Chamar de “moda” o espumante soa ridículo.
O espumante é o rei dos vinhos e há séculos percorre a via do
sucesso atendendo pelo nome: “Champagne”.
O Champagne não precisa de apresentação, não conhece crise e
reina absoluto, tranquilo, sobre todos os concorrentes.
O Champagne só tremeu quando meia dúzia de picaretas gaúchos
resolveram autodeclarar os espumantes da Serra Gaúcha “segundos melhores do
mundo”.
Os vignerons franceses voltaram a dormir tranquilos quando
perceberam que o mundo, ao qual os gaúchos se referiam, era o mundo da lua.
Não estão tão tranquilos, os franceses, ao analisarem os números
atuais da produção de espumantes que é aponta a Itália
em 1º lugar com 695 milhões, 2º Alemanha 540 milhões, 3º França 470 milhões, 4º
Rússia 270 milhões, 5º Espanha 250 milhões de garrafas produzidas em 2018.
O sono, normal, retorna quando outros dados apontam que a
Champagne, com apenas 34.300 hectares, que correspondem à 0,4% do total da área
do vinhedo mundial, representa, em valores, 40% do bolo do faturamento mundial dos espumantes.
Exemplo: Enquanto
a Itália exporta seus espumantes, em média, por 2,8 Euros, a França não
entregas suas garrafas por menos de 12, 6 Euros.
A Itália ganha no volume, a França na qualidade e valor.
Onde está, então, a moda?
Há um estudo que aponta para um crescimento no consumo de espumantes,
para os próximos três anos, de nada menos do que 13- 15 %.
Exatamente a informação
que os picaretas de sempre precisavam para inundar o mercado com um tsunami de
“tremendas bostas”.
Vamos aos fatos.
O maior fenômeno comercial, do mundo das “bolhas”, é o
Prosecco.
O espumante saiu das colinas de Asolo, Conegliano e Valdobbiadene,
chegou às planícies da província de Treviso, continuou sua caminhada até o
Friuli de não dá sinais de cansaço (quem quiser acompanhar a insana caminhada
do Prosecco consulte um mapa).
A área plantada do Prosecco, que aumentou 65% de 2010 a 2015,
não para de crescer e já foram autorizados mais 3.000 hectares de vinhedos que
se somarão aos atuais 23.250.
A produção do Prosecco, em 2019, alcançou o impressionante número
de 600 milhões de garrafas.
Resultado: o Prosecco que nunca foi um grande vinho é hoje uma
“tremenda bosta”, mas uma tremenda bosta que aguçou o interesse de centenas e
centenas de vinícolas.
O sucesso impressionante do Prosecco rapidamente se espalhou,
contagiou milhares de vinícolas e o espumante virou moda na Itália.
Resultado: Do Piemonte
à Úmbria, do Veneto à Toscana, da Ligúria à Sicília, do Friuli à Calábria, em
todas as regiões, enfim, é difícil encontrar vinícolas que não proponham, em
sua gama de produtos, pelo menos um espumante.
Nebbiolo, Passerina, Asprino, Nerello Mascalese, Falanghina,
Pecorino, Cortese, Barbera, Verdicchio, Ribolla Gialla, Bianchetta Genovese,
Trebbiano......É difícil encontrar uma uva que não seja “espumantizada”,
mais difícil, ainda, encontrar algo que não “fa cagare”.
Semana passada um amigo sommelier e proprietário de um wine bar,
me “obrigou” a provar um espumante elaborado com Ribolla Gialla.
Pavoroso!
Até os espumantes da Valduga, creia, são melhores.
A sanha, das “bolhas-assassinas”, parece impossível de ser
contida e já existem vinícolas especializadas em produzir para terceiros, qualquer
tipo de espumante, com qualquer uva, por qualquer preço…basta encomendar.
Mais uma vez a “moda” nivela por baixo.
Se você acredita que a maioria dos enófilos sabe beber e tem
bom gosto, pense nos 600 milhões de enoloides que consomem e adoram Prosecco......aposto
que perdoará os fãs do Pablo Vittar.
Bacco
E o que você acha da "moda" dos espumantes brasileiros "sur lie" (a casa Valduga tem um em seu portfólio). Nunca experimentei. Certa vez, em uma degustação numa importadora, questionei o filho do dono de uma badalada Vinícola em Pinto Bandeira, sobre o modismo dos espumantes feitos sem o dégorgement; Sem cerimonias, o empresário confidenciou que esse tipo de produto causa dor de barriga, justamente por ser bebido junto com as borras. Suspeitei do que acabara de ouvir, visto que até aquele ano (entre 2016 e 2017) a Vinícola em questão não fabricava nenhum rótulo dessa estirpe. Dois anos se passaram e o resultado: cederam ao modi$mo e já ostentam em sua loja virtual uma ampola sur lie que foi laureada com 93 pontos pelo Guia Descorchados 2019...
ResponderExcluirComo mencionei acima, nunca experimentei nenhum espumante nesse estilo, por falta de interesse mesmo...e um pouco de desconfiança. Mas você acha que é bom? Acha que agrega complexidade e cremosidade à bebida? Há algum Champagne, Cava ou qualquer outro produto do velho mundo sendo fabricado como "sur lie" que você indica? Modismo ou picaretagem?
Desculpe ,mas você não foi muito claro. Todo Champagne, obrigatoriamente, passa por um periódo de maturação sur lies de, no mínimo, 12 meses, para os não safrados e 36 meses para os safrados. Essa normativa é quase sempre deixada de lado e os vinhos não safrados permanecem "sur lies", em média, 2/3 anos e os safrados 4/10 anos. Quer beber um grande Champagne? Vá de "Le Mont Benoit" de Emmanuel Brochet
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ExcluirObrigado pela indicação do Champagne.
Quero saber se há algum Champagne ou Cava, após maturação sur lie (independente do tempo em que fica em contato com as borras) chega ao mercado sem ter realizado o dégorgement, assim como os espumantes que estão sendo feitos aqui no Brasil, que são feitos para serem bebidos com as borras; ou seja, o cliente compra a garrafa e realiza o "dégorgement" quando bem entender. Veja: http://www.casavalduga.com.br/produtos/sur-lie/
https://www.viavinum.com.br/cave-amadeu-rustico-nature
Na ocasião da degustação que participei, o empresário informou que esse tipo de espumante comercializado como sur lie (sem ter feito a degola) causa dor de barriga. Não sei se ele falou isso por ter ficado com dor de cotovelo, pois como disse, até aquele momento, sua vinícola não tinha nenhum produto sendo feito naquele formato, apenas os concorrentes...
Sei lá, mas meu medo é que essa moda pegue por aqui, e já antevejo nossas grandes vinícolas (Salton, Aurora e Miolo) inundando as prateleiras dos supermercados com espumantes desse tipo (cheios de borra), para mascarar o péssimo vinho base e a irregularidade do vinho (que já são cheios de sacarose) com a desculpa de que as borras (sem ter feito a degola) agrega complexidade e notas de panificação (de forma exacerbada, escondendo a fruta e os defeitos do vinho).
Sinceramente nunca bebi um Champagne sem degorgement e não sei informar da sua existência ou não. Eu confio muito mais no bom senso e técnica dos vignerons da Champagne do que a minha para decidir quando o espumante está pronto para beber. Tudo o que vem dos industriais do sul cheira picaretagem e oportunismo barato (lembra quando a Miolo-Mole polui o Mar do Norte mergulhando seus espumantes?) Mais uma coisa: Cava não tem nada a ver com Champagne
ExcluirSim, lembro da presepada que a Miolo aprontou. Mencionei o Cava para saber se há algum exemplar sem degorgement, apesar de ser diferente de Champagne, Franciacorta, etc. Na dúvida, melhor ficar com o bom senso e técnica dos vignerons da Champagne, como você bem pontuou...
ExcluirAinda sobre "moda", acho uma tremenda bobagem esses espumantes do tipo "Ice", para serem bebidos com gelo. Pior ainda é saber que essa onda veio da Moët & Chandon, depois que viu um ator enotonto e ditador de "tendências", durante as festas, colar cubos de gelo na taça de Champagne...
ResponderExcluirPalhaçada típica dos enoloides
ResponderExcluirPois é!
ExcluirAgora querem emplacar por aqui a "moda" dos Vinhos em lata...
Não cheguei a beber espumantes desse tipo, também não sei se são bons. Devido serem comercializados com as borras, são espumantes turvos. Descrição do Guia Adega:
ResponderExcluirPizzato Vertigo
"Espumante brut nature virgem - comercializado sem o processo de "degorgement" -elaborado pelo método tradicional a partir de Chardonnay e Pinot Noir da safra de 2013. Não se importe com a turbidez, não é defeito, não. Foque-se nos aromas vibrantes de caju, isso mesmo, envoltos por notas florais, minerais e herbáceas. Dê mais atenção a boca, afinal de contas, vinho é feito para se beber. Vibrante, tenso, selvagem, cheio de frescor, textura, cremosidade e deliciosa acidez. Ótimo e surpreendente, mostra novas possibilidades para o espumante brasileiro e, acima de tudo, merece ser provado" 15/05/2015
Eu, particularmente, não gosto de vinho turvo. Já bebi alguns desses espumantes sem degorgement. Não me agradaram. Os produtores e vendedores ainda vem com aquela conversa de que você pode beber de duas maneiras: Ou esperando decantar as leveduras, ou misturando, o que dará ainda mais complexidade. Fica muito feio na taça e eu gosto mesmo é de espumante brilhante, bonito. O paladar também não é lá essas coisas. Quanto aos "Ice", sozinho ou da maneira como o consomem, achei bem ruins.
ExcluirSds
Concordo e assino embaixo
ExcluirSe a Pizzato me pagar, o tanto que pagou para o jornali$ta do "Guia da Adega, pode até ser que prove, mas não tenho nenhum interesse em servir de cobáia para os picaretas gaúchos
ResponderExcluirChampagne dos melhores, por um super preco (2/3 do Billecart salmon): Marc Hébrart rose. Canhao dos melhores. Otima supresa. Matou don perignon 2008 lado a lado.
ResponderExcluirSobre espumantes, o que acha do Franciacorta do Castello Bonomi? Vale experimentar? Encontrei um a bom preço e estou querendo arriscar.
ResponderExcluirNunca provei , mas dependendo do preço , arriscaria.
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