A revista “ADEGA”, talvez, sondando e preparando
o terreno para alguma importadora interessada em trazer e nos impingir mais um
produto marqueteiro e caríssimo, escreve, ou melhor, transcreve a matéria
abaixo.
O produtor italiano Pierluigi Lugano (65)
ficou conhecido por armazenar seus vinhos debaixo d’água quando seu espaço na
superfície se esgotou. O vinho armazenado é o Abissi, que em italiano significa
“profundezas” ou “abismo”, e é produzido a partir das variedades italianas
Vermentino e Bianchetta. As garrafas são colocadas em “gaiolas”, e ficam
dentro de garrafas maiores. A partir daí, são afundadas até o leito do mar,
numa profundidade de 200 pés, na Riviera Italiana.
De acordo com o produtor, armazenar
vinhos e espumantes abaixo da superfície pode ser até melhor que em uma adega
subterrânea. “A temperatura é perfeita, não há luminosidade, a água previne que
entre até a menor quantidade de ar, e a pressão constante mantém as bolhas em
movimento, o que é ótimo para o vinho”. Além disso, o método é seguro e
prático, as garrafas são colocadas em gaiolas de aço inoxidável, são
completamente vedadas e afundadas na costa oeste de Liguria, no litoral
Italiano.
A primeira leva foi colocada em 2009,
quando passou por um período de testes, e o projeto tem sido levado adiante até
hoje. O vinho de Lugano, o qual especialistas afirmaram possuir “um toque de
maçã assada e ser um pouco temperado”, é guardado debaixo do mar
É impressionante como os
leitores de B&B participam ativamente com o blog detectando e informando
todas as eno-picaretagem que surgem em nosso risível e tragicômico mundo do
vinho.
A revista vende uma imagem do
Lugano que não corresponde à verdade e nem por um instante pesquisa o assunto
mais profundamente.
Lugano, que mora em Chiavari,
é proprietário da “fúnebre” (parece a adega da Família Adams) enoteca “Bisson”
e desde a década de 80, quando abandonou a profissão de professor de história
da arte, se dedica à produção de vinhos.
Os vinhos de Lugano, apenas
sofríveis, são vinificados com castas autóctones e provenientes de vinhedos
implantados nas cidades próximas.
Nunca um vinho de Lugano se destacou
a não ser pelo peço que é sempre mais alto do que o dos concorrentes e suas
garrafas jamais ganharam algum destaque.
Lugano, todavia, é inteligente, esperto e
obstinado.
Uma genial jogada, a do espumante “Abissi”, lhe proporcionou uma exposição na mídia
em todos os cantos do mundo.
O nosso personagem não imaginava, nem previa, tanto
sucesso e quando se recuperou da surpresa aproveitou a propaganda gratuita e
faturou como nunca.
A jogada.
Os
vinhos da “Bisson”, que nunca conseguiram impressionar pela qualidade, eram distribuídos,
em sua quase totalidade, apenas no mercado regional e praticamente
desconhecidos nacionalmente.
Uma
coisa Lugano sempre soube fazer: valorizar suas etiquetas.
Os
vinhos da Bisson são sempre mais caros do que o dos concorrentes.
Com o
sucesso comercial do Prosecco, produzir espumante virou mania na Itália.
Tentando repetir o sucesso das bolhas vénetas,
um tsunami de espumante surgiu em todos os cantos da Itália utilizando as mais
diversas uvas.
Lugano,
sempre atento às tendências, resolveu “espumantizar” duas castas locais: Vermentino e Bianchetta.
Os
vinhos produzidos com Vermentino e Bianchetta, não emocionam ninguém e podem
ser encontrados nas prateleiras dos supermercados da Ligúria por 2/6 Euros.
Vinhos para
o dia-dia, vinhos servidos em taças nos bares e trattorie baratas.
Um
espumante de qualidade, produzido com Vermentino e Bianchetta é tão improvável
quanto o Lula admitir, algum dia, que sabia de tudo.
Impossível!
Construir
uma adega, para armazenar e envelhecer espumante, não é tarefa fácil e muito
menos barata, ainda mais na Ligúria onde os espaços são poucos e caros.
Em compensação
há mar de sobra e há Portofino.
A
tentativa não é nova, (os croatas já experimentam o mesmo sistema desde 1990), mas Lugano foi o
primeiro que a utilizou comercialmente.
Garrafas
(6.500) prontas, barcaças
contratadas, mergulhadores preparados, televisão e jornais locais
contatados......Tchibummmm: o “Abissi” foi para o fundo do mar, nas aguas da
belíssima e preservada “San
Fruttuoso”.
San Fruttuoso,
sua abadia e meia dúzia de casas, para quem não sabe, era uma antiga
propriedade dos Doria e hoje pertence ao “Parco di
Portofino”.
Lugano
sabia que mergulhar garraras, no mar de Portofino, lhe renderia bons fruto$,
mas nunca imaginou que a jogada de mestre teria repercussão mundial e que seu “Abissi” seria notícia até
no “New York Times”.
O
resultado é conhecido: extraordinário sucesso de vendas, incontáveis pedidos em
carteira, (como há trouxas no mundo…), fantástica lucratividade.
No ano
seguinte, Lugano, manda para o fundo do mar mais de 13.000 garrafas.
Um
detalhe: O “Parco di Portofino” cobrou pelo “mergulho”, das primeiras 6.500
garrafas, 1 Euros por unidade.
Lugano, com inúmeros pedidos em carteira, no
ano seguinte mandou para o fundo do mar
de San Fruttuoso, mais ou menos, 13.000 unidades.
Quando a administração do “Parco di Portofino”
soube, que Lugano havia mergulhado 13.000 “Abissi”, exigiu a atualização e
compensação financeira correspondente.
Lugano,
cuja maior qualidade não é exatamente a de ser um mão aberta, não quis pagar.
A briga
foi longa, desgastante e finalmente a administração do “Parco de Portofino,
mandou Lugano e seu “Abissi” mergulharem em outras águas.
Hoje o
espumante, de Vermentino e Bianchetta, dorme nos fundais de Sestri Levante e
não mais poderá usar a DOC “Portofino”.
Sestri é
bonita, mas não possui nem 5% da notoriedade e charme de Portofino.
Lugano
perde o apelo de Portofino, o “Abissi” em poucos anos será esquecido, mas não
antes de ter enchido os bolsos do marqueteiro com o dinheiro das trouxas que fizeram
e fazem fila para pagar, por um “Prosecco” lígure (sim, a qualidade do Abissi
pode ser comparada ao do Prosecco) mais do que eu pago por um fantástico
Champagne “Le Mont Benoit” do Emmanuel Brochet.
Enquanto
houver trouxa, haverá vivaldinos: Lugano é um deles (vivaldino).
Bocca
Ola pestes,
ResponderExcluirA propaganda do vinho submerso ja esta espalhada faz um bom tempo e ate hoje me surpreendo com o numero de pessoas experientes no vinho que caem no truque do vinho subaquatico. Ha alguns desses vinhos na terra do Lula empreiteiro mor, mas como de habito os vinhos sao ruins. Ou alguem acha que um vinho fantastico, caro, raro seria afundado no fundo do mar?
Dizem que ha uma importante predadora gaucha que vai afundar os vinhos no litoral gaucho. Tomara que nao aconteca o maior crime ambiental de todos os tempos. Eu nao vou limpar nenhuma gaivota depois.
Grande comentário KKKKKKKK. Gaivotas "esmerdeadas"
ResponderExcluirO pior é que venderá que nem água reconstituida aqui no Brasil. Provavelmente enviarão algumas garrafas para blogueiros "formadores de opinião", para que encham o borbulhante de elogios e tcham, tcham, tcham, tcham!
ResponderExcluirAlguém está acompanhando a ótima série aprendiz de sommelier? Informações importantíssimas, tais como existirem cerca de dois milhões no mundo e da.angustia de não conseguirmos provar nem 1 por cento disto tudo ao longo da nossa vida!
ResponderExcluirE de quantas bocas livres corresponderiam a esses tantos vinhos. O homem ama comer e beber de graça.
ExcluirE dobrará de preço depois de conquistar a medalha de ouro na prova Internacional de Vinhos de Parangolé do Sul.
ResponderExcluirSe colocarem que o vinho acompanha os ritmos biodinâmicos marinhos, ganhará muitos fãs.
ResponderExcluirMas não dá pra negar que a jogada de marketing é genial!
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