Um leitor postou, em comentários, não sei quem e muito menos
quando, que deixei de escrever sobre aldeias italianas, pouco conhecidas e
esquecidas (felizmente) pelo turismo internacional de massa e que realmente
merecem uma visita.
A idade, a preguiça e a falta de inspiração, que sempre mais
frequentemente me assaltam, limitaram, não de raro, minhas viagens em busca de
novos endereços.
Hoje está chovendo, amanhã fará frio, previsão de muito calor,
viajar com neve caindo?
Nem pensar...
Nem pensar...
Desculpas não faltam.
Há dez anos encarava 500 km sem parar uma única vez, nem para
mijar (hoje procuro um banheiro a cada 50 quilômetros...), o cansaço não me
assustava e dirigia por estradas que hoje nem de helicóptero enfrentaria.
Mas, quando acordo do torpor, mando a preguiça à merda e resolvo
botar o pé na estrada, sai da frente.....
Durante conversa fiada, no ótimo restaurante “Il Vecchio Borgo”,
que frequento três ou quatro vezes por semana, em Chiavari, o amigo Salvatore,
que por muitos anos foi representante comercial e que conhece a Itália como
poucos, me recomendou um passeio pela Versilia, mais especificamente em
Pietrasanta.
A Versilia, para quem não sabe, é a costa toscana, que confina
com a Ligúria e abriga as badaladas Viareggio e Forte dei Marmi.
As duas cidades parecem bairros de Moscou: Estão apinhadas de
russos que, com o dinheiro fácil (da corrupção?), compram casas pelo triplo do preço,
invadem as praias, se bronzeiam e bebem caixas e mais caixas de Sassicaia, Ornellaia,
Masseto etc. como se fossem de água mineral.
Os russos são insuportáveis, grosseiros e prepotentes.
As metas: Rever Lucca,
conhecer Pietrasanta e Borgo a Mozzano.
A cidade toscana, para os padrões italianos, é “jovem”; foi
fundada em 1255.
Pietrasanta foi a
primeira cidade toscana planejada que abandonou o urbanismo arredondado, dominante
de então, as estreitas e labirínticas ruelas e adotou um traçado moderno,
“limpo”, que está maravilhosa e integralmente preservado até hoje.
Pietrasanta é um
museu à céu aberto!
Michelangelo
e Vasari, procuravam Pietrasanta para comprar, diretamente nas
pedreiras que a circundam, blocos de mármore, muitos dos quais foram
transformados em obras primas do renascimento.
Caminhando pelas ruas da cidade é possível encontrar a casa onde
Michelangelo, famoso, também, pela
proverbial avareza, negociava à exaustão o preço dos mármores.
Bebericando nos bares da cidade não é difícil encontrar, numa mesa ao lado,
Fernando Botero ou de Igor Mitoraj,
artistas de renome internacional que fizeram de Pietrasanta sua segunda casa
(ambos moram na cidade).
Heny Moore, Arnaldo Pomodoro, Salvador Dalí, Juan Miró, Kan
Hyashuda e dezenas de outros frequentaram (os que não morreram continuam
frequentando) Pietrasanta para realizar suas obras nas
famosos forjas dos artesãos locais, incomparáveis mestres no processamento do
bronze.
Inúmeros artistas doaram belíssimas obras à cidade e que
podem ser admiradas nas praças, ruas, jardins e em todos os cantos de
Pietrasanta.
Mas Pietrasanta é, também, gastronomia.
É inacreditável: Somente no centro histórico de Pietrasanta,
há duas dezenas, ou mais, de bons restaurantes.
Cozinha regional, internacional, tradicional, moderna…. Há
para todos os gostos e bolsos.
Uma dica: A maior parte dos restaurantes abre somente à noite
e é a noite que doa à Pietrasanta ainda mais fascínio.
Não poderia deixar de indicar alguns endereços interessantes e
imperdíveis.
Na praça “Del Duomo” não deixe de conhecer o “Bar Michelangelo” e “Bar Locanda
Pietrasantese”.
Os dois endereços servem vinhos, espumantes e Champagne em
taças generosas (preço salgado) além de bons petiscos.
A Marcucci é um local histórico, onde se come realmente bem e
que possui a segunda melhor enoteca da Toscana (a primeira é a Pinchiorri em
Firenze).
Sensacional!!!!.
Pietrasanta, magia
pura.
Para a turma “outlet-sacola”, uma dica para mitigar a abstinência:
Nas ruas de Pietrasanta não há lojas de grifes famosas, mas nas boutiques sofisticadas
da cidade há peças únicas e de refinado bom gosto que fazem os russos sorrirem
e os italianos chorarem.
Não perca Pietrasanta.
Sensacional! Enquanto ainda existirem lugares como essa adorável localidade, continue nos brindando com seus entusiasmantes relatos. Vou anotando as dicas por aqui para utilizá-las em minha próxima passagem pela Bota.
ResponderExcluirAbraços
Centenas, ou milhares, de lugares como esse nesse fantastico pais. Varios estados que deram origem a algo muito especial. Nao me canso da fabulosa Italia.
ResponderExcluirEm Abruzzo (ao norte) ha algumas localidades bem parecidas tambem. Facam um inquerito.
Estive em Pietra infelizmente por apenas dois dias. Por sorte não vi nenhum russo por lá, mas muitos brasileiros. Em compensação os russos que vi em outros lugares coincidem plenamente com a sua descrição, só acrescentaria que me causou grande desagrado a maneira extremamente grosseira como tratam suas mulheres. A maioria das vezes são lindas, mas sempre com aquela carinha de medo de quem é espancada por qualquer motivo. Pitbull é pouco para o olhar desses russos para suas mulheres.
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