No mundo do vinho, falsificações, escândalos, picaretagens,
pragas, crises, etc., não são raras e seria quase impossível recordar todas.
A praga mais importante, danosa e que causou a maior crise nas
parreiras europeias foi, sem dúvida, a filoxera.
A filoxera, em meados do século XIX, atingiu quase a
totalidade dos vinhedos do velho mundo e levou ao desespero e falência
muitíssimos viticultores.
Depois da filoxera os maiores problemas foram os escândalos e
falsificações.
Seria necessário escrever várias páginas para enumerar e
lembrar todos os trambiques, mas para refrescar a memória bastaria recordar o
do etanol, no Piemonte, em 1986, o do Brunello de Montalcino em 2014, os caríssimos
franceses falsificados, em meados dos anos 2000, por Rudy Kurniawan.
Há no horizonte, todavia, uma crise silenciosa, mas muito mais
séria, perigosa, que se aproxima lenta, mas inexoravelmente: Bebe-se sempre
menos vinho, no mundo, especialmente os tintos.
Culpados?
Muitos....
A caminhada foi longa, os erros foram vários, os culpados inúmeros e a crise, por incrível que possa parecer, começou quando os consumidores pararam de beber vinho e começar a beber etiquetas.
O “nascimento” dos críticos e revistas especializadas,
endeusamento dos enólogos e sommeliers, a demasiada glamourização do vinho e a
sede por lucros exagerados, foram os maiores responsáveis pela insana e irreal disparada
dos preços (há garrafas que custam tanto quanto ou mais do que um carro)
O vinho virou moda e moda custa muito, então ....
Então, especialmente os jovens, estão migrando para os coquetéis,
cerveja (já notaram quantas marcas artesanais, da “loira”, há na Europa?)
vinhos com baixíssimo teor alcoólico ou, pasmem, com zero álcool.
É o funeral dos “Robert Parker
Boys”, dos pontos, estrelas, taças e outros símbolos ridículos.
Haverá, então, um retorno ao bom senso, normalidade, preços mais
“humanos”?
Nem pensar....
Haverá sempre, milionários, jogadores de futebol, políticos, novos ricos, bebedores de etiquetas, enoloides, prontos a comprar e exibir, como troféus, suas garrafas de “griffe”
Já escrevi tantas vezes sobre o assunto que poderia facilmente
entrar no caminho da repetição, mas esta semana li uma notícia que me deixou
paralisado, de queixo caído e motivou a presente matéria: “O Vinho
Mais Caro da Itália”.
O vinho mais caro da Itália, meus caros amigos, não é um Barolo Spers do
Gaja, Brunello do Biondi Santi, Barolo Monfortino
do Conterno, Masseto do Frescobaldi, Amarone do Quintarelli etc., mas
o “Barbaresco Crichet Pajè” da Roagna.
O Barbaresco da Roagna custa, módicos, 1.053 Euros (imaginem o
preço no Brasil.....)
Alguém conhece ou já bebeu os vinhos da nova “estrela” dos
enoloides-abonados-abobados, “Roagna Azienda Agricola
i Paglieri”?
Não?
Eu, já e muito, assim posso afirmar, com segurança, que 53
Euros seriam mais que suficientes para comprar um Barbaresco igual ou melhor,
até, do que a o “Pajè” dos Roagna.
Continua
Bacco
Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, Ronnie Von está pistola com a Enel SP porque está sem luz na sua adega com mais de 2.000 rótulos, imagine se vem uma onda de calor? Tadinho do Ronnie.
ResponderExcluir"experimentei certa vez um de safra 1945, o "Vin de La Victoire", o vinho da vitória, lançado quando os Aliados ganharam a Segunda Guerra Mundial. Acredito que hoje um desses está custando US$ 250 mil". Von, Ronnie.
250mil doletas??? E o Bacco humildemente comparando vinho a preço de carro. O vinho do Ronnie Von a cada gole é um carro. A garrafa compra uma frota inteira!
Excluirhttps://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/06/30/ronnie-von-conta-experiencia-com-vinho-de-us-250-mil-foi-so-um-golinho.htm
Consumo crescendo por aqui.... https://noticias.r7.com/santa-catarina/nd-mais/o-crescimento-dos-vinhos-meio-secos-no-brasil-17102024/
ResponderExcluirCrescimemto no consumo dos "quase vinhos"
ResponderExcluirSim, dos quase meio vinhos. Ou seria dos meio quase vinhos?
ExcluirPode escolher... O final é sempre uma tremenda-bosta
ExcluirHahaha o homem está com tudo. Ronnie Von um dia merece ganhar um post.
ResponderExcluirQuestionado sobre o preço limite que pagaria em uma garrafa, Ronnie disse que, acima de US$ 100 já é caro para ele. “Existem vinhos de US$ 20 mil, US$ 14 mil. Um amigo me deu de presente e eu nem abro de medo. Prefiro comprar um carro! Embora tenha muitos vinhos em casa, essas coisas me dão um pouco de susto”.
Sem citar marcas, o apresentador ainda elogiou alguns tipos de vinhos fabricados na América Latina, como o argentino, uruguaio e chileno. Além disso, não poupou elogios ao espumante brasileiro. “Não é porque sou brasileiro, mas o melhor que já tomei é daqui”.
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/culinaria/vinho-barato-pode-ser-bom-mas-nao-excepcional-diz-ronnie-von,3a3b7a5925018310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
Contribuindo com material
ExcluirDentre os rótulos queridinhos do cantor estão duas garrafas do lendário Château Petrus, safras de 1993 e 1997, que podem custar cerca de R$ 30 mil. Há também um Cheval Blanc 1996, presente de Gugu Liberato, pouco antes de morrer. Uma garrafa deve estar custando hoje cerca de R$ 4 mil.
Em breve, Ronnie fará 80 anos e vai abrir um de seus xodós: a garrafa do tinto Porto Colheita de 1944, ano e seu nascimento. E o cantor fará o mesmo que faz em todas as ocasiões: vai guardar a rolha como lembrança. Assim como fez com as 6 mil que guarda em sua adega, provenientes de garrafas que bebeu ao longo da vida.
https://extra.globo.com/famosos/noticia/2024/03/amante-de-vinhos-ronnie-von-tem-adega-para-2-mil-garrafas-e-rotulos-que-custam-ate-r-30-mil.ghtml
Kkkkkk nosso guru..
Excluir"Na minha visão, todo vinho acima de 100 dólares é caro. Quem disse isso não fui eu, foi o nosso guru, o (crítico de vinhos) Robert Parker. Você vai tomar o rótulo ou vai tomar o vinho?... "
Veja mais em https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/06/30/ronnie-von-conta-experiencia-com-vinho-de-us-250-mil-foi-so-um-golinho.htm?cmpid=copiaecola
Tentando compreender o resumo da matéria, nunca provei do Roagna, mas imagino que a estratégia de marketing ou a dos marqueteiros deram um mãozinha na estória para sua “grande transformação” de Midas. Produttori del Barbaresco sempre me agradou e muito, apesar de poucas oportunidades, 4 ou 5 vezes
ResponderExcluirE não se preocupe com justificativas do tema, a transformação de Midas é sempre atual, mas.. posso estar enganado, aguardando a continuação do vinho mais caro da Itália
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