinho pode aumentar em até 600%.



O verão europeu está chegando.

Boa viagem, então......se puder e tiver sorte.

Bacco

quarta-feira, 21 de maio de 2025

VIVA A CAMPÂNIA 2

 


Se o “Sintonia”, com seus complexos e agradáveis aromas, já havia surpreendido o olfato, na boca a surpresa foi ainda maior.

Nada de sabores adicionados artificialmente, nenhuma concessão para agradar os paladares dos eno-parvos e, ainda bem, nenhum resquício adocicado e enjoativo proveniente de enológicas manipulações na adega.



O “Sintonia” exprime todas as qualidades das duas grandes castas campanas.

O “Sintonia” se apropria das notas minerais, da grande estrutura e longa persistência do Greco e agrega, também, o frescor e fineza do Fiano.

O resultado é um belíssimo vinho de muita classe, grande equilíbrio que convida a …. “Luigi, mais uma taça, por favor”.



Naquele o dia o garçom do “Gran Caffè Defilla” parecia muito determinado e..... “Nada disso! Experimente esse outro vinho, da mesma região, mas Greco em pureza”.

Sem esperar resposta Luigi me entregou a taça enquanto mostrava a garrafa: “Calpazio IGT Paestum Greco”



Para os que não conhecem Paestum, informo que a cidade, de pouco mais de 20.000 habitantes, se encontra na província de Salerno, foi fundada pelos gregos no século VII antes de Cristo e conserva alguns dos mais interessantes e bem conservados templos dóricos da Itália.



Mas o que nos interessa, no momento, é a taça do surpreendente “Calpazio” que Luigi me ofereceu.



Saboreando, com calma e interesse, o ótimo vinho de Paestum, um velado sorriso apareceu em meus lábios e um pensamento invadiu minha mente.... “Bacco, você beira o ridículo quando alardeia conhecer os vinhos da Campânia. A Campânia possui 450 empresas engarrafadoras, pouco mais de 20.000 produtores, as vinhas de seu território representam apenas 4% da área dos vinhedos italianos e você, apesar dos “modestos” números vinícolas campanos, até o presente momento não sabia da existência do “Calpazio”.



Com uma boa dose de auto complacência afastei a severa autocrítica e continuei a saborear o ótimo Greco Calpazio de Paestum.

A vinícola San Salvatore acertou em cheio em produzir o “Calpazio” um importante e valido caminho a ser percorrido pelos enófilos interessados em conhecer os bons vinhos do território.

Cor amarela com reflexos esverdeados, aromas tipicamente mediterrâneos.

Na boca se apresenta elegante, aveludado e com surpreendentemente longo final.



Grande vinho que, apesar dos 15/18 Euros necessário para levá-lo para casa, recomendo com entusiasmo.

O entusiasmo é ainda maior ao indicar o ótimo “Sintonia” que entrega toda sua classe por módicos 10/13 Euros.



A temporada turística se aproxima e os afortunados viajantes, ao visitarem a Campânia, não devem deixar escapar os ótimos “Sintonia” e “Calpazio”

Bacco

 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

CANSEI DE "PIAUIMONTE".....VIVA A CAMPÂNIA

 


Cansei de comentar as imbecilidades e picaretagem que brotam, com incrível velocidade e enorme quantidade, no panorama vinícola terceiro-mundista do Brasil.

Não há limite para a ignorância, cara de pau e picaretagem dos Leandro Balela, E$corchado$, Marianne Piauimonte, Thomas Baby Sampaio etc., da vida (fácil?).



Vamos, então, falar de coisas sérias, belas e boas.

A Campânia, região localizada no sul da Itália, sempre foi muito competente em vender seu belíssimo território, sua cultura, gastronomia e canções.



Napoli e o Vesúvio, Pompeia e suas ruinas, as maravilhosas Ischia, Procida, Capri, a “Costiera Amalfitana” (Amalfi, Ravello, Positano, Maiori, Minori etc.) são endereços turísticos de fama mundial.



“O Sole Mio, “Torna a Surriento”, “Luna Rossa”, “Reginella” e muitas outras, são canções que o mundo cantou e continua cantando.

A Campânia foi feliz e competente, também, em “vender” sua gastronomia.

Qual o prato mais presente em todos cantos do planeta?



Se você respondeu, pizza, acertou em cheio, pois até na esquálida São Miguel do Tapuio, lá no Maranhão (vergonha da nação?), há várias pizzarias.

Mas os vinhos da Campânia, quem conhece?

Se a pergunta for dirigida (sem a possibilidade consultar o Google) à nova safra dos numerosos “eno-analfas” que invadem as redes sociais, o silêncio será sepulcral.



Será que o Leandro Balela Baena já bebeu “Piedirosso”?

Será que a Marianne Piauimonte já provou um “Asprinio di Aversa”?



Será que Thomas-Baby-do-Vinho-Sampaio já tomou uma mamadeira de “Coda di Volpe”?

Será que o pessoal da “E$culachado$” já descolou uma grana de um produtor de “Lacryma Cristi”?



Pois bem, os vinhos, acima citados, são uma pequena amostra do rico patrimônio enológico da Campânia.

Todos os vinhos que mencionei e muitíssimos outros, fazem parte do meu repertório vinícola e não preciso do Google para comentá-los

De todos os vinhos da Campânia o mais famoso é o grande Taurasi.



 Taurasi, assim como Barolo, Montalcino, Barbaresco, Gattinara etc., é uma aldeia, da província de Avellino, que empresta o nome ao vinho produzido com Aglianico.

O Taurasi, apesar de sua excelente qualidade, nunca conseguiu alcançar a fama nem os preços (ainda bem) das badaladas denominações do norte e centro da Itália.

Resumindo: A Campânia sabe “vender” turismo, canções, gastronomia, mas não seus vinhos.

Apesar de não ser fácil tarefa, quando encontro, nos “wine-bar” algum vinho da Campânia sempre bebo uma taça.

“Quer provar um Greco e Fiano que acabei de abrir?



Luigi, barman do “Gran Caffè Defilla”, um dos melhores endereços para se beber, na Ligúria, com sua pergunta despertou imediatamente meu interesse.

Anui e sem demora Luigi serviu uma taça de “Sintonia”.

Já no nariz o vinho apresentou uma complexidade intrigante: Os aromas, elegantes e marcantes, exaltavam o grande “terroir” das duas milenares castas.

Uma informação: pela enésima vez e certamente não a última, informo aos “eno-influencers-analfas” (Marianne Piauimonte inclusa) que “terroir” não significa apenas terreno.

Terroir é uma palavra, de origem francesa, que vai muito, mas muito além, de um simples “terreno”.



Terroir engloba, entre outras coisas, solo, subsolo, clima, microclima, história, tradição, cultura e práticas enológicas.

Espero que os eno-analfas (Marianne Piauimonte inclusa), que infestam e emporcalham o panorama vinícola brasileiro, após lerem a informação, parem de enaltecer o “TERROIR” gaúcho, paulista, catarinense, goiano, mineiro, baiano e quiçá, amazonense.



Onde havia, até semana passada, braquiária, gado, mato, cerrado, cupins, capivaras, calangos etc., há TERROR e não TERROIR.

Quando menciono o terroir, do Greco di Tufo e do Fiano d’Avellino, o faço lembrando que as duas castas são cultivadas, na região, há mais de 2.000 anos e tiveram tempo mais que suficiente para se adaptarem, perfeitamente, ao solo, clima, microclima, práticas enológicas e às profundas raízes da história, tradição e cultura vinícola local.



......E o “Sintonia”?

Continuará na próxima matéria ao lado de um primo de Paestum.

Bacco