Se você não possuir um bom saldo bancário será difícil passear,
por uma semana, nas belíssimas localidades da Ligúria banhadas pelo mar Tirreno
Não há escapatória, então?
Há, mas somente para os turistas inteligentes que fogem das “metas
obrigatórias” e agências de viagens
Darei, no final das matérias, algumas dicas para os que
desejam conhecer a “Riviera di Levante” sem perder a razão a
paciência e.…a grana.
Os brasileiros, apesar do Euro nas estrelas, estão de volta,
alegres, gastadores , barulhentos e os encontro, diariamente, nas minhas caminhadas pelas ruas de Santa
Margherita e Portofino.
Santa Margherita e Portofino, guardadas as devidas proporções,
pouco diferem de Veneza, Roma, Florença etc. e, no começo da primavera, até o
final do verão, são literalmente invadidas por hordas de turista.
Trens, ônibus, barcos, navios etc., todos os dias despejam
milhares de pessoas que praticam um turismo que os italianos apelidaram de “mordi e fuggi”
(morde e foge).
São comitivas que chegam pela manhã, passam o dia percorrendo
os pontos turísticos mais badalados, na hora do almoço, sentados nos bancos dos
jardins e praças, comem pizza e
focaccia, bebem cervejas e refrigerantes (restaurantes são caros....nem pensar)
e no final da tarde retornam aos trens,
ônibus, barcos e navios para continuar suas irracionais e cansativas “viagens-calvários”.
Os quase 9.000 moradores, de Santa Margherita e os 360 de
Portofino, já estão acostumados às invasões e assistem, pacientes e
fleumáticos, turistas suíços, alemães, americanos, franceses, japoneses, árabes,
chineses, brasileiros etc. esbarrarem, uns nos outros, pelas ruelas das duas
localidades.
A invasão turística traz, consigo, a ganância.
Os restaurantes, bares, lojas de roupas, enotecas, gastronomias,
etc. acionam o “modo verão” e praticam preços que fazem tremer até os mais
sólidos e impávidos cartões.
Um café, um croissant e um refrigerante, nos bares de Santa
Margherita, aliviam os bolsos em míseros 10/12 Euros.
Em Portofino?
Quase o dobro.
Maio traz consigo a primavera e não somente a primavera...
Há alguns anos surgiu, nas duas localidades, um novo
sofisticado turismo: O “turismo-casamento”.
Casar, em Santa Margherita ou Portofino, virou “fashion” e as
duas aldeias faturam somas importantes ao esfolar incontáveis casais que não
medem esforço e Euros, para jurar votos de fidelidade e amor eternos (será?) em
suas igrejas e castelos.
Caso você resolva se casar, na exclusiva “Abazzia della Cervara” (século XIV), ou na “Villa Durazzo” (século XVII) de Santa Margherita, saiba que apenas a singela e rápida cerimônia civil aliviará sua carteira em 3.500 Euros.
Caso queira , além do casamento civil, um padre abençoando a
união, prepare 5.000 Euros
Se optar por festejar o evento, com almoço, bebida, doces etc.,
reserve mais 200/300 Euro/pessoa .
Caso você resolva jurar amor eterno no “Castello Brown”, de Portofino,
precisa saber que os preços pouco diferem....é paulada na certa.
Se você já é casado e quer apenas gozar a vida nas belas ,
fascinantes e exclusivas Santa Margherita e Portofino, vamos em frente: Uma
taça de um comuníssimo Champagne “Veuve Clicquot” , no “Caffè del Porto”, de Santa Margherita,
custa míseros 18 Euros.
No “Sabot”,
“Master” e “Miami”, bares da orla e da moda, da mesma Santa, para beber uma taça, de um deplorável
Prosecco, são necessários 7/8 Euros.
Se seu paladar recusar
as intragáveis bolhas do Prosecco e optar por um bom espumante “Franciacorta”, “Trento DOC”, “Alta Langa”
etc. apronte 10/15 Euros.
Quer almoçar em um restaurante na famosa pracinha de
Portofino?
Acorde, vagarosamente, seu cartão para não aumentar o estresse
que o acometerá ao ser informado que você e sua acompanhante queimaram 150 Euros para
comer 2 triviais “Spaghetti
alle Vongole”, 2 banais filés de peixes à lígure e beber uma garrafa
de um pavoroso “Vermentino dei Colli di
Luni”.
Se o casal for membro, da sempre mais numerosa espécie, “Deslumbrados do Instagram”, resolver
subir a escadaria, realizar alguns “selfies”, no atual e estrelado “Cracco Portofino”, precisará administrar
uma boa dose de Isordil para o cartão.....
Um almoço, ou jantar, no restaurante de Carlo Cracco, em
Portofino, aliviará os pombinhos em, pelo menos, 500
Euros.
Carlo Cracco, chef estrelado, infelizmente não estará presente,
nem no salão e muito menos na cozinha, preparando “Spaghetti alle Vongole” de 46 Euros (R$ 250).
Cracco, como a maior
parte dos renomados e estrelados chefs, naquele exato momento, estará participando,
como juiz, de um dos previsíveis e dispensáveis programas televisivos onde cozinheiros, de 3ª categoria, se enfrentam em
um dos centenas de “Master-Chef-Horrores”
espalhados pelo planeta.
Em suma…o melhor momento de Portofino é quando você parte de
Portofino......
Não há escapatória?
Não!
Portofino e Santa Margherita?
Fuja.....deixe-as só para mim
Bacco
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